Passada a prova da Fuvest, hoje trago uma redação pronta que foi o tema de 2011 desse vestibular: “O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo”? Confiram:
ÓRBITAS SOLITÁRIAS
Basta entrar em qualquer livraria das grandes capitais para encontrarmos prateleiras preenchidas com Best Sellers que contam histórias vitoriosas dos grandes líderes mundiais. São trajetórias de vida inspiradoras, de homens e mulheres que estabeleceram e sustentaram verdadeiros impérios. No entanto, a grande maioria diz respeito a histórias individuais de pessoas que, sozinhas, conseguiram vencer na vida, tendo que passar por diversas barreiras e obstáculos. É raro presenciarmos trajetórias de grupos vencedores, ou de pessoas que foram ajudadas por outras, por livre e espontânea vontade. O altruísmo e o pensamento à longo prazo perdem cada vez mais espaço no mundo contemporâneo.
Em primeiro lugar, é coerente dizer que um dos traços mais marcantes da sociedade contemporânea é o individualismo. Mais do que uma característica inerente ao ser humano, isso é algo praticamente exigido pela realidade capitalista circundante, na qual o mercado de trabalho competitivo e ferrenho faz com que pensemos muito mais em nossos próprios benefícios, crescimento e status pessoais, do que naquele que está ao nosso lado. Tal fato abrange não só os relacionamentos pessoais mais próximos, como também nosso comportamento frente às maiores calamidades mundiais, o que faz com que olhemos através da tela da televisão desgraças em todo o planeta e continuemos a viver nossas vidas. Longe dos olhos e do coração.
Entretanto, há aqueles que defendem que o altruísmo ainda é algo presente na realidade circundante. Fato é que existem inúmeras ONGS e trabalhos sociais em todo o planeta, bem como projetos para salvar a mata atlântica, curar a AIDS e diminuir a pobreza. Tais defensores podem exemplificar isso ao comentar sobre a ajuda global aos desabrigados no Haiti, e os diversos documentários sobre aquecimento global, alertando a humanidade para o perigo iminente.
No entanto, todas essas medidas são paliativas, uma vez que, como não temos pensamento a longo prazo, deixamos os problemas acontecerem e tomarem proporções absurdas para, só então, tomarmos uma atitude. Tais fatos só evidenciam ainda mais o imediatismo tão comum a todos na atualidade, pois a preocupação só surgiu quando a situação se tornou alarmante.
Dessa forma, podemos perceber que, embora seja radical afirmar que o altruísmo e o pensamento a longo prazo não têm mais lugar no mundo contemporâneo, não se pode negar que eles são características pontuais e, por vezes, raras e escassas. É exigido de cada indivíduo uma demanda pessoal enorme, o que faz com que, muito além de nossa vontade, não tenhamos tempo para pensarmos em mais nada. Somente com abstração e senso de responsabilidade social deixaremos de olhar para o próprio umbigo, e perceberemos que há um mundo inteiro precisando da ajuda de cada um.
Caramba, esse texto ficou muito bom. De início achei a tese e a introdução pouco articuladas, mas daí em diante ficou muito bom
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