TEXTO MOTIVADOR: No mês de setembro de 2009, foi preso em Fortaleza um turista italiano, por ter dado um beijo nos lábios da filha de 8 anos. Esse "caso de polícia" fez com que se discutisse a atitude cultural do "selinho" que, para muitas pessoas, tem forte conotação sexual, principalmente entre pais e filhos. Segundo a esposa brasileira, indignada com a prisão do marido, essa é apenas uma forma inocente que se usa na família deles para demonstrar afeto. De fato, até amigos trocam um "selinho", de vez em quando. A questão é: a moda do selinho é inocente? Ou ele deve ser evitado, pois tem apelo sexual? O que você acha?
TÍTULO: Outros tempos...
Não vejo problema algum com a moda do "selinho". Chega a ser ridículo pensar que um beijo em que os lábios se tocam de leve possui forte conotação sexual. É um beijinho. Só isso. Uma demonstração de afeto inocente da mesma maneira que um abraço, um aperto de mãos. Se fosse algo a mais que isso, pais e filhos não se cumprimentariam dessa forma, como já é de costume em muitas famílias.De fato, não entendo a implicância com o "selinho", ainda que entre parentes. Se duas pessoas não veem problema nenhum em fazer isso e se sentem felizes assim, por que devemos nos importar? Afinal, ninguém está obrigado a cumprimentar os outros dessa maneira e, francamente, não é nenhum atentado ao pudor ver alguém dando um selinho à sua frente.
Mas a questão é outra. O incômodo, na verdade, é com tudo aquilo que é moderno, que rompe com os velhos padrões da sociedade. Condenar o beijinho na boca não passa de uma atitude conservadora. Basta voltarmos um pouco no tempo. Quando que [Quando] pais e filhos se cumprimentariam com um selinho? No máximo, apertavam-se as mãos no momento em que os filhos pediam a "benção" [bênção] antes de dormir.
Realmente, romper com padrões não é uma tarefa fácil. Mas a luta deve continuar. Não se pode se calar, nem de boca fechada. São outros tempos e isso deve ser levado em conta.
Comentário geral
Considerado como a redação de um aluno adolescente, de nível colegial, o texto merece a nota máxima. O autor tem uma opinião sobre o tema proposto e soube apresentá-la com muita clareza. Não se trata de concordar com ele ou não. O que ele acha pode ou não ser válido, mas ele sabe expressar isso em bom português. Os deslizes de linguagem são poucos e pequenos, não chegando a comprometer a redação como um todo.Aspectos pontuais
1) No terceiro parágrafo, não há razão para colocar a palavra bênção entre aspas, pois ela foi usada em seu sentido literal. O que faltava era o acento circunflexo. Além disso, convém lembrar que o ato de "tomar a bênção" compreende um beijo na mão e não, simplesmente, um aperto de mão.2) No último parágrafo, a construção em vermelho ficou ambígua. Seria melhor usar um sujeito determinado, "Não podemos nos calar", ou usar outro modo de indeterminar o sujeito da ação: "É impossível permanecer calado". De resto, a redundância "calado/de boca fechada" é totalmente desnecessária.
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