Leonardo
Boff, Teólogo e escritor. Autor de Opção-Terra. A solução para a Terra não cai
do céu!
Um
teólogo famoso, no seu melhor livro “Introdução ao Cristianismo” ampliou a
conhecida metáfora do fim do mundo formulada pelo dinamarquês Sören
Kierkegaard. Ele reconta assim a história: num circo ambulante, um pouco fora
da vila, instalou-se grave incêndio. O diretor chamou o palhaço que estava
pronto para entrar em cena que fosse até a vila para pedir socorro. Foi
incontinenti. Gritava pela praça central e pelas ruas, conclamando o povo para
que viesse ajudar a apagar o incêndio. Todos achavam graça pois pensavam que
era um truque de propaganda para atrair o público. Quanto mais gritava, mais
riam todos. O palhaço pôs-se a chorar e então todos riam mais ainda. Ocorre que
o fogo se espalhou pelo campo, atingiu a vila e ela e o circo queimaram
totalmente. Esse teólogo era Joseph Ratzinger. Ele hoje é Papa e não produz
mais teologia mas doutrinas oficiais. Sua metáfora, no entanto, se aplica bem à
atual situação da humanidade que tem os olhos voltados para o país de
Kierkegaard e sua capital Copenhague. Os 192 representantes dos povos devem
decidir as formas de controlar o fogo ameaçador. Mas a consciência do risco não
está à altura da ameaça do incêndio generalizado. O calor crescente se faz sentir
e a grande maioria continua indiferente, como nos tempos de Noé que é o
"palhaço" bíblico alertando para o dilúvio iminente. Todos se
divertiam, comiam e bebiam, como se nada pudesse acontecer. E então veio a
catástrofe.
Mas há uma diferença entre Noé e nós. Ele construiu uma arca que salvou a muitos. Nós não estamos dispostos a construir arca nenhuma que salve a nós e a natureza. Isso só é possível se diminuirmos consideravelmente as substâncias que alimentam o aquecimento. Se este ultrapassar dois a três graus Celsius poderá devastar toda a natureza e, eventualmente, eliminar milhões de pessoas. O consenso é difícil e as metas de emissão, insuficientes. Preferimos nos enganar cobrindo o corpo da Mãe Terra com band-aids na ilusão de que estamos tratando de suas feridas.
Mas há uma diferença entre Noé e nós. Ele construiu uma arca que salvou a muitos. Nós não estamos dispostos a construir arca nenhuma que salve a nós e a natureza. Isso só é possível se diminuirmos consideravelmente as substâncias que alimentam o aquecimento. Se este ultrapassar dois a três graus Celsius poderá devastar toda a natureza e, eventualmente, eliminar milhões de pessoas. O consenso é difícil e as metas de emissão, insuficientes. Preferimos nos enganar cobrindo o corpo da Mãe Terra com band-aids na ilusão de que estamos tratando de suas feridas.
Há
um agravante: não há uma governança global para atuar de forma global.
Predominam os Estados-Nações com seus projetos particulares sem pensarem no
todo. Absurdamente dividimos esse todo de forma arbitrária, por continentes,
regiões, culturas e etnias. Sabemos hoje que estas diferenciações não possuem
base nenhuma. A pesquisa científica deixou claro que todos temos uma origem
comum, pois que todos viemos da África. Consequentemente, todos somos
coproprietários da única Casa Comum e somos corresponsáveis pela sua saúde. A
Terra pertence a todos. Nós a pedimos emprestado das gerações futuras e nos foi
entregue em confiança para que cuidássemos dela. Se olharmos o que estamos
fazendo, devemos reconhecer que a estamos traindo. Amamos mais o lucro que a
vida, estamos mais empenhados em salvar o sistema econômico-financeiro que a
humanidade e a Terra.
Aos
humanos, como um todo, se aplicam as palavras de Einstein: "somente há
dois infinitos: o Universo e a estupidez; e não estou seguro do primeiro".
Sim, vivemos numa cultura da estupidez e da insensatez. Não é estúpido e insano
que 500 milhões sejam responsáveis por 50% de todas as emissões de Gases de
Efeito Estufa e que 3,4 bilhões respondam apenas por 7% e sendo as principais
vitimas inocentes? É importante dizer que o aquecimento mais que uma crise
configura uma irreversibilidade. A Terra já se aqueceu. Apenas nos resta
diminuir seus níveis, adaptarmo-nos à nova situação e mitigar seus efeitos
perversos para que não sejam catastróficos. Temos que torcer para que em
Copenhague entre 7 e 18 de Dezembro não prevaleça a estupidez, mas o cuidado
pelo nosso destino comum.
por Leonardo Boff
PROPOSTA: Refletindo sobre
aspectos como os acima sugeridos, redija uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA,
apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de
vista.
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