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sábado, 26 de novembro de 2011

Autores Simbolistas



Autores portuguesesEugênio de Castro (1869/1944)

Motivado pela influência recebida em sua estada na França, Castro, formado em Letras na Universidade de Coimbra, inaugura o Simbolismo português com Oaristo, cuja técnica é baseada na poesia de Paul Verlaine. Massaud Moisés, estudioso da Literatura, assinala que, apesar de fazer uso de prefácios polêmicos e agressivos para inserir os pressupostos da estética simbolista em seus livros, esse artista revela uma tendência inata para o equilíbrio clássico, para a contenção e para o formalismo de tradição. Essa tendência vai substituindo de forma gradativa a postura simbolista.

Características

A produção literária de Eugênio de Castro apresenta versos livres, vocabulário erudito, pessimismo e ambigüidade nos temas trabalhados(blasfêmias-liturgia; ocultismo-catolicismo).

Obras:

Oaristo (1890), Horas (1891), Silva e Interlúdio (1894).

Antônio Nobre (1867/1900)

Em 1892, Nobre, advogado formado em Paris, publica sua obra mais importante: Só, uma coletânea de poemas em que utiliza uma linguagem coloquial, para voltar ao passado, à infância. Sua produção revela uma hipersensibilidade, um forte sentimento de tristeza e de completa inadaptação ao mundo. Suas descrições são preenchidas por ambientes vagos ou nebulosos; por esses motivos, o poeta é chamado de crepuscular, ou seja, um artista voltado para as horas de recolhimento.

Características:

A produção literária de Antônio Nobre apresenta vocabulário simples, temas coloquiais, apego à terra, às raízes populares; descrição de seu exílio parisiense e egocentrismo.

Obras:

Só (1892), Despedidas (1902), Primeiros Versos (1921) e Alicerces (1983).

Camilo Pessanha (1871/1926)

Pessanha, estudioso da civilização chinesa, morreu em Macau. É considerado o maior simbolista português. Alguns de seus poemas foram publicados na revista Centauro em 1916, graças ao interesse e esforço de João de Castro Osório. Mais tarde, em 1920, conseguindo outras composições às quais reuniu as já publicadas, publicou Clepsidra. O nome da obra significa relógio movido a água.

Características:

Suas composições trabalham temas sentimentais, apresentam uma musicalidade marcante e uma postura de resignação diante da adversidade. Esse quadro compõe imagens fugidias, carregadas de pessimismo, e transitoriedade da vida.

Obra:

Clepsidra (1920).


Autores brasileiros

Cruz e Souza

Nasceu em Santa Catarina, no ano de 1861 e faleceu em Minas Gerais, em 1898. Apesar de ser filho de negros escravos, teve uma excelente educação, falava francês, latim e grego. Foi nomeado promotor em Laguna, SC, mas não assumiu seu posto, devido a preconceitos raciais. Em 1886, mudou-se para o Rio de Janeiro, trabalhando como arquivista da Central do Brasil e secretário e ponto de uma companhia dramática. Em 1885, publicou um volume intitulado Tropos e Fantasias, em colaboração com Virgílio Várzea, com quem já tinha dirigido um jornal abolicionista, o Tribuna Popular. Em 1893, lançou Missal e Broquéis.

O poeta teve quatro filhos; destes, morreram dois. Sua mulher enlouqueceu; além disso, a família tinha uma péssima situação econômica. Todos esses acontecimentos afetaram profundamente a vida desse artista, que morreu tuberculoso em 1898.

Características:

Sua produção literária é carregada ora de erotismo e satanismo, ora sde misticismo. As composições apresentam uma visão trágica da vida e busca de transcedência (eu x mundo). O poeta, usando um vocabulário litúrgico e apresentando obsessão pela cor branca, cria analogias e correspondências entre o concreto e o abstrato.

Filho de ex-escravos, foi criado por um Marechal e sua esposa como um filho que nunca tiveram. João da Cruz e Sousa (1861-1898) estudou na melhor escola da região, casou-se e teve quatro filhos. Infelizmente, dois deles morreram e sua esposa enlouqueceu. Perseguido a vida inteira por ser negro, culminando com o fato de ter sido proibido de assumir um cargo de juiz só por isso, morre jovem de tuberculose, vítima da pobreza e do preconceito. Uma de suas obsessões era cor branca, como mostra a passagem a seguir.


"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
de luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incenso dos turíbulos das aras..."


Obras:
Tropos e Fantasias
Missal e Broquéis, 1893 (poesia)
Evocações, 1898 (prosa)
Faróis, 1900 (poesia)
Últimos Sonetos, 1905 (poesia)


Alphonsus Guimaraens

(O solitário de Mariana ou O Poeta Lunar)
Nasceu em Ouro Preto (1870) e faleceu em Mariana, Minas Gerais, em 1921.
Formou-se em Direito, tendo sido promotor e juiz. A noiva morreu quando ambos tinham dezoito anos; ele nunca superou este ocorrido, apesar de ter-se casado e ter tido quatorze filhos. Viveu isolado do mundo literário de sua época, o que lhe valeu o apelido de "O solitário de Mariana".

Afonso Henrique da Costa Guimarães (1870-1921) teve uma juventude boêmia e dândi, mas abandonou-a pelo estudo da Engenharia, que abandonou pelo Direito. Jornalista e magistrado, foi morar em Mariana, de onde raramente saiu até morrer. Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam, como mostra a passagem a seguir.

"O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu."


Características:

Sua obra revela um apelo constante à memória e à imaginação, os versos são melancólicos, dotados de uma musicalidade marcante. Religião, Natureza e Arte servem de apoio para a exploração de seu tema preferido: a morte da amada.

Obras:
Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899)
Câmara Ardente (1899)
Dona Mística (1899)
Kyriale (1902)
Pauvre Lyre (1921)
Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923)

Emiliano Perneta

David Emiliano Perneta (1866-1921) nasceu e morreu em Curitiba. Formou-se advogado pela Universidade de São Paulo. Além de ter sido jornalista, advogado e professor de português, Perneta foi um dos fundadores do clube republicano de Curitiba e publicou, em livros, jornais e revistas, poesia e prosa poética simbolista.



Pedro Kilkerry

Pedro Militão Kilkerry (1885-1917) foi um dos vários poetas simbolistas quase anônimos. Pobre e boêmio, morreu tuberculoso em Salvador e sua obra só entrou em evidência em 1970, com ReVisão de Kilkerry. Sua poesia era forte e desconcertante, sendo uma das melhores do Simbolismo brasileiro. Observe a passagem que se segue.

"Primavera! - versos, vinhos...
Nós, primaveras em flor.
E ai! Corações, cavaquinhos
Com quatro cordas de Amor!"