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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

As drogas ganharam a guerra. E daí?

TEXTO

"The Observer", que vem a ser a edição dominical do "Guardian", publicou belo editorial sobre as drogas. Suas duas primeiras frases bastam para definir todo o espírito da coisa: "Em junho de 1971, o presidente norte-americano Richard Nixon declarou uma guerra às drogas. As drogas ganharam".

(...) Que a guerra foi perdida parece evidente. A tese é reforçada, no "Observer", em artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que basicamente reproduz a argumentação da comissão que ele integra ao lado de dois outros ex-presidentes (o colombiano César Gavíria e o mexicano Ernesto Zedillo).

Assim: "Depois de décadas de sobre-vôos, interdições e ataques às fábricas de drogas na selva, a América Latina permanece o maior exportador mundial de cocaína e maconha. Está produzindo mais e mais ópio e heroína. Está desenvolvendo a capacidade de produzir drogas sintéticas em massa".

Fica claro, pois, que o enfoque militar/policial não produz resultados significativos - ou, pior, só tornou mais grave o problema.

Para complicar as coisas, há o fato de que toda a legislação internacional que buscou fornecer o marco legal para controlar as drogas tem um século de vida (desde a Comissão sobre o Ópio de Xangai, de 1909). O documento mais recente e mais abrangente, a Convenção Única sobre Estupefacientes, já vai fazer meio século (é de 1961).

É natural, nesse cenário, que cresçam as vozes propondo a legalização das drogas, tão audíveis como as que insistem no proibicionismo.

(...) Reforça, em recente artigo para a Folha de S. Paulo, o dinamarquês Bo Mathiasen, representante para o Brasil e o Cone Sul do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime:

"A aparente contradição entre legalização ou não legalização tende a tirar a discussão do foco realmente fundamental e que, em última análise, revela muito mais convergências do que divergências: a busca por uma abordagem equilibrada entre as ações de prevenção, de tratamento e de repressão ao crime organizado".

Tokatlian é mais específico: "O razoável é colocar a discussão em termos do estabelecimento de regimes regulatórios modulados. Regimes porque devem cobrir o amplo espectro de atividades e fases do fenômeno da droga (desde a demanda até a oferta, além de outros componentes direta e indiretamente ligados ao fenômeno).

Regulatório porque se requer uma forte intervenção dos Estados em geral, para fixar as regras, os procedimentos, os mecanismos e as normas para lidar melhor com essa questão. E modulado porque é preciso desagregar cada droga de acordo com seu prejuízo ou perigo e estabelecer o regime regulatório específico, em vez de genérico como se se tratasse de produtos idênticos".

De fato, há uma desproporção colossal entre usuários de cocaína e de maconha, de acordo com os dados apresentados em "Nueva Sociedad" pela pesquisadora chilena Lucía Dammert: seriam 165 milhões os consumidores de maconha no mundo todo, 10 vezes mais que os 16 milhões que usam cocaína. Vinte e quatro milhões consomem anfetaminas.

Luiz Eduardo Soares, que foi secretário nacional de Segurança, no início do primeiro governo Lula, apresenta outros números, sempre em "Nueva Sociedad", sobre a diferença de riscos para a vida envolvidos na questão das drogas. Informa que, no Rio de Janeiro, morrem por ano menos de 100 pessoas por consumo excessivo de cocaína.

Mas cerca de 65% dos mais de 6 mil crimes letais que ocorrem todos os anos no Estado "têm relação direta ou indireta com o tráfico de drogas". Dá, portanto, 4 mil mortes/ano pela violência associada ao narcotráfico.

Parece evidente, pois, que o ponto principal do debate está voltado para a violência relacionada ao tráfico, por sua vez associada ao proibicionismo, como acreditam os defensores da legalização

"Nosso problema não são as drogas; é o tráfico - e só existe por causa da penalização", acha Luiz Eduardo Soares.

A tese é tentadora, admito. Mas o texto de Lucía Dammert apresenta uma comparação que abalou minha crença nela: no mundo todo, os mortos por uso de drogas são 200 mil. As vítimas do tabaco - legalizado há muito tempo- são cinco milhões ou 25 vezes mais.

Legalizar as drogas, como é legalizado o tabaco (e, de quebra, o álcool), não levaria a uma explosão de consumo?

Se a guerra está perdida, parece longe, no entanto, o desenho de uma estratégia capaz de recuperar a iniciativa e vencê-la.
 


 

Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes, redija uma  DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA, baseando-se à posição do jornal quanto a esse problema e à proposta de descriminalização de algumas drogas. Mobilize argumentos que sustentem o seu ponto de vista, sobre esse posicionamento.

Há padrões para ser feliz?


 

[...] Para Aristóteles, a causa final do homem, seu objetivo supremo é a felicidade. Ela não é um forte prazer que se esvai logo em seguida; ao contrário, deve ser algo perene e tranqüilo, sem excessos, pois o excesso faz com que uma boa ação torne-se seu oposto. Uma pessoa amável em demasia, por exemplo, não passa de um incômodo bajulador. Atingir a felicidade depende então de uma conduta moral moderada, sem excesso, baseada no que Aristóteles denomina “meio-termo”. Tal conduta deve ser forjada pelo hábito, de modo análogo ao atleta que se forma por repetidos exercícios. Habituar-se a uma boa conduta é ter bons costumes, e isso vale muito mais do que praticar uma série de ações isoladas. Tal hábito é adquirido, sobretudo, pelo exercício do intelecto, que no campo moral, aspira ao que é razoável. A felicidade, em suma, obtém-se por meio da vida contemplativa, uma vida intelectual sossegada, longe das perturbações do cotidiano. [...] Em o Sistema da Natureza, Paul Heinrich Thiry, barão de Holbach, defende teses materialistas: as matérias distinguem-se umas das outras por propriedades qualitativamente diferentes, e compõem todos os seres, cuja série ordenada é a natureza. Em tal série não há nenhuma causa final – mera superstição inventada por sacerdotes –, e se os homens buscam certos valores como fim é porque desejam o prazer e rejeitam a dor. Para Holbach, a religião, que impede a realização do prazer, é antinatural; o que importa é, contra isso, reorganizar e reformar a sociedade de tal maneira que cada um possa sentir prazer em desejar o bem estar dos outros.

HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Nova Cultural, 2004. p. 63 e 268. (Coleção Os Pensadores). [Adaptado].

 

A felicidade começa no cérebro. Faça algo bem feito, receba um agrado ou um carinho ou ache graça em uma piada, e seu sistema de recompensa se encarrega de fazer com que as regiões do cérebro que cuidam de movimentos automáticos – aqueles que fazemos sem precisar pensar – estampem um belo sorriso em seu rosto. A neurociência explica: um trabalho recente mostrou que o sorriso genuíno já basta para ativar o córtex da insula, região do cérebro que nos dá sensações subjetivas como a do bem-estar. Ver alguém sorrir também funciona. Um sorriso no rosto de quem fala com você aciona as mesmas áreas do cérebro responsáveis pelo seu próprio sorriso. [...] É como se ver alguém sorrindo bastasse para você se sentir sorrindo por dentro também. Uma vez que seu cérebro repete por dentro o sorriso que ele vê por fora, o bem-estar do outro é contagiante. Felicidade gera felicidade: ela passa de um cérebro para o próximo por meio do sorriso.

HERCULANO – HOUZEL, Suzana. A beleza do sorriso. Folha de S. Paulo, São Paulo,17 ago. 2006, p. 5. Equilíbrio [Adaptado].

 

Em respostas obtidas na pesquisa do Datafolha, 76% dizem-se felizes e 22% se dizem mais ou menos felizes, e comparando os números aos obtidos quando tinham de falar da felicidade dos outros, ficamos surpresos com a diferença. Só 28% dos entrevistados vêem felicidade na vida desses outros, e 55% os acham mais ou menos felizes. Pode parecer paradoxal, mas não é absurdo. Quando falo da minha felicidade, falo de esperança e futuro. Quando falo dos outros, idealizo menos.

MAUTNER, Ana Verônica. Felicidade vai-se embora. Folha de S. Paulo, São Paulo, 10 set. 2006, p. C1.

 

Com este objetivo de medir o grau de felicidade de uma população, a New Economics Foundation (NEF), em parceria com a organização ambiental Friends of the Earth, decidiu criar um ranking diferente: o índice Planeta Feliz (IPF). No total, 178 países se classificaram a partir de um critério curioso: a comparação entre a expectativa de vida, o sentimento de alegria na população e quantidade de recursos naturais consumidos no País. [...] O primeiro lugar, ficou com o desconhecido Vanuatu, um arquipélago no Oceano Pacífico, formado por 83 ilhas e com uma população total de 211 mil habitantes, que vivem da pesca, agricultura e de um turismo ainda pouco explorado. Para estar no topo do IPF, os vanuatenses preservam suas praias e florestas e se declaram satisfeitos com a própria vida. Inversamente, os países mais ricos do mundo, como Estados Unidos (150o) e França (129o) ocupam as últimas posições devido ao consumismo desenfreado de sua população, que destrói o ambiente e não é capaz de deixar seus cidadãos felizes. O Brasil ocupa a 63o colocação, coincidentemente a mesma  posição em que está no ranking de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU).

Felicidade: é realmente possível atingi-la. Filosofia, ciência e vida. São Paulo: Escala, ano 1, n. 2, 2006. p. 36.[Adaptado].

 

Daniel Gilbert, professor de psicologia da Universidade de Harvard, levanta uma bela questão: estamos apostando todas as nossas fichas em lugares errados na tentativa de sermos felizes. Fazemos planos de comprar uma casa, ter filhos, ganhar mais dinheiro, ser mais reconhecidos profissionalmente, uma série de outros projetos que, para ele, não serão necessariamente sinônimo de felicidade no futuro. Gilbert propõe o seguinte exercício: “Pense que você só tem mais 10 minutos de vida. O que faria com esse tempo?” [...] Imagine quais seriam suas respostas – segundo Gilbert, elas vão retratar exatamente tudo o que você dá valor hoje em dia. É de arrepiar.

SGARIONI, Marina. A tal felicidade. Emoção e inteligência. São Paulo: Abril. n. 9, 2006. p. 61. [Adaptado].

 

Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA, sobre o tema: AS VERDADEIRAS RAZÕES PARA SEER FELIZ, apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de vista.

 

Será que estamos virando uma sociedade em que tudo se compra?


Brasileira vende a virgindade a japonês por 780.000 dólares
Catarina disse que vai investir em "alguma coisa útil" o dinheiro da venda de sua virgindade
A estudante brasileira Catarina, de 20 anos, que está leiloando a virgindade na internet, afirmou em entrevista ao Programa da Tarde, da Rede Record, que a venda da virgindade é apenas "um negócio" e que com o dinheiro vai criar um projeto que ajude as pessoas a ter suas próprias casas.
"A vida, para mim, só tem sentido se você tem solidariedade com o próximo", disse.
Até agora, o lance mais alto para tirar a virgindade da moça foi de R$ 300 mil. O processo de venda da virgindade de Catarina está sendo registrado pelo diretor Justin Sisely, que vai lançar um documentário chamado Virgins Wanted (Procura-se Virgens, em tradução livre).
Em entrevista ao Programa da Tarde, o diretor disse que a relação sexual acontecerá num avião, mas que não será filmada. Ele esclarece que Virgins Wanted não será um filme pornô, e sim um documentário.
O comprador da virgindade da moça terá que seguir algumas regras estabelecidas pelo projeto, como entregar um exame médico e um atestado de antecedentes criminais.
Todos os lances serão feitos pela internet. O leilão se encerra no dia 15 de outubro.

Os jovens leiloados têm a opção de aceitar ou não o maior lance oferecido. O tempo de duração da relação sexual será de, no mínimo, uma hora. Os virgens não serão obrigados a beijar os ganhadores do leilão. Brinquedos e fantasias sexuais também não serão permitidos Além de Catarina, o australiano Alex, de Sydney, também está tendo a virgindade leiloada no site.
De acordo com um advogado entrevistado pelo programa, leiloar a própria virgindade não é tipificado como crime no Brasil.
A notícia do leilão surpreendeu a população de Itapema, cidade onde Catarina nasceu.
 
Estudante brasileira que está leiloando a virgindade diz que é apenas "um negócio".
 
Redija uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA, apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de vista, acerca da questão: Será que estamos virando uma sociedade em que tudo se compra?

Quem deve cuidar do Planeta?

     Leonardo Boff, Teólogo e escritor. Autor de Opção-Terra. A solução para a Terra não cai do céu!

Um teólogo famoso, no seu melhor livro “Introdução ao Cristianismo” ampliou a conhecida metáfora do fim do mundo formulada pelo dinamarquês Sören Kierkegaard. Ele reconta assim a história: num circo ambulante, um pouco fora da vila, instalou-se grave incêndio. O diretor chamou o palhaço que estava pronto para entrar em cena que fosse até a vila para pedir socorro. Foi incontinenti. Gritava pela praça central e pelas ruas, conclamando o povo para que viesse ajudar a apagar o incêndio. Todos achavam graça pois pensavam que era um truque de propaganda para atrair o público. Quanto mais gritava, mais riam todos. O palhaço pôs-se a chorar e então todos riam mais ainda. Ocorre que o fogo se espalhou pelo campo, atingiu a vila e ela e o circo queimaram totalmente. Esse teólogo era Joseph Ratzinger. Ele hoje é Papa e não produz mais teologia mas doutrinas oficiais. Sua metáfora, no entanto, se aplica bem à atual situação da humanidade que tem os olhos voltados para o país de Kierkegaard e sua capital Copenhague. Os 192 representantes dos povos devem decidir as formas de controlar o fogo ameaçador. Mas a consciência do risco não está à altura da ameaça do incêndio generalizado. O calor crescente se faz sentir e a grande maioria continua indiferente, como nos tempos de Noé que é o "palhaço" bíblico alertando para o dilúvio iminente. Todos se divertiam, comiam e bebiam, como se nada pudesse acontecer. E então veio a catástrofe.

Mas há uma diferença entre Noé e nós. Ele construiu uma arca que salvou a muitos. Nós não estamos dispostos a construir arca nenhuma que salve a nós e a natureza. Isso só é possível se diminuirmos consideravelmente as substâncias que alimentam o aquecimento. Se este ultrapassar dois a três graus Celsius poderá devastar toda a natureza e, eventualmente, eliminar milhões de pessoas. O consenso é difícil e as metas de emissão, insuficientes. Preferimos nos enganar cobrindo o corpo da Mãe Terra com band-aids na ilusão de que estamos tratando de suas feridas.

Há um agravante: não há uma governança global para atuar de forma global. Predominam os Estados-Nações com seus projetos particulares sem pensarem no todo. Absurdamente dividimos esse todo de forma arbitrária, por continentes, regiões, culturas e etnias. Sabemos hoje que estas diferenciações não possuem base nenhuma. A pesquisa científica deixou claro que todos temos uma origem comum, pois que todos viemos da África. Consequentemente, todos somos coproprietários da única Casa Comum e somos corresponsáveis pela sua saúde. A Terra pertence a todos. Nós a pedimos emprestado das gerações futuras e nos foi entregue em confiança para que cuidássemos dela. Se olharmos o que estamos fazendo, devemos reconhecer que a estamos traindo. Amamos mais o lucro que a vida, estamos mais empenhados em salvar o sistema econômico-financeiro que a humanidade e a Terra.

Aos humanos, como um todo, se aplicam as palavras de Einstein: "somente há dois infinitos: o Universo e a estupidez; e não estou seguro do primeiro". Sim, vivemos numa cultura da estupidez e da insensatez. Não é estúpido e insano que 500 milhões sejam responsáveis por 50% de todas as emissões de Gases de Efeito Estufa e que 3,4 bilhões respondam apenas por 7% e sendo as principais vitimas inocentes? É importante dizer que o aquecimento mais que uma crise configura uma irreversibilidade. A Terra já se aqueceu. Apenas nos resta diminuir seus níveis, adaptarmo-nos à nova situação e mitigar seus efeitos perversos para que não sejam catastróficos. Temos que torcer para que em Copenhague entre 7 e 18 de Dezembro não prevaleça a estupidez, mas o cuidado pelo nosso destino comum.
 
por Leonardo Boff

PROPOSTA: Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, redija uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA, apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de vista.

Juventude e alcoolismo: um problema social


 
 
A PESQUISA


Dados inéditos de uma pesquisa sobre o uso de drogas entre os alunos de escolas particulares da cidade de São Paulo revelam que um em cada três estudantes do ensino médio se embriagou pelo menos uma vez no mês anterior ao levantamento. Os dados mostram ainda que a bebedeira - consumo de cinco ou mais doses na mesma ocasião - é uma prática comum para muitos dos que têm idade entre 15 e 18 anos: 7% dos meninos e 5% das meninas fazem isso de três a cinco vezes por mês. A pesquisa, do Cebrid (Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) da Unifesp, ouviu, em 2008, 5.226 alunos do ensino fundamental e médio de 37 escolas - os dados só foram concluídos agora. Entre os estudantes do ensino fundamental (7ª e 8ª séries), o total dos que se embriagaram ao menos uma vez no último mês é menor (14,2%), mas surpreende por conta da idade: geralmente entre 13 e 15 anos.


                                                            [Folha de S.Paulo, 08 de junho de 2010. Texto adaptado]

 
As bebidas alcoólicas pertencem ao grupo das drogas lícitas mais consumidas no Brasil. O comportamento festivo do brasileiro sempre foi regado a muito álcool: caipirinha na praia, cerveja no futebol, coquetel na balada. O problema é que os jovens estão começando a beber cada vez mais cedo. Uma pesquisa da Unifesp sobre o consumo de bebidas alcoólicas por estudantes de ensino médio reacendeu a discussão sobre o tema. Que razões levam o jovem ao consumo de álcool? Quais os problemas decorrentes disso? Por que a lei que proíbe a venda de bebidas a menores de idade não é cumprida? Qual a responsabilidade da família, da sociedade e do governo diante desse problema? Reflita sobre essas questões e elabore uma dissertação argumentativa com o tema:
 
Juventude e alcoolismo: um problema social.

Enchentes: descontrole da natureza ou falta de um planejamento urbano responsável?


Omissão e desastre


Todo ano, governantes culpam as chuvas por cheias e deslizamentos, mas pouco fazem para evitar sua repetição


As 50 mortes registradas em Angra dos Reis (RJ) até a tarde de ontem, por força de deslizamentos em encostas, configuram um recorde sinistro para o município. Tais estatísticas, no entanto, são um retorno tão certo quanto as chuvas torrenciais de final do ano. Mudam as localidades, mas não a tragédia de incúria do poder público.

No verão de 2008/2009, foram 135 mortos em Santa Catarina. Em Angra dos Reis mesmo, não faz tanto tempo que avalanche de lama arrastou famílias inteiras: em 2002, 40 pessoas pereceram no bairro do Areal.

A tendência dos governantes é esquivar-se da responsabilidade, alegando que se trata de fenômenos naturais extremos. Com efeito, os 355 mm acumulados em Angra no mês de dezembro projetam-se 44% acima da média histórica para esse mês. Mas o argumento é tergiversante.

O aumento de chuvas estava previsto, por encontrar-se em curso o fenômeno climático El Niño, um aquecimento incomum das águas do Pacífico junto à América do Sul. A anomalia costuma aumentar a precipitação na região Sudeste e, como preveem alguns estudos, poderá tornar-se mais frequente com a mudança global do clima.

A perspectiva se mostra tanto mais preocupante porque no litoral do Sudeste se encontram algumas das maiores cidades do país, boa parte delas nas vizinhanças do relevo acidentado da serra do Mar. O deficit habitacional empurra os habitantes pobres para as áreas de risco, processo que poderá agravar-se com o inchaço previsível de algumas dessas cidades, como São Sebastião (SP), induzido pela exploração do petróleo do pré-sal e pelo impulso da atividade portuária.

Não há como evitar as chuvas, decerto, mas pode-se fazer muito para prevenir a ocorrência de desastres anunciados. Não existe hoje um mapeamento atualizado nem um sistema eficiente de alerta para a população que já se encontra nas áreas ameaçadas, capaz de evacuá-la sempre que a precipitação ultrapassar limiares prefixados. Esta é uma responsabilidade primordial das prefeituras municipais.

O ideal, porém, seria oferecer uma alternativa de moradia para essas pessoas, construindo casas populares longe das áreas de risco. Seria prudente, também, investir em levantamentos geotécnicos, mapas de risco de enchentes e maior controle da destruição de matas ciliares (o desmate favorece a erosão e o assoreamento dos rios).
Aqui, o papel dos governos estaduais no esforço de planejamento é crucial, por sua capacidade técnica e financeira e também por responderem pela fiscalização ambiental imediata. Ao governo federal compete coordenar essas iniciativas e complementar seu financiamento. Sem uma ação concertada dos três níveis de administração, as tragédias prosseguirão.


 

            Após a leitura do editorial acima, elabore uma dissertação-argumentativa, no qual você expresse e defenda seu posicionamento acerca do tema proposto abaixo. Apresente argumentos que fundamentem o ponto de vista que você defende.

 

 

 

Por que a inclusão digital depende da inclusão social?


            Uma pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com o Instituto Ipsos-Opinion e com o Ibope//NetRatings mostrou que 68% dos brasileiros nunca usaram a Internet e somente 9,6% da população brasileira a utiliza diariamente. A pesquisa apontou ainda que o principal motivo que promove o acesso à rede é a educação, já que 41% dos brasileiros utilizam a Internet como ferramenta de apoio para atividades escolares. Outro dado destacado é que 55% da população brasileira nunca utilizou o computador.

            O panorama do uso das tecnologias de informação e comunicação em empresas brasileiras representadas na pesquisa, no entanto, apresenta resultados positivos. As taxas de uso do computador e da internet são altas, mostrando a ampla informatização do setor privado. Os números mostram que 98,76% das empresas usaram computadores nos últimos 12 meses e 39% das empresas que usaram computadores possuem intranet (rede interna da empresa). Além disso, 16,54% das empresas têm funcionários acessando o sistema de computadores da companhia a distância e 44,52% das empresas tiveram alto grau, ou substituição quase total, do correio tradicional por e-mail.

            Os dados da pesquisa reforçam a ideia que o acesso e o uso do computador e da Internet no Brasil dependem do nível socioeconômico do indivíduo, sua renda familiar, e a região onde vive. O nível de posse e uso do computador e da Internet nos diversos segmentos sociais se concentram nos indivíduos de famílias com maior poder aquisitivo e que moram em regiões mais ricas. Além disso, pessoas mais jovens usam mais o computador e a Internet do que as que apresentam maior idade. (Texto adaptado)

 
Disponível em: <http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=9287>. Acesso em 7 jan. 2010



Redija UMA DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA A RESPEITO: por que a inclusão digital depende da inclusão social?

O jovem, o voto consciente hoje e um futuro melhor: é possível?

Texto 1.
 
 
Texto 2. Política é muito mais do que um simples voto

       

            Tudo começou pelo Twitter. Com a campanha Voto Consciente, promovida por todas as empresas da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), uma galera resolveu soltar o verbo pelo @gazetinhanews. Carlos Eduardo Oliveira (@kaduh_oliveira), de 17 anos, Flavia Pereira da Silva (@FlaaPereira) e Gabriel Garcia de Paula (@GARCIAcomx), ambos com 16, integram essa turma que quer fazer a diferença. “Eu gosto bastante de discutir política, e sei a importância que isso tem para o nosso futuro”, aponta Carlos.

            Se ainda assim você considera política um assunto chato, observe: não se trata apenas do voto. Ações pequenas (organizar um abaixo-assinado para pedir novos horários de linha de ônibus, por exemplo) também podem ser consideradas um primeiro passo para aderir ao tema, mesmo que você não perceba.

            Um ponto definitivo para começar a enxergar a política de uma outra forma é – antes de qualquer coisa – perceber que ela está por todos os lados. Se você perdeu o horário por conta do atraso do ônibus ou ficou preso em casa porque faltou luz (isso sem falar no pneu furado do carro por conta de um buraco na rua) – seja o que for, tudo isso está ligado diretamente a quem está comandando a sua cidade, estado e país. E prestar atenção nestes detalhes também é uma forma de vivenciar a política.

            Para os nossos jovens leitores, votar representa muito mais do que o simples ato de escolher o candidato que irá assumir uma posição pública no governo nos próximos quatro anos.

            Por essas e por outras, a turma defende as discussões políticas desde cedo. Afinal de contas, não dá para apenas ver problemas no ambiente ao seu redor e deixar de lado o seu papel de cidadão.

            Há uma regra geral nessa história toda – todos os jovens com os quais a Gazetinha conversou concordam que tudo começa dentro de casa, com a educação dos pais. De acordo com o grupo, não adianta responsabilizar o governo pela alienação que atinge grande parte dos jovens.

(Angela Antunes, www.gazetadopovo.com.br/votoconsciente. Adaptado.)

 

Texto 3. Vamos votar consciente

           

            Estamos vivendo uma fase de clamor por mudanças substanciais na estrutura política do país. Não podemos desperdiçar a oportunidade de votar com plena consciência e atenção. Pensar e repensar em qual daqueles milhares de candidatos será depositada a confiança da representação para governar e elaborar as leis.

            São funções muito importantes e cada voto conduz à responsabilidade do eleito de corresponder com lealdade, dedicação, honestidade e eficiência.

            É bem difícil a escolha do candidato, quando nos defrontamos com uma carência de propostas efetivas e uma enxurrada de acusações, denúncias, ressentimentos e mágoas recíprocas. Um verdadeiro corre-corre na tentativa de se esquivar de escândalos vergonhosos ou acusações diversas de todos os lados. Durante a campanha eleitoral, as manchetes traduziam os escândalos, enquanto nós, eleitores, aguardávamos por coisas boas, que refletissem nossos sonhos e anseios por mudanças e por uma comunidade melhor.

            Faltaram propostas novas para problemas antigos, como a inserção do jovem no mercado de trabalho; a violência em todo o país; o desenvolvimento sustentável da Amazônia; questões ambientais, como defesa dos recursos hídricos, das árvores e dos animais; geração de empregos; projetos culturais; incentivo à educação comunitária, dentre vários outros esquecidos.

            É verdade que houve menção em relação à melhoria da educação, mas nenhuma com conteúdo suficiente para atender os interesses e direitos da infância e da juventude. Não se ouviu falar sobre educação comunitária, sobre transformações sociais multiplicadoras dos espaços de aprendizagem, sobre o jovem como autor de seu próprio conhecimento, sobre intervenções urbanas voltadas à arte, cultura e lazer.

            Não obstante a ausência de propostas e muitas dúvidas em definir os candidatos, a grande verdade é que o voto direto é uma conquista do Estado Democrático de Direito, conquistado com muita garra e suor. Então, não podemos, de forma alguma, deixar de exercer esse sagrado ato de cidadania que é comparecer às urnas e por final comemorar: OBA, VAMOS VOTAR CONSCIENTE!

(Miguel Pereira Neto, http://aprendiz.uol.com.br. Adaptado.)

 

            Com base nos textos apresentados, elabore um texto dissertativo-argumentativo, em norma padrão da língua portuguesa, fundamentando o seguinte tema: O jovem, o voto consciente hoje e um futuro melhor: é possível?

A questão do lixo nas sociedades de consumo


Meio ambiente e ecologia são assuntos normalmente incômodos para líderes governamentais, pois colocam em evidência a difícil relação entre a sociedade de consumo e a natureza. Com o culto ao novo, ao tecnológico, produtos que poderiam durar anos passam a ser descartados em tempos curtíssimos e de modo irregular, acelerando a geração de lixo. O uso desenfreado do plástico é outro problema, pois seu longo período de vida faz com que os danos à natureza sejam agravados. Pressionados por defensores do meio ambiente, órgãos do governo criam, às vezes, medidas isoladas, como a que proibiu a distribuição de sacolinhas plásticas em supermercados e outros pontos comerciais. Mas, afinal, o lixo é responsabilidade de quem? Que problemas ele pode trazer futuramente para a sociedade? O que precisa ser feito para que o lixo não provoque estragos ainda maiores ao meio ambiente e, consequentemente, à vida no planeta? Leia os textos da coletânea e depois redija uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA sobre o tema: A questão do lixo nas sociedades de consumo.

Por uma vida menos plástica?
Desde os anos 1970, as sacolinhas cumprem duas funções essenciais na rotina dos brasileiros. Servem para carregar as compras do supermercado e embalar o lixo doméstico.
O problema, alertam os ambientalistas, surge na hora do descarte do produto. Essas mesmas sacolas plásticas, por descuido ou desleixo, entopem bueiros, causando alagamentos nas cidades.
Seu longo ciclo de vida (demoram mais de 100 anos para se degradarem) faz ainda com que abarrotem aterros sanitários, onde correspondem a até 10% do lixo. Carregadas para rios e mares, as sacolinhas poluem o ecossistema e matam por asfixia ou indigestão animais marinhos, como peixes, aves e tartarugas.
O fato é que a natureza simplesmente não conseguiu, até agora, encontrar um meio de digerir com eficiência esses "monstros" de polietileno. A solução, então, seria a sociedade livrar-se deste incômodo. Mas como?

Algumas prefeituras e governos de Estados brasileiros tentaram criar leis que proibissem o fornecimento de sacolinhas em supermercados. Representantes da indústria de plástico recorreram à Justiça, que por sua vez considerou os projetos de lei inconstitucionais.
[UOL Educação: Atualidades]




A multiplicação do lixo

Produzido anualmente pela Abrelpe - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil referente ao ano de 2010 não trouxe boas notícias aos brasileiros: o estudo mostrou que, no ano em que foi criada a PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos, a produção e destinação final do lixo brasileiro sofreu retrocessos.

Segundo a pesquisa, o volume de RSU - Resíduos Sólidos Urbanos gerado em 2010 pela população é 6,8% superior ao registrado pelo Panorama em 2009. Foram quase 61 milhões de toneladas de lixo produzidos nos últimos doze meses e o aumento populacional no país não é desculpa para esse crescimento: o estudo mostrou que a geração de resíduos aumentou seis vezes mais do que a população em 2010, o que significa que, no ano, cada brasileiro produziu, sozinho, uma média de 378 kg de lixo.

E as más notícias não param por aí: o Panorama concluiu, ainda, que a quantidade de RSU com destinação inadequada aumentou quase dois milhões de toneladas, com relação a 2009: foram 23 milhões de toneladas encaminhadas a lixões e aterros controlados - que, por não possuírem mecanismos adequados de disposição e armazenamento do lixo, contaminam o solo e a água - contra 21,7 milhões, em 2009.
[
Planeta Sustentável]

 

Prédios acumulam lixo reciclável por falta de coleta

São Paulo - Os condomínios da cidade de São Paulo têm acumulado lixo reciclável por falta de coleta seletiva. A demanda está cada vez maior, mas a estrutura da Prefeitura, com 21 centrais de triagem, não consegue atender ao processamento diário de todo o material produzido na capital. Os síndicos jogam o lixo que poderia ser reciclado com os detritos comuns.

De 2009 para 2011, o volume médio de resíduos coletados diariamente na cidade de São Paulo teve um aumento de 12,5%. Passou de 16 mil toneladas por dia para 18 mil. A quantidade de itens enviados para a reciclagem, porém, continua por volta de 1% do total. Passou de 120 toneladas (0,71%) por dia em 2009, para 214 (1,13%) em 2011. "O ideal é que a cidade estivesse reciclando cerca de 25% do total do lixo produzido", disse a arquiteta e urbanista Nina Orlow, da Rede Nossa São Paulo. De acordo com Nina, a cidade precisa fazer um estudo gravimétrico (separação e pesagem) do lixo coletado diariamente, o que traduz o porcentual de cada componente recolhido.
[Estadão]


O outro lado

Miguel Bahiense, presidente da Plastivida e do INP expressa opinião sobre matéria “Seis pecados da sacola plástica'”, publicada no portal Exame.com no dia 14 de junho de 2011

Hoje, o Brasil conta com uma indústria de reciclagem de plásticos ociosa em mais de 30% uma vez que o país não conta com processos de coleta seletiva adequados para que menos materiais que podem ser reutilizados acabem nos lixões e aterros. A saída está na educação e na responsabilidade compartilhada – indústria, varejo, população e governo fazendo sua parte para adequar a questão do consumo e do descarte.

Apenas 0,2% do peso de um aterro sanitário é composto por sacolas plásticas. Pior, mais do que 60% do peso de um aterro sanitário é material orgânico. É recomendação dos órgãos de saúde que o lixo seja embalado em plástico, evitando que o lixo vaze e se espalhe. Isso evita doenças e contaminações, tanto humanas, quanto ambientais. Também é recomendado que o lixo seja colocado em lixeiras suspensas e o mais próximo possível do horário da coleta. Ações simples que evitam que as sacolas sejam agentes na enchente. Sacolas não foram feitas para estarem na natureza. E não vão parar lá sozinhas. É por isso que insistimos na tese de que sem a educação ações isoladas não surtirão efeito.

Os plásticos, além de 100% recicláveis, são inertes, o que significa que não emitem nada – nem mesmo CO2 (Dióxido de carbono), emitido no caso das sacolas biodegradáveis, que também podem emitir CH4 (metano). O Carbono contido na sacola comum é estável, ou seja, não se transforma nem em CO2 nem em CH4. Sacos plásticos são fabricados com PE (polietileno), nada tem haver com bisfenol-A (BPA) e oligômero (PS).

Não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas. Econômicas, duráveis, resistentes, práticas, higiênicas e inertes, são reutilizáveis e 100% recicláveis. Pesquisa do Ibope confirma que 100% das sacolas plásticas são reutilizadas, especialmente como saco de lixo, 71% constituem as embalagens preferidas da população para transportar suas compras e 75% das donas de casa são a favor do seu fornecimento pelo varejo.
 [Revista Exame - Texto adaptado

"O ambiente digital está alterando nosso cérebro de forma inédita", diz neurologista britânica




Susan Greenfield, neurocientista da Univ. de Oxford

Susan Greenfield, especialista em fisiologia cerebral, diz que estamos cada dia mais dependentes de redes sociais e videogames e prevê um futuro sombrio para os "nativos digitais", geração que passará a vida inteira online. Jones Rossi

Para a neurocientista britânica Susan Greenfield, o admirável mundo novo da internet e das redes sociais não é tão admirável assim. Videogames e redes sociais estão, na visão dela, criando uma nova geração – a de "nativos digitais" – que vai passar a maior parte de sua vida online. E isso não é bom, segundo ela. "As crianças que estão crescendo agora nesse ambiente do ciberespaço, não vão aprender como olhar alguém nos olhos, não vão aprender a interpretar tons de voz ou a linguagem corporal", disse em entrevista ao site de VEJA, concedida em sua passagem pelo Brasil para falar na Conferência Fronteiras do Pensamento, em São Paulo e Porto Alegre.

Susan, de 52 anos, autora de livros como The Private Life of the Brain (A Vida Privada do Cérebro, sem edição no Brasil), afirma que há um grande risco de as pessoas passarem a viver suas vidas exclusivamente em ambientes virtuais. "Um estudo americano, de 2010, mostrou que mais da metade dos adolescentes entre 13 e 17 anos gastava mais de 30 horas por semana na internet. São quatro ou cinco horas por dia não andando na praia, não dando um abraço em alguém, não sentindo o sol no rosto, não subindo em uma árvore, não fazendo todas as coisas que as crianças costumavam fazer."

Outra comparação feita pela neurocientista, que também é professora de Farmacologia na Universidade de Oxford, é entre as redes sociais e a indústria do cigarro. De acordo com ela, assim como as produtoras de tabaco negavam o poder viciante do cigarro, o mesmo ocorre hoje com as companhias que lucram com o uso das redes sociais e videogames. "É preciso admitir que existe um problema", diz ela, citando estudos que relacionam a utilização intensiva de redes sociais com a liberação de substâncias estimulantes no cérebro.

Apesar de enxergar com pessimismo um mundo em que estejamos conectados a maior parte do tempo, Susan diz que não adianta proibir crianças e adolescentes de usar videogames e redes sociais. "É preciso oferecer um mundo tridimensional mais interessante para eles."

A internet afeta o cérebro? Todos estão interessados em saber como as tecnologias digitais, especialmente a internet, afetam o cérebro. A primeira coisa a saber é que viver afeta o cérebro. O cérebro muda a todo instante de nossas vidas. Tudo que é feito durante o dia vai afetar o cérebro. A razão disso é que o cérebro humano se desenvolveu para se adaptar ao ambiente, não importando qual fosse esse ambiente. É interessante notar que agora o ambiente é muito diferente, de maneira sem precedentes.

Como a imersão num ambiente virtual pode afetar o cérebro? Há várias perguntas diferentes a serem respondidas. Eu acho que há três grupos abrangentes. O primeiro é o impacto das redes sociais na identidade e nos relacionamentos. O segundo é o impacto dos videogames na atenção, agressividade e dependência. E o terceiro é sobre o impacto dos programas de busca no modo como diferenciamos informação de conhecimento, como aprendemos de verdade. É claro que há muitos estudos que ainda precisam ser feitos, mas certamente há cada vez mais evidências sobre aspectos positivos e negativos. Por exemplo, já foi demonstrado que jogar videogames pode ser similar a fazer um teste de QI. Pode ser que o aumento de QI visto em alguns testes aconteça graças à repetição de uma certa habilidade ao jogar videogames. Agora, só porque vemos um aumento de QI em quem joga videogames não quer dizer que haja um aumento de criatividade ou capacidade de escrita. Também se sabe, por alguns estudos, e por exames de imagem, que os videogames aumentam áreas do cérebro que liberam dopamina. Também sabemos que, em casos extremos, nos quais as pessoas gastam até 10 horas por dia na frente da tela, existe uma forte correlação com anormalidades em exames cerebrais. Como costumamos dizer, uma andorinha só não faz verão. Então é importante fazer mais estudos. Isto não é definitivo, em se tratando de ciência nada é definitivo, por isso é importante começar a fazer pesquisa básica porque, até agora, está claro que coisas boas e coisas ruins estão acontecendo de um modo que não haviam acontecido em gerações passadas.

Existe um limite de tempo seguro para navegar na internet? É claro que muitos pais já me perguntaram: 'com que frequência meus filhos devem usar a internet? Até quando é seguro?' O que acontece na Inglaterra, acho que aqui também, é que alguns pais falam para os filhos 'façam uma pausa a cada 10 minutos'. Mas eu não conheço ninguém que no meio do jogo pensa 'está na hora da minha pausa de 10 minutos'. Minha sugestão é agradar as crianças, em vez de dizer 'você só jogar por uma ou duas horas, ou você simplesmente não pode jogar.' Não seria melhor se a criança decidisse sozinha que não quer jogar? E por que eles fariam isso? Porque o que você vai oferecer a ele é muito mais excitante, muito mais agradável, muito mais interessante, do que esse jogo. É um desafio, mas o que temos que fazer é tentar pensar em maneiras, não tentar negar a tecnologia. Nós podemos, na nossa sociedade maravilhosa, com toda essa tecnologia, com todas as oportunidades que temos, dar aos nossos filhos um mundo tridimensional interessante para viver.

Há quem associe o aumento da incidência do transtorno de déficit de atenção e da hiperatividade (TDAH) ao uso da internet pelas crianças. Essa ligação faz sentido? Está havendo um crescimento alarmante de TDAH. Sabemos que a prescrição de drogas como ritalina, usadas para TDAH, triplicaram, quadruplicaram nos últimos 10 anos. É claro que isso é muito. A condição pode estar sendo mais diagnosticada ou pode ser que os médicos estejam prescrevendo mais os remédios. Há, porém, outro fator importante: a causa pode ser as tecnologias digitais.

Por que culpar a internet e não a TV, por exemplo? Algumas pessoas dizem que a TV é a mesma coisa que a internet. Mas já se mostrou que não é o caso. Há uma grande diferença para o que fazemos na internet, que é altamente interativa e também tende a ser mais estimulante. Nós também sabemos que, quando se joga videogame, uma substância química no cérebro relacionada com o estímulo, chamada dopamina , é liberada. O que é interessante é que, quando se toma ritalina, a dopamina também é liberada. Então, agora as pessoas estão pensando que talvez as crianças estejam viciadas em videogames. E estão medicando essas crianças porque elas teriam TDAH, e estão fazendo, embora não façam ideia, com que haja mais dopamina no cérebro. Então certamente há uma ligação entre TDAH e videogames, mas precisamos entender mais sobre os mecanismos cerebrais para entender como isso funciona.

Como a senhora acha que a geração atual será no futuro? É interessante pensar no caráter, nas aptidões da próxima geração, os cidadãos da metade do século 21. Eu acho que haverá coisas boas e coisas ruins. Imagino quetalvez eles tenham um QI maior e uma boa memória. Acho também que eles correrão menos riscos que nossa geração – isso pode ser tanto bom quanto ruim. Por um lado, ninguém quer pessoas que nunca se arriscam, que são excessivamente precavidas, mas, por outro lado, também não queremos pessoas inconsequentes. Infelizmente, também acho que essa geração terá um senso de identidade mais frágil, menos empatia, menos concentração, e podem ser mais dependentes ao viver o "aqui e agora" em vez de ter um passado, presente e futuro. Talvez eles fiquem mais presos ao presente.

Por que o senso de identidade seria menor? Até recentemente, em muitas partes do mundo, os seres humanos tinham preocupações mais imediatas, como sobreviver, se manter aquecido, não ter dor, não viver com medo e ter onde se abrigar. Essas questões eram as mais importantes quando se era um adulto. Mas agora a tecnologia, em sociedades mais privilegiadas, como o Brasil e a Grã-Bretanha, está permitindo que a população, pela primeira vez na história, viva muito mais e tenha uma vida saudável. Uma criança tem, agora, uma em três chances de viver mais de 100 anos. Então o que fazer com esse tempo? Essa é uma pergunta que não se fazia no passado porque as pessoas morriam de doenças ou estavam preocupadas com outras coisas. Mas agora é factível presumir que as pessoas não saberão o que fazer com a segunda metade de suas vidas, após seus filhos estarem criados. Se elas estiverem saudáveis, em forma, mentalmente ágeis, não poderão simplesmente jogar golfe todo dia, ou sudoku. Acho que uma das grandes questões para eles será fazer perguntas que tradicionalmente apenas adolescentes fazem: "Quem sou eu? Qual é o sentido da vida? Para onde estou indo? Qual o propósito disso tudo?" Na minha opinião, isto pode ajudar a explicar por que, de uma maneira engraçada, Facebook e Twitter são tão populares.

Por quê? As pessoas têm um senso integral de identidade. De repente elas se sentem importante porque gente ao redor do mundo está se comunicando com elas, comentando o que elas disseram. Então, este tipo de pessoa, que no passado vivia em uma comunidade local, e tinha uma identidade dentro daquela cultura, dentro daquele país, agora tem uma presença global, mas que é construída externamente. Não é real. É como em uma ocasião na qual estava em um café da manhã com Nick Clegg (vice-primeiro-ministro da Grã-Bretanha) e tinha uma mulher perto de mim tão ocupada contando a todo mundo que ela estava tendo uma café da manhã com Nick Clegg que nem conseguiu prestar atenção ao que ele estava dizendo. Ela só ficava tuítando o tempo todo: "café da manhã com Nick Clegg". Eu vi um filme com duas meninas conversando dentro de um carro e uma pergunta para a outra: "Como você se sente dentro deste carro?" Ela não responde "estou triste" ou feliz ou animada, nada disso. Ela diz: "o carro é digno de um post no Facebook."

Por que isso é preocupante? A partir disso eu infiro que as pessoas estão construindo uma identidade no ciberespaço que em boa parte é formada pela visão das outras pessoas. Existe um site chamado KLOUT. Se você entrar nesse site, ele te diz o quão importante você é, te dá um número chamado Klout Score. Klout, em inglês, significa importante. As pessoas pagam para ver qual é a sua pontuação e para aumentá-la. Eu acho interessante essa tendência de que mesmo que você sinta-se muito importante, muito conectada, você se sente insegura, tenha baixa autoestima, sinta-se constantemente inadequada. Existe um livro muito bom escrito por Sherry Turkle chamado Alone Together - Why We Expect More From Technology and Less From Each Other (algo como "Juntos sozinhos - Por que esperamos mais da tecnologia e menos de cada um de nós", lançado em janeiro, ainda sem editora no Brasil). Ela disse: "bizarramente, quanto mais conectado você está, mais você está isolado."

Hoje, entretanto, a maior parte das pessoas continua levando suas vidas normalmente, fora do ciberespaço, e apenas uma pequena parte dentro dele. Isso se inverterá no futuro? A maioria das pessoas dirá que, se tirarmos um instantâneo da sociedade hoje, um monte de pessoas está vivendo normalmente e feliz em três dimensões. Elas têm amizades saudáveis e gostam de estar no Facebook e no Twitter. Com certeza, é apenas uma minoria de pessoas que gastam até 10 horas por dia em frente do computador. Porém eu acho esse tipo de argumento problemático porque é solipsista — você está argumentando a partir do seu ponto de vista. Já falei várias vezes com jornalistas, que geralmente são de meia-idade e de classe média, e dizem que usam isso e aquilo e é fantástico. Às vezes sou criticada porque não estou no Facebook, não estou no Twitter, e mesmo assim estou comentando a respeito. Eu respondo que, mesmo se eu estivesse me divertindo muito no Facebook, isso não quer dizer que todos sejam como eu ou que vão usar do mesmo modo que eu uso, ou que vão ter o mesmo tipo de amizades que eu tenho.

O uso então é exagerado? Eu acho que precisamos olhar para as estatísticas em vez de apenas levar em conta as impressões pessoais ou os meios de comunicação. De acordo com as estatísticas, os chamados nativos digitais, gente que nasceu após 1990, apresentam níveis de uso alarmantes. Por exemplo, um estudo americano, de 2010, mostrou que mais da metade dos adolescentes entre 13 e 17 anos estavam gastando mais de 30 horas por semana na internet. O que me chama atenção não são as 30 horas, mas o que vai além disso. Isso significa que pelo menos quatro ou cinco horas por dia em frente ao computador. O problema com isso é que, não importando o quão fantásticas ou benéficas sejam as redes sociais — vamos dizer que sejam 100% maravilhosas — ainda são quatro ou cinco horas por dia não andando na praia, não dando um abraço em alguém, não sentindo o sol no rosto, não subindo em uma árvore, não fazendo todas as coisas que as crianças costumavam fazer. Acho que devemos prestar atenção a essa questão. Acho também que podemos comparar o que acontece hoje com o momento do anos 50 quando as pessoas começaram a mostrar uma relação entre o câncer e o cigarro. A indústria do tabaco foi hostil a essa descoberta, tentou negar e insistir que fumar não era viciante. E se você tem um grupo de pessoas se divertindo e outro grupo fazendo dinheiro com isso, esse é um círculo perfeito. A primeira coisa a fazer quando pensamos na relação entre os jovens e a internet é reconhecer que talvez aí exista um problema.

Não se trata de excesso de zelo? Existem outras questões também. Há uma grande diferença entre os chamados "imigrantes digitais", pessoas como eu e possivelmente pessoas como as que estão lendo essa entrevista e que tiveram uma educação convencional, cresceram lendo livros, tendo relações apropriadas, em três dimensões, e as crianças que estão crescendo agora, recebendo um comando evolucionário para se adaptar ao meio ambiente. Se esse ambiente é incessantemente o ciberespaço, elas não vão aprender como olhar alguém nos olhos, elas não vão aprender a interpretar tons de voz ou a linguagem corporal. Elas não vão aprender como é quando se toca alguém, se tem um contato físico. O que significa que, se alguém ficar cara a cara com alguém no mundo real será mais desagradável, mais agressivo, então as pessoas vão preferir se comunicar por meio das telas. Já é o caso da Grã-Bretanha, não sei como é aqui no Brasil. Escritórios se tornaram locais bastante silenciosos, porque, em vez de conversarem entre si, as pessoas preferem enviar mensagens. Outro problema que, acho eu, mostra uma tendência, é um fantástico aplicativo — é fantástico que as pessoas paguem por isso. São dois, na verdade. Um deles se chama Self Control (Auto controle). O outro se chama Freedom (Liberdade). Você paga para que eles não o deixem usar a internet obsessivamente. Eles desligam seu computador a cada 50 minutos ou a cada hora. Por que as pessoas deveriam pagar por algo que elas mesmas poderiam fazer facilmente, a menos que estejam obcecadas ou tenham se tornado dependentes? Eu posso chegar para você e dizer que tenho uma maneira brilhante de ganhar dinheiro: você me paga para eu desligar seu computador para você. Você vai me dizer que estou louca.

 
PROPOSTA:
Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA, apresentando argumentos que dêem consistência e objetividade ao seu ponto de vista, A PARTIR DO SEU P0SICIONAMENTO SOBRE O TEMA EXPOSTO.