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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Todos os caminhos levam a Florença e a seu Duomo

A Basílica di Santa Maria del Fiore é a catedral, ou Duomo, da Arquidiocese da Igreja Católica Romana de Florença. Notabilizada por sua monumental cúpula - obra do celebrado arquiteto renascentista Brunelleschi - e pelo campanário, de Giotto, é uma das obras da arte gótica e da primeira renascença italiana, considerada de fundamental importância para a História da Arquitetura, registro da riqueza e do poder da capital da Toscana nos séculos XIII e XIV. Seu nome (cuja tradução é Santa Maria da Flor) parece referir-se ao lilium, símbolo de Florença, mas, documento do Século XV, por outro lado, informa que “flor”, no caso, refere a Cristo. 

Ficheiro:Santa maria del fiore - retouched.jpg

    A monumental fachada de Santa Maria del Fiore,  Piazza Duomo, 17, Firenze, Toscana/Itália

História

O Duomo de Florença, como o vemos hoje, é o resultado de um trabalho que se estendeu por seis séculos. Seu projeto básico foi elaborado por Arnolfo di Cambio no final do século XIII, sua cúpula é obra de Filippo Brunelleschi, e sua fachada teve de esperar até o século XIX para ser concluída. Ao longo deste tempo uma série de intervenções estruturais e decorativas no exterior e interior enriqueceriam o monumento, dentre elas a construção de duas sacristias e a execução de esculturas e afrescos por Paolo Uccello, Andrea del Castagno, Giorgio Vasari e Federico Zuccari, autor do Juízo Final no interior da cúpula. Foi construída no lugar da antiga catedral dedicada a Santa Reparata, que funcionou durante nove séculos até ser demolida completamente em 1375.

Mino de Cantoribus sugeriu a substituição de Santa Reparata por uma catedral ainda maior e mais magnificente, de tal forma que "a indústria e o poder do homem não pudessem inventar ou mesmo tentar nada maior ou mais belo", e estava preparado para finaciar a construção. Entretanto, esperava-se que a população contribuísse, e todos os testamentos passaram a incluir uma cláusula de doação para as obras. O projeto foi confiado a Arnolfo em 1294, e ele cerimoniosamente lançou a pedra fundamental em 8 de setembro de 1296.

Arnolfo trabalhou na construção até 1302, ano de sua morte, e embora o estilo dominante da época fosse o gótico, seu projeto foi concebido com uma grandiosiddade clássica. Arnolfo só pôde trabalhar em duas capelas e na fachada, que ele teve tempo de completar e decorar só em parte. Com a morte do arquiteto o trabalho de construção sofreu uma parada. 

Um novo impulso foi dado quando em 1330 foi descoberto o corpo de São Zenóbio em Santa Reparata, que ainda estava parcialmente de pé. Giotto di Bondone então foi indicado supervisor em 1334, e mesmo que não tivesse muito tempo de vida (morreu em 1337) ele decidiu concentrar suas energias na construção do campanário. Giotto foi sucedido por Andrea Pisano até 1348, quando a peste reduziu a população da cidade de 90 mil para 45 mil habitantes.




O relógio de Uccello



Sob Francesco Talenti, supervisor entre 1349 e 1359, o campanário foi concluído e preparou-se um novo projeto para o Duomo, com a colaboração de Giovanni di Lapo Ghini: a nave central foi dividida em quatro espaços quadrangulares com duas alas retangulares, reduzindo o número de janelas planejadas por Arnolfo. Em 1370 a construção já estava bem adiantada, o mesmo se dando com o novo projeto para a abside, que foi circundada por tribunas que amplificaram o trifólio de Arnolfo. Por fim Santa Reparata terminou de ser demolida em 1375

Ao mesmo tempo continuou-se o trabalho de revestimento externo com mármores e decoração em torno das entradas laterais, a Porta dei Canonici (sul) e a Porta della Mandorla (norte), esta coroada com um relevo da Assunção, última obra de Nanni di Banco.
Contudo, o problema da cúpula ainda não fora resolvido. Brunelleschi fez seu primeiro projeto em 1402, mas o manteve em segredo. Em 1418, a Opera del Duomo, a centenária empresa administradora dos trabalhos na Catedral, anunciou um concurso que Brunelleschi haveria de vencer, mas o trabalho não iniciaria senão dois anos mais tarde, continuando até 1434

A Catedral foi consagrada pelo Papa Eugênio IV em 25 de março (o Ano Novo florentino) de 1436, 140 anos depois do início da construção. Os arremates que ainda esperavam conclusão eram a lanterna da cúpula (colocada em 1461) e o revestimento externo com mármores brancos de Carrara, verdes de Prato, e vermelhos de Siena, de acordo com o projeto original de Arnolfo.

A fachada

                         



A fachada original, desenhada por Arnolfo di Cambio, só foi começada em meados do século XV, realizada de fato por vários artistas em uma obra coletiva, mas de toda forma só foi terminada até o terço inferior. Esta parte foi desmantelada por ordem de Francesco I de Medici entre 1587 e 1588, pois era considerada totalmente fora de moda naquela altura. 

O concurso que foi aberto para a criação de uma nova fachada acabou em um escândalo, e os desenhos subseqüentes que foram apresentados não foram aceitos. A fachada ficou, então, despida até o século XIX, mas estatuária e ornamentos originais sobrevivem no Museu Opera del Duomo e em museus de Paris e Berlim.

Em 1864, Emilio de Fabris venceu um concurso para uma nova fachada, que é a que vemos hoje, um enorme e magistral trabalho de mosaico em mármores coloridos em estilo neogótico, com uma volumetria dinâmica e harmoniosa. Pronta em 1887, foi dedicada à Virgem Maria, e é ricamente adornada com estatuária de elegante e austero desenho. Em 1903 terminaram-se as monumentais portas de bronze, com várias cenas em relevo e outras decorações.

Interior


Sua planta é basilical, com três naves, divididas por grandes arcos suportados por colunas monumentais. Tem 153 metros de comprido por 38 metros de largo, e 90 metros no transepto. Seus arcos se elevam até 23 metros de altura, e o cume da cúpula, a 90 metros.
Suas decorações internas são austeras, e muitas se perderam no curso dos séculos. 

Alguns elementos acharam abrigo no Museu Opera del Duomo, como os coros de Luca della Robbia e Donatello. Subsistem também os monumentos a Dante, a John Hawkwood, a Niccolò da Tolentino, a Antonio d'Orso, e os bustos de Giotto (de Benedetto da Maiano), Brunelleschi (de Buggiano - 1447), Marsilio Ficino, e Antonio Squarcialupi.
  
                                                     Ficheiro:Florenca122.jpg
  
Sobre a porta de entrada há um relógio colossal com decoração em pintura de Paolo Uccello, e acertado de acordo com a hora italica, uma divisão do tempo comumente empregada na Itália até o século XVIII, que dava o por-do-sol como o início do dia.

Os vitrais são os maiores em seu gênero na Itália entre os séculos XIV e XV, com imagens de santos do Velho e Novo Testamento. O crucifixo é obra de Benedetto da Maiano, a talha do coro de Bartolommeo Bandinelli, e as portas da sacristia são de Luca della Robbia.




 

Ponto de encontro e núcleo central da cidade desde o século XIV, essa praça, dominada pelo Palazzo Vecchio, é um autêntico museu ao ar livre. Pode resumir sozinha a história de Florença. Primeiro abrigava os banhos romanos; depois se converteu no centros das reuniões da cidade e da revolução; e mais tarde, o lugar das comemorações.

Está rodeada por estátuas, entre elas a cópia de "David", de Michelangelo, sendo que a original se encontra na Galleria dell´Academia; e "Judith e Holoferne", de Donatello. 

Também imponente, a Fonte de Neptuno, obra de Bartolomeo Ammannati, pretendia destacar a vocação marítima de Florença. Mas acabou chamando mais atenção porque foi o primeiro nú exposto em praça pública.


Piazza della Signoria, Piazza della Signoria, centro da cidade de Firenze




"David", de Michelangelo, Galleria dell´Academia, Firenze- Toscana/Itália


domingo, 22 de maio de 2011

Arte Gótica



No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana.

No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir grandes edifícios.


ARQUITETURA

A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.


A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.


A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os  séculos XII e XIV.

Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.


As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.
Catedral de Notre Dame de Paris

Catedral de Notre Dame 


ESCULTURA

  

   

As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto, demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer facilmente a personagem representada, exercendo a função de ilustrar os ensinamentos propostos pela igreja..

  

ILUMINURA

Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não fora ainda inventada, ou então é um privilégio da quase mítica China). O desenvolvimento de tal genero está ligado à difusão dos livros ilustrados patrimônio quase exclusivo dos mosteiros: no clima de fervor cultural que caracteriza a arte gótica, os manuscritos também eram encomendados por particulares, aristocratas e burgueses.


É precisamente por esta razão que os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos em formatos manejáveis.

Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras maiúsculas com que se iniciava um texto..

Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas conclusões: a primeira é a compreensão do caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das obras copiadas, a segunda é que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que seus trabalhos acabaram influenciando outros pintores.
 
PINTURA : ''Renasce a Perspectiva''

A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura o realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.

Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento (Duocento):

* Giotto di Bondone  - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura.

Giotto

Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento.

A importância de Giotto está no fato de que ele foi o primeiro pintor, em cerca de mil anos a inserir a perspectiva na pintura.

Antes da Giotto a igreja, que dominou a arte desde o fim do Império Romano, considerava que a pintura deveria ser somente um meio de apresentar uma mensagem (quase sempre religiosa é claro) e não um fim em si. Por isso nesta época ocorreu um simplificação da pintura em relação ao período clássico.

Mas não foi somente a perspectiva que impressionou na arte de Giotto, mas a própria qualidade de seus trabalhos, também considerada inédita na época. A pintura de Giotto causou comoção em Florença, pode se dizer, preservadas as devidas dimensões, que Giotto foi o primeiro artista "superstar".

Foi a partir dele que artistas começaram a ser reconhecidos como estrelas na Europa e também foi a partir de Giotto que começou o hábito dos pintores assinarem suas obras.



 

A Lamentação de Cristo - 1305 - Afresco da Cappella Dell'Arena. Além da perspectiva, neste quadro vemos outra inovação em relação a Idade Média, personagens aparecem de costas, algo que não acontecia antes de Giotto.


 

A Última Ceia por Giotto. Repare na disposição dos Apóstolos. Como no quadro anterior, muitos estão de costas para nós. Com isso Giotto buscava mais realismo à cena, não apenas passar a mensagem necessáriau, mas tentar visualizar o momento como teria ocorrido. Reparem que neste quadro também há um erro, o mastro parece atravessar um dos apóstolos. Giotto pagou nesta obra o preço pela inovação, pois estava fazendo o que ninguém mais fazia.


A Apresentação da Virgem - 1305 - Afresco da Cappella Dell'Arena, em Pádua, na Itália. Repare no impressionante efeito 3d que Giotto conseguiu nesta pintura. Começava uma nova era para as artes.

Vejam o quadro abaixo, um típico exemplo da idade média, de um outro artista, e comparem a diferença, reparem na ausência de perspectiva e como o pintor se esforça para mostrar todos os personagens de frente, mesmo que isso tire o realismo da cena. Assim era a pintura antes de Giotto.


Giotto, segundo relatos, era um homem muito pequeno, quase um anão, mas sua obra é de uma grandeza incomparável. Ele foi um desbravador da pintura, símbolo do Renascimento, uma época em que a humanidade, olhando bem para trás, voltava a caminhar para frente.


Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e  Retiro de São Joaquim entre os Pastores.

Retiro de São Joaquim Entre Os Pastores de Giotto.  Afresco da Capela dos Scrovegni, Padua Italia.  


* Jan Van Eyck  -  procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar  os detalhes e as paisagens.

Jan_van_Eyck
O Casal Arnolfini, de Jan van Eyck

Jan van Eyck

A Madona do Chanceler Rolin - Jan Van Eyck

Adoração do Cordeiro Místico, de Jan Van Eyck

A Adoração do Cordeiro Místico é um dos mais famosos trabalhos de Jan Van Eyck e está exposta na catedral de Saint Bavo. A obra é uma representação da cidade de Gand. Diz-se ter sido iniciado pelo irmão Hubert Van Eyck, dos quais pouco se sabe, e foi concluída por Jan em 1432.

Esta obra, ao total, é constituída por 20 quadros. Um painel central com dois painéis laterais que podem encontrar-se unidos por dobradiças, mostrando-se cada um destes painéis compostos por quatro painéis separados, e os painéis laterais podem encontrar-se pintadas de ambos os lados.

No meio das imagens inferiores, situado no painel central é a imagem onde está a ter lugar o sacrifício do Cordeiro. De volta do local onde se encontra o Cordeiro estão presentes mais anjos. No primeiro plano são duas procissões. Uma delas é composta por profetas e membros do Antigo e do Novo Testamento..