domingo, 22 de maio de 2011

Arte Gótica



No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana.

No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir grandes edifícios.


ARQUITETURA

A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.


A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.


A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os  séculos XII e XIV.

Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.


As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.
Catedral de Notre Dame de Paris

Catedral de Notre Dame 


ESCULTURA

  

   

As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto, demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer facilmente a personagem representada, exercendo a função de ilustrar os ensinamentos propostos pela igreja..

  

ILUMINURA

Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não fora ainda inventada, ou então é um privilégio da quase mítica China). O desenvolvimento de tal genero está ligado à difusão dos livros ilustrados patrimônio quase exclusivo dos mosteiros: no clima de fervor cultural que caracteriza a arte gótica, os manuscritos também eram encomendados por particulares, aristocratas e burgueses.


É precisamente por esta razão que os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos em formatos manejáveis.

Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras maiúsculas com que se iniciava um texto..

Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas conclusões: a primeira é a compreensão do caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das obras copiadas, a segunda é que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que seus trabalhos acabaram influenciando outros pintores.
 
PINTURA : ''Renasce a Perspectiva''

A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura o realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.

Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento (Duocento):

* Giotto di Bondone  - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura.

Giotto

Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento.

A importância de Giotto está no fato de que ele foi o primeiro pintor, em cerca de mil anos a inserir a perspectiva na pintura.

Antes da Giotto a igreja, que dominou a arte desde o fim do Império Romano, considerava que a pintura deveria ser somente um meio de apresentar uma mensagem (quase sempre religiosa é claro) e não um fim em si. Por isso nesta época ocorreu um simplificação da pintura em relação ao período clássico.

Mas não foi somente a perspectiva que impressionou na arte de Giotto, mas a própria qualidade de seus trabalhos, também considerada inédita na época. A pintura de Giotto causou comoção em Florença, pode se dizer, preservadas as devidas dimensões, que Giotto foi o primeiro artista "superstar".

Foi a partir dele que artistas começaram a ser reconhecidos como estrelas na Europa e também foi a partir de Giotto que começou o hábito dos pintores assinarem suas obras.



 

A Lamentação de Cristo - 1305 - Afresco da Cappella Dell'Arena. Além da perspectiva, neste quadro vemos outra inovação em relação a Idade Média, personagens aparecem de costas, algo que não acontecia antes de Giotto.


 

A Última Ceia por Giotto. Repare na disposição dos Apóstolos. Como no quadro anterior, muitos estão de costas para nós. Com isso Giotto buscava mais realismo à cena, não apenas passar a mensagem necessáriau, mas tentar visualizar o momento como teria ocorrido. Reparem que neste quadro também há um erro, o mastro parece atravessar um dos apóstolos. Giotto pagou nesta obra o preço pela inovação, pois estava fazendo o que ninguém mais fazia.


A Apresentação da Virgem - 1305 - Afresco da Cappella Dell'Arena, em Pádua, na Itália. Repare no impressionante efeito 3d que Giotto conseguiu nesta pintura. Começava uma nova era para as artes.

Vejam o quadro abaixo, um típico exemplo da idade média, de um outro artista, e comparem a diferença, reparem na ausência de perspectiva e como o pintor se esforça para mostrar todos os personagens de frente, mesmo que isso tire o realismo da cena. Assim era a pintura antes de Giotto.


Giotto, segundo relatos, era um homem muito pequeno, quase um anão, mas sua obra é de uma grandeza incomparável. Ele foi um desbravador da pintura, símbolo do Renascimento, uma época em que a humanidade, olhando bem para trás, voltava a caminhar para frente.


Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e  Retiro de São Joaquim entre os Pastores.

Retiro de São Joaquim Entre Os Pastores de Giotto.  Afresco da Capela dos Scrovegni, Padua Italia.  


* Jan Van Eyck  -  procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar  os detalhes e as paisagens.

Jan_van_Eyck
O Casal Arnolfini, de Jan van Eyck

Jan van Eyck

A Madona do Chanceler Rolin - Jan Van Eyck

Adoração do Cordeiro Místico, de Jan Van Eyck

A Adoração do Cordeiro Místico é um dos mais famosos trabalhos de Jan Van Eyck e está exposta na catedral de Saint Bavo. A obra é uma representação da cidade de Gand. Diz-se ter sido iniciado pelo irmão Hubert Van Eyck, dos quais pouco se sabe, e foi concluída por Jan em 1432.

Esta obra, ao total, é constituída por 20 quadros. Um painel central com dois painéis laterais que podem encontrar-se unidos por dobradiças, mostrando-se cada um destes painéis compostos por quatro painéis separados, e os painéis laterais podem encontrar-se pintadas de ambos os lados.

No meio das imagens inferiores, situado no painel central é a imagem onde está a ter lugar o sacrifício do Cordeiro. De volta do local onde se encontra o Cordeiro estão presentes mais anjos. No primeiro plano são duas procissões. Uma delas é composta por profetas e membros do Antigo e do Novo Testamento..
 


 

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