terça-feira, 22 de março de 2011

MANIFESTO - Um gênero que visa ao exercício da cidadania




 
Comumente nos deparamos com fatos sociais relacionados a um grupo de pessoas que se unem em prol de uma reivindicação pautando-se por finalidades distintas. Melhoria de salários, mais investimentos na saúde, educação e segurança por parte das autoridades políticas, dentre outras. Tal atitude revela que a democracia cada vez mais se torna atuante na vida em sociedade, na qual os cidadãos demonstram estar conscientes de seu verdadeiro papel, cumprindo com seus deveres, mas também exigindo aquilo que lhe é de direito.

Mediante o estudo do manifesto, tido por excelência como um gênero textual, temos por objetivo enfatizar acerca de suas características de natureza linguística, analisando, sobretudo, sua finalidade discursiva. O manifesto situa-se entre os chamados gêneros argumentativos, cujo propósito do emissor é persuadir, convencer o interlocutor por meio de argumentos considerados plausíveis. Didaticamente, devemos concebê-lo como sendo a forma pela qual um grupo, de forma coletiva, expressa seus pensamentos sobre um determinado assunto de ordem social, política, cultural, etc.

A referida modalidade há tempos já se fez recorrente, como bem nos retratam renomados artistas, tais como Oswald de Andrade, autor de o Manifesto Antropófago, Karl ão formal da língua. Quanto aos aspectos estruturais, compõe-se dos seguintes elemMarx e Friedrich Engels, representando o Manifesto Comunista, André Breton, com seu Manifesto Surrealista, dentre tantos outros. Todos envoltos pelo mesmo objetivo: revelar o verdadeiro posicionamento do ser humano diante de um determinado fato, apontando suas opiniões e, de certa forma, interferindo socialmente, podendo quem sabe... até mudar o sentido, o rumo da história da humanidade.
 
DEFINIÇÃO: É um gênero de texto que produz quando uma pessoa ou um grupo de pessoas deseja chamar a atenção da população, denunciando um problema de interesse geral ou alertando para um problema que está preste a ocorrer. Embora não possua uma estrutura rígida, o manifesto deve conter alguns dados essenciais, como: um título, capaz de chamar a atenção do público e ao mesmo tempo informar de que trata o texto; a identificação do problema; a análise do problema e argumentos, local e data; e por fim, as assinaturas dos autores do manifesto ou simpatizantes da causa.
 
A linguagem do manifesto varia de acordo com fatores como: quem é o autor, quem são os interlocutores, qual é o veículo de divulgação, etc. Geralmente, nos meios de comunicação de grande alcance o manifesto é divulgado de acordo com o padrão culto formal da língua.
 

Características do manifesto
 
1. texto de intenção persuasiva, que objetiva alertar sobre um problema ou fazer a denúncia pública de um problema que está ocorrendo;
 
2. estrutura relativamente livre, mas com alguns elementos indispensáveis: título, identificação e análise do problema, argumentos que fundamentam os ponto de vista do(s) autor (es) do manifesto, local e data, assinaturas dos autores e simpatizantes da causa;
 
3. linguagem geralmente no padrão culto formal da língua;
 
4. verbos predominantemente do presente do indicativo.


No que concerne à linguagem empregada, esta pode variar conforme o estilo dos manifestantes, o público-alvo e o instrumento de divulgação. Normalmente, quando divulgado em jornais, revistas e/ou até mesmo na Internet, atribui-se os padrentos:

* Título – Revela de modo sintético a ideia, o pensamento apresentado.


* Corpo do texto – Retrata de modo claro o posicionamento dos autores em questão, acompanhado dos argumentos convincentes que o justificam.


* Local, data e assinatura dos manifestantes.
A título de efetivarmos ainda mais os nossos conhecimentos acerca do gênero em estudo, analisemos o exemplo a seguir:


A paz e ano 2000
O Manifesto 2000 pela paz.

Reconhecendo a minha cota de responsabilidade com o futuro da humanidade, especialmente com as crianças de hoje e as das gerações futuras, eu me comprometo em minha vida diária, na minha família, no meu trabalho, na minha comunidade, no meu país e na minha região – a:

Respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminação ou preconceito;

Praticar a não violência ativa, rejeitando a violência sob todas as suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis como as crianças e os adolescentes;

Compartilhar o meu tempo e meus recursos materiais em um espírito de generosidade visando o fim da exclusão, da injustiça e da opressão política e econômica; Defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, dando sempre preferência ao diálogo e a escuta do que ao fanatismo, a difamação e a rejeição do outro;

Promover um comportamento de consumo que seja responsável e práticas de desenvolvimento que respeitem todas as formas de vida e preservem o equilíbrio da natureza no planeta;

Contribuir para o desenvolvimento da minha comunidade, com a ampla participação da mulher e o respeito pelos princípios democráticos, de modo a construir novas formas de solidariedade.




Até mesmo os gêneros, assim como tantos outros elementos do cotidiano, aos poucos, estão se adaptando às necessidades de expressão e ao dinamismo que hoje norteiam a realidade circundante. Diante de tal pressuposto, notamos uma divergência do exemplo exposto em relação ao modelo padrão, haja vista tratar-se de um documento veiculado em meio eletrônico, percebemos que ao invés de o discurso assumir um caráter coletivo, cada pessoa declarou em 1ª pessoa seu compromisso com uma vida melhor, com vistas a promover a paz, justiça, solidariedade, respeito ao meio ambiente, democracia, dentre outros propósitos.

 

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