quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?, por Paul Gauguin

                                                                               Paul Gauguin (1897)

Diante de Gauguin e de Van Gogh desenvolvi um complexo de inferioridade porque eles souberam se perder. Gauguin no seu exílio. Van Gogh na sua loucura. Penso sempre que para encontrar a autenticidade é preciso que algo entre em colapso.” (Jean Paul Sartre)


Como acontece demasiadas vezes, só podemos compreender a arte depois de percebermos o artista! Acho que o mesmo se passa com as pessoas: sem compreendermos a sua história, o seu percurso, corremos o estúpido risco de sermos injustos, quando analisamos o seu presente!

Mas a discutível verdade, é axiomática em Paul Gauguin, cuja vida errática é imprescindível para interpretar a sua obra. A infância apanha-o em fuga de Paris para o Peru, numa viagem que o seu pai nunca acabou, regressando à cidade da luz onde viveu a puberdade, para ceder aos apelos mundanos e conhecer o mundo na pele de um marinheiro. Perto dos trinta, tudo indica que estava condenado ao medíocre anonimato, até que um revés financeiro (falência da Bolsa de Paris) lhe aguçou o engenho e a coragem! Abandona um casamento e casa em segundas núpcias com a vida boémia e a criação artística, numa paixão que se transformou em amor sincero para o acompanhar para o resto da vida!

Paul Gauguin na década de 1880

Numa das suas viagens, encanta-se com o Taiti, onde reside os anos finais da sua vida! E é nesta ilha que pinta a majestosa obra "De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? ", um verdadeiro tributo sobre a sua existência, um monumento em silêncio reflectivo. Envolto em tons quentes, tendo o azul do mar e do céu como paisagem, rodeado das mulheres que tanto venerava, desenha-nos o ciclo da vida, desde o petiz à direita, à velha no lado esquerdo, passando pela idade adulta, num ciclo de vida, tão rápida e efémero como a existência!

A sua introspecção ao pintar a obra conduziu-o ao suicídio! Mas nem aqui Gauguin concretizou os seus intentos: o arsénico não o matou, fazendo-o esperar mais quatro anos pela morte, que lhe surgiu na forma de sífilis…

Com uma explosão de cores chapadas sobre um desenho sintético e de traços vigorosos, a pintura pós-impressionista de Gauguin exerceu grande influência na evolução da arte moderna.



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