segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

REDAÇÃO NOTA 10: HUMOR

UFRJ-2007 TEMA: “Qual é a relação entre os estados de humor e as experiências da vida cotidiana?”.

BALANÇA DE HUMORES

No contexto atual, basta que qualquer pessoa ligue a televisão para ser bombardeada por programas e propagandas que exaltam a felicidade suprema de seus personagens. Sempre belas, sorridentes e livres de problemas, aquelas imagens passeiam diante de olhos confusos, que não conseguem enxergar tamanho bom humor perpétuo em suas vidas reais tão atribuladas. De fato, se fossem levados em conta somente as dificuldades diárias com as quais os indivíduos têm de lidar, o mau humor deveria ser o sentimento predominante. Entretanto, equilíbrio se faz necessário, para que seja possível manter um mínimo de leveza ao cotidiano.

O dito popular “rir é o melhor remédio” já se tornou clichê. Porém, ele se faz muito válido e coerente nos dias atuais. Em um contexto de novas e avançadas tecnologias, que possibilitam grandes e inovadoras pesquisas, a medicina descobriu que o bom humor pode mesmo salvar vidas. Uma pessoa que enfrenta os problemas de saúde com uma atitude positiva, que ri mais do que se lamenta, se torna mais otimista, e tem maiores chances de conseguir vencer a doença. Para os que questionam esses dados, terapias alternativas vão pelo mesmo caminho, e já são a primeira opção de pessoas que acreditam mais no poder de boas risadas do que no de remédios e drogas violentas, e enxergam resultados eficientes.

Há que defenda, contudo, que na atualidade só há lugar para o mau humor. Vive-se uma realidade capitalista, na qual o ter em detrimento do ser é a idéia de felicidade difundida pela mídia, que incentiva o consumismo desenfreado. Como as desigualdades sociais são profundas, nem todos podem ter acesso a esse ideal propagado, o que gera ressentimento e sensação de incompletude. Isso somado ao mercado de trabalho profundamente competitivo e exigente, a realidade circundante seria um verdadeiro quadro de pessimismo e resignações. Não haveria espaço para o bom humor, e aqueles que riem da vida estariam somente mascarando sentimentos mais profundos.

No entanto, os defensores dessa idéia não entendem que o bom humor é imprescindível para que seja possível suportar a atribulada vida contemporânea. Sem o mínimo de abstração, não seria possível enxergar que há muito mais do que uma realidade difícil. Freud já apontava o bom humor como característica do ser humano sadio, que sabe rir de si mesmo e brincar até com as mais complicadas situações. Não se pode negar o contexto atual, pois isso constituiria um perigoso processo de negação. Porém, é preciso não se levar tão a sério para conferir o mínimo de leveza à vida, e se recusar a isso pode acarretar sérios problemas de estresse e angústia.

Dessa maneira, é possível perceber que existe uma relação direta entre os estados de humor e as experiências da vida cotidiana. Entretanto, é necessário que se enfrente essas situações de maneira equilibrada. Aquele que enxerga somente o lado pesado e difícil se torna um indivíduo infeliz e ressentido, a personificação do mau humor. É certo que o bom humor constante pode ser sinal de insensatez, mas, por outro lado, a dosagem correta pode ser a resposta para tantas aflições. Para isso, é preciso reflexão e discernimento tanto para não acreditar totalmente nos ideais de felicidade propostos pela mídia de massa, quanto para não se render às desgraças que nos cercam. Se a balança, contudo, tiver que pender para um lado, que seja o da alegria. Rir, por definição, é muito melhor do que reclamar.


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