A monumental fachada de Santa Maria del Fiore, Piazza Duomo, 17, Firenze, Toscana/Itália
História
O Duomo de Florença, como o vemos hoje, é o resultado de um trabalho que
se estendeu por seis séculos. Seu projeto básico foi elaborado por Arnolfo di
Cambio no final do século XIII,
sua cúpula
é obra de Filippo Brunelleschi, e sua fachada teve
de esperar até o século XIX para ser concluída. Ao longo deste
tempo uma série de intervenções estruturais e decorativas no exterior e
interior enriqueceriam o monumento, dentre elas a construção de duas sacristias
e a execução de esculturas e afrescos por Paolo Uccello,
Andrea del Castagno, Giorgio
Vasari e Federico Zuccari, autor do Juízo Final
no interior da cúpula. Foi construída no lugar da antiga catedral dedicada a Santa Reparata, que
funcionou durante nove séculos até ser demolida completamente em 1375.
Mino de Cantoribus sugeriu a substituição de Santa Reparata por uma
catedral ainda maior e mais magnificente, de tal forma que "a indústria
e o poder do homem não pudessem inventar ou mesmo tentar nada maior ou mais
belo", e estava preparado para finaciar a construção. Entretanto,
esperava-se que a população contribuísse, e todos os testamentos
passaram a incluir uma cláusula de doação para as obras. O projeto foi confiado
a Arnolfo em 1294,
e ele cerimoniosamente lançou a pedra fundamental em 8 de setembro
de 1296.
Arnolfo trabalhou na construção até 1302, ano de sua morte, e
embora o estilo dominante da época fosse o gótico, seu projeto foi concebido
com uma grandiosiddade clássica. Arnolfo só pôde trabalhar em duas capelas e na
fachada, que ele teve tempo de completar e decorar só em parte. Com a morte do arquiteto
o trabalho de construção sofreu uma parada.
Um novo impulso foi dado quando em 1330 foi descoberto o
corpo de São Zenóbio em Santa
Reparata, que ainda estava parcialmente de pé. Giotto di
Bondone então foi indicado supervisor em 1334, e mesmo que não
tivesse muito tempo de vida (morreu em 1337) ele decidiu
concentrar suas energias na construção do campanário. Giotto foi sucedido por Andrea Pisano
até 1348,
quando a peste
reduziu a população da cidade de 90 mil para 45 mil habitantes.
O relógio de Uccello
Sob Francesco Talenti,
supervisor entre 1349
e 1359,
o campanário foi concluído e preparou-se um novo projeto para o Duomo, com a
colaboração de Giovanni di Lapo Ghini: a
nave central foi dividida em quatro espaços quadrangulares com duas alas
retangulares, reduzindo o número de janelas planejadas por Arnolfo. Em 1370 a construção já
estava bem adiantada, o mesmo se dando com o novo projeto para a abside, que foi
circundada por tribunas
que amplificaram o trifólio de Arnolfo. Por fim Santa Reparata terminou de ser
demolida em 1375.
Ao mesmo tempo continuou-se o trabalho de revestimento externo com mármores e
decoração em torno das entradas laterais, a Porta dei Canonici (sul) e a
Porta della Mandorla (norte), esta coroada com um relevo da Assunção,
última obra de Nanni di Banco.
Contudo, o problema da cúpula ainda não fora resolvido. Brunelleschi fez
seu primeiro projeto em 1402,
mas o manteve em segredo. Em 1418, a Opera del Duomo, a centenária empresa
administradora dos trabalhos na Catedral, anunciou um concurso que Brunelleschi
haveria de vencer, mas o trabalho não iniciaria senão dois anos mais tarde,
continuando até 1434.
A Catedral foi consagrada pelo Papa Eugênio IV
em 25 de março
(o Ano Novo florentino) de 1436, 140 anos depois do início da construção. Os arremates
que ainda esperavam conclusão eram a lanterna da cúpula (colocada em 1461) e o revestimento
externo com mármores brancos de Carrara, verdes de Prato,
e vermelhos de Siena,
de acordo com o projeto original de Arnolfo.
A fachada
A fachada original, desenhada por
Arnolfo di Cambio, só foi começada em meados do século XV,
realizada de fato por vários artistas em uma obra coletiva, mas de toda forma só
foi terminada até o terço inferior. Esta parte foi desmantelada por ordem de Francesco I de Medici
entre 1587 e 1588, pois era considerada
totalmente fora de moda naquela altura.
O concurso que foi aberto para a
criação de uma nova fachada acabou em um escândalo, e os desenhos subseqüentes
que foram apresentados não foram aceitos. A fachada ficou, então, despida até o
século XIX,
mas estatuária e ornamentos originais sobrevivem no Museu Opera del Duomo e em museus de Paris e Berlim.
Em 1864, Emilio de Fabris venceu um
concurso para uma nova fachada, que é a que vemos hoje, um enorme e magistral
trabalho de mosaico em mármores coloridos em estilo neogótico,
com uma volumetria dinâmica e harmoniosa. Pronta em 1887, foi dedicada à Virgem Maria,
e é ricamente adornada com estatuária de elegante e austero desenho. Em 1903 terminaram-se as
monumentais portas de bronze, com várias cenas em relevo e outras decorações.
Interior
Sua planta é basilical,
com três naves, divididas por grandes arcos suportados por colunas monumentais.
Tem 153 metros de comprido por 38 metros de largo, e 90 metros no transepto.
Seus arcos se elevam até 23 metros de altura, e o cume da cúpula, a 90 metros.
Suas decorações internas são
austeras, e muitas se perderam no curso dos séculos.
Alguns elementos acharam
abrigo no Museu Opera del Duomo, como os coros de Luca della Robbia
e Donatello.
Subsistem também os monumentos a Dante,
a John Hawkwood,
a Niccolò da Tolentino, a Antonio d'Orso, e os
bustos de Giotto (de Benedetto da Maiano), Brunelleschi (de Buggiano
- 1447), Marsilio Ficino, e Antonio Squarcialupi.
Sobre a porta de entrada há um relógio colossal
com decoração em pintura de Paolo Uccello, e acertado de acordo com a hora
italica, uma divisão do tempo comumente empregada na Itália até o século XVIII,
que dava o por-do-sol como o início do dia.
Os vitrais são os maiores em seu
gênero na Itália entre os séculos XIV e XV, com
imagens de santos do Velho e Novo Testamento.
O crucifixo é obra de Benedetto da Maiano, a talha do coro de Bartolommeo Bandinelli, e
as portas da sacristia são de Luca della Robbia.
Interior da cúpula, com afresco de Giorgio Vasari e Federico Zuccari representando o Juízo Final
Três detalhes que não podem passar despercebidos são a monumental cúpula de Bruneleschi - repleta de engenhosas soluções para sustentar a lanterna e o telhado a mais de 50 metros de altura, o campanário projetado por Giotto e a pintura Dante e a Divina Comédia, de Domenico di Michelino.
Está rodeada por estátuas, entre elas a cópia de "David", de Michelangelo, sendo que a original se encontra na Galleria dell´Academia; e "Judith e Holoferne", de Donatello.
Também imponente, a Fonte de Neptuno, obra de Bartolomeo Ammannati, pretendia destacar a vocação marítima de Florença. Mas acabou chamando mais atenção porque foi o primeiro nú exposto em praça pública.
Piazza della Signoria, Piazza della Signoria, centro da cidade de Firenze
"David", de Michelangelo, Galleria dell´Academia, Firenze- Toscana/Itália
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