domingo, 13 de março de 2011

Estamos com fome de amor ! (Arnaldo Jabor)


 Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão” Pretensiosamente digo que assino em baixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estãobatendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros etransparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhase saem sozinhas.

Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam,alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos “personal dance”,incrível. E não é só isso não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saberque vão “apenas” dormirem abraçados, sabe essas coisas simples queperdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tãodistante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site derelacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: “Quero um amor pra vida toda!”, “Eu sou pra casar!” até a desesperançada “Nasci pra ser sozinho!”

Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidãode rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos acada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essaverdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, “pague mico”, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: 

“vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida”.

Antes idiota que infeliz!

(Arnaldo Jabor)

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