terça-feira, 9 de agosto de 2011

RAFAEL SANZIO


Rafael Sanzio da Urbino, porque nasceu numa localidade com este nome, em 6 de Abril de 1483.

Como é consabido, na terminologia rosacruciana e não só, cada ser humano tem, em seu interior, o Espírito Interno, parte do Deus Universal, pelo que encerra as Suas potencialidades criadoras, como a capacidade de amar e a energia inesgotável divina, a única que existe, na sua essência, no Seu Princípio.

Rafael trazia em si uma grandiosa capacidade criadora; como diria um antigo filósofo Hindu, ele veio montado num carneiro, Áries.

Sobre a sua vida pouco diremos, mas sim sobre a sua obra, multifacetada, cheia de beleza, de harmonia, de luz, de amor, de paz, de liberdade, de simbolismo.
Comecemos pela sua obra O Casamento da Virgem, no ano de 1504, que se encontra na Pinacoteca de Brera, em Milão.



Na sua obra Iniciação Antiga e Moderna, Max Heindel evidencia dois quadros, um deles, é este, com cenários algo renascentistas.

Cabe a um Rabino a celebração do acto, algum Essénio, porque tanto Maria como José eram membros elevados desta comunidade. Como nos diz o arauto da Escola Rosacruz, Maria era uma alta Iniciada, que ao longo de várias vidas preparou todos os Seus Corpos para cumprir a elevadíssima missão de receber, em seu sagrado ventre, o mais alto Iniciado da Onda de Vida Humana, Jesus. Por sua vez José era outro elevado Iniciado, viúvo, capaz de realizar um acto totalmente puro.

Ao lado da Virgem Maria estão donzelas, puras amigas; do lado de S. José estão jovens dos tempos de Rafael. Ao fundo este génio pintou um templo em forma circular, aquela que mais representa a Unidade da Vida, a União Perfeita, a Associação, a Fraternidade.

Contai o número dos degraus que dão acesso ao Templo… Tudo em Rafael, como em Leonardo ou Miguel Ângelo, tinha uma mensagem espiritual.

Entre elas, Max Heindel foca o número dos dedos do pé esquerdo de S. José: 6 (seis). Uma alusão ao facto de que S. José tinha desenvolvido o sexto sentido, uma elevada intuição que muito o ajudaria na protecção de Jesus e de Maria, seja na fuga para o Egipto, ou na escolha para regressar, ao contacto com o meio social.



 
Estamos perante esse belo quadro da La Belle Jardinière, que está no Museu de Louvre, e que terá sido concebido em 1506.
Que maravilhoso rosto da Madona, angélico, puro, com cabelos de raios de sol, entrelaçados, olhando atenta e bondosamente para o Menino Jesus, tendo a seu lado, o precursor, João Baptista.
Todo o ambiente está cheio de bucolismo, flores, símbolo da pureza, e nos céus alguma condensação da irmã água, mas em tons alvinitentes, encobrindo, parcialmente, o céu azul, da cor do Pai.
Por tudo isso, eis o título do quadro, a Bela Jardineira, que soube semear belas flores, derramando os seus perfumes anímicos para toda a criação.


A Escola de Atenas é um fresco de Rafael Sanzio, com cerca de 7,7m na base,
pintado entre 1509 e 1510 na Stanza della Segnatura sob encomenda do Vaticano.

Em 1508, Rafael trabalha com outros mestres, na Stanza della Segnatura, ou por outras palavras nos aposentos do Papa Júlio II.

O que vemos em cima representa cenas ligadas à cultura ateniense, nos seus tempos áureos de Platão, com a mão e dedo para cima, como que indicando a sua filosofia idealista, platónica, enquanto, a seu lado, surge Aristóteles, mais ligado ao mundo físico.

Nela surgem além de Sócrates, Pitágoras e outros vultos da cultura grega, base da actual civilização ocidental.

Note-se ainda as duas esculturas grandiosas, a de Apolo, com a Lira, a Harmonia e a Luz e a deusa romana, Minerva, símbolo da Sabedoria, no lado oposto.


Detalhe do  fresco em que aparecem ao centro Platão e Aristóteles.
Platão segura o Timeu e aponta para o alto, sendo assim identificado com o ideal,  o mundo inteligível.  Aristóteles segura a Ética e tem a mão na horizontal, representando o terreste, o mundo sensível.


Por menor desta pintura mural, em que vemos Sócrates, um dos  maiores sábios da antiguidade, derramando a sua profunda sabedoria.  


Outro  pormenor do quadro, em que surge Rafael.

Neste trabalho, o tempo e espaço não surge, Rafael nele está presente como um dos que viveu nos tempos áureos da cultura ateniense.


Eis a Madona da Capela Sistina, criada para a Igreja de Santo Sisto, hoje, no Museu da cidade cultural de Dresden, Alemanha.

No Centro a Virgem com o Menino, ladeada pelo Papa, Santo Sisto, que tem seis dedos na mão que aponta, comunicando que ele possui também o sexto sentido e Santa Bárbara, que foi excluída do Calendário Litúrgico pelo Papa Paulo Vi, em 9 de Maio de 1969. Contudo é padroeira dos construtores, como dos prisioneiros, e de todos os que trabalham com o fogo, ou seja os filhos de Caim, da Luz., ou Rafael não fosse um deles.
 

Neste selo emitido pelo Tchad, em que surge a casa natal de Rafael em Urbino, em cima; e, em baixo, Rafael com a sua amada a Margarita, que está no célebre quadro, a Fornarina, diminutivo de fornaio, ligação a padeiro, por ser filho de um profissional deste ramo.


Emissão de um Bloco pela Antigua e Barbuda, com um selo ligado ao famoso quadro de Galateia, a famosa e bela ninfa da mitologia grega, que aqui surge como se fosse Vénus saindo de uma concha, estando Rafael protegendo-a, ou ela não fosse a deusa da Beleza, da Harmonia, da inspiração.


O famoso quadro da Galateia.

Busto da Dante na cidade de Florença, junto a sua casa, o poeta rosacruciano que influenciou Rafael e que teve a honra de ser pintado na sua obra mural sobre o tema: O Santíssimo Sacramento, tendo na cabeça uma coroa de louros.

 
A Transfiguração, por Rafael 
Finalmente, temos o seu maravilhoso trabalho: A Transfiguração de Cristo que estava trabalhando quando de modo algo misterioso acaba por nascer para os mundos superiores, em 1520.

Esta cena tem por base o evangelho segundo S. Mateus, 17: Jesus-Cristo levou Consigo Pedro, Tiago e João, a um alto monte. Transfigurou-se, o seu rosto resplandeceu como o Sol, uma alusão ao Cristo Cósmico; suas vestes ficaram brancas como a Luz na sua origem primária.Surgem Moisés e Elias, conversando com Ele.

Ora Moisés reencarnou em Elias e este em S. João Baptista, e aqueles também receberam a Luz Divina no monte Sinai. Tempo e espaço não existem, tudo é um eterno presente no Mundo de Espírito de Vida.

A transfiguração foi de Jesus, segundo Max Heindel, na obra já citada, esta transformação tem de ser realizada por cada qual, temos de saber servir com amor e humildade e exercitar todas as artes e ofícios de modo a transmutar os vis metais dos corpos inferiores, físico, vital e de desejos, no traje dourado, na Pedra Filosofal, na alma-rubi, preparada e purificada pelo fogo.

Também em Rafael ter-se-á dado profundas transformações. Naquele momento em que ele pintava este quadro, não estaria vendo na Memória da Natureza, esse grandioso facto?
Ele que tinha uma personalidade de elevado canal de Neptuno, fonte de inspiração divina, de um Ego que está ao serviço da vontade do Pai: Faça-se a Sua e não a minha. Ele que, segundo se diz, era um ser formoso, como que tivesse unido dentro de si a princesa, alma, e o príncipe, espírito, os dois pólos, feminino e masculino, quanto não terá lutado para vencer as forças de escorpião, quanto não terá sido mordido pelo seu veneno, transmutando-o na subida pelo canal serpentino da coluna vertebral até ao desenvolvimento de potencialidades criadoras invulgares. A sua obra fala por si, pela sua vida. Toda ela irradia Luz e Amor, Bondade e Harmonia.
 

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