sábado, 5 de novembro de 2011

Goya: "o Shakespeare do pincel" !



Francisco José de Goya y Lucientes (1746 -1828), foi um pintor e gravador espanhol. Conhecido como "Goya, o Turbulento" e considerado às vezes como "o Shakespeare do pincel" suas produções artísticas incluem uma ampla variedade representativa de retratos, paisagens, cenas mitológicas, tragédia, comédia, sátira, farsa, homens, deuses e demônios, feiticeiros, e um pouco do obsceno.

Os primeiros anos

 
Goya nasceu em Fuendetodos, Aragão, Espanha, em 1746, filho de José Benito de Goya y Franque e de Gracia y Lucientes Salvador. Passou sua infância em Fuendetodos, onde sua família morava em uma casa com o brasão da família de sua mãe. O pai ganhava a vida como dourador. Em 1749, a família comprou uma casa na cidade de Zaragoza e alguns anos mais tarde mudou-se para lá.

Birth of the Virgin, 1771-73

Goya frequentou a Escuelas Pias, onde fez uma estreita amizade com Martin Zapater, sendo sua correspondência ao longo dos anos considerada uma valiosa fonte para as biografias de Goya. Aos 14 anos, entrou para a aprendizagem com o pintor Don José Luzan y Martinez. Como era costume na época, começou fazendo cópias de pinturas de vários mestres.


Aos dezessete anos, transferiu-se para Madrid, onde estudou com Anton Raphael Mengs, um pintor que era popular na realeza espanhola. Entrou em choque com seu mestre e seus exames foram insatisfatórios.

Tentou por duas vezes, uma em 1763 e outra em 1766, entrar para a Academia de Belas Artes, sendo rejeitado em ambas as tentativas. Os biógrafos atribuem a Goya todo o tipo de aventuras nos anos que se seguiram, como a de ter-se tornado toureiro em Roma e ter-se envolvido em inúmeras aventuras amorosas.

 
The Parasol, 1777

Ficheiro:Paseo por Andalucia.jpg The Maja and the Masked Men, 1777

No final de 1771, inscreveu-se em concurso da Academia de Belas Artes de Parma, recebendo uma menção honrosa e sua primeira encomenda: o afresco na Igreja Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça. A partir daí, seguiram-se encomendas para o Palácio de Sobradiel e o Monastério Aula Dei. Entre os anos de 1773 e 1774 foram executadas, provavelmente, as últimas pinturas desse período em que esteve em Saragoça.

Ficheiro:La cometa Goya lou.jpg La cometa. 1778


Goya se casou com Josefa Bayeu, irmã dos artistas Francisco e Ramon Bayeu. Enquanto esteve em Madrid, trabalhou para várias fábricas, fazendo desenhos para tapeçarias. São desse período os desenhos que ganharam fama, com reprodução de cenas folclóricas e de paisagens. Contudo, ele não era um artista interessado em paisagens e o fundo de suas obras mostra o pouco interesse que ele tinha por elas.

O reconhecimento

Depois de estabelecido em Madrid, começou a pintar retratos. O mais antigo que se conhece data de 1774, sendo que no ano de 1778 fez nada menos do que quatorze retratos.
No ano de 1780, entrou para a Academia de San Fernando e apresentou a obra "La Crucificada". Nessa pintura, Goya seguiu as regras acadêmicas, provando que era um mestre do estilo convencional. Em 1785, começou a receber encomendas da aristocracia.

Ficheiro:Carlos IV de rojo.jpg Carlos IV de vermelho. 1789

 A primeira encomenda foi para o "Festival Folclórico" do dia de Santo Isidoro. No mesmo ano, executou o primeiro retrato de um membro da nobreza, a Duquesa de Osuna. Em 25 de abril de 1785, depois da morte de Carlos III e da coroação de Carlos IV, foi nomeado "Primeiro Pintor da Câmara do Rei", tornando-se o pintor oficial do monarca e sua família.
Em 1790, pintou um de seus auto-retratos.

A doença

 
Em 1792, numa viagem a Andaluzia, contraiu uma doença séria e desconhecida, transmitida por seu amigo Sebastián Martínez, ficando temporariamente paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo.

Com a doença, perdeu sua vivacidade, seu dinamismo, sua autoconfiança. A alegria desapareceu lentamente de suas pinturas, as cores se tornaram mais escuras e seu modo de pintar ficou mais livre e expressivo.

Parcialmente recuperado, retornou a Madrid no verão de 1793 e continuou a trabalhar como artista da Corte, porém buscou outras inspirações para expressar sua fantasia e invenção sem limite, o que as obras sob encomenda não lhe permitiam.

Devido à doença, Goya passou a não ter mais muito respeito pela aristocracia, expondo nas suas pinturas as verdadeiras identidades e as fraquezas dos modelos. Um exemplo é o retrato do rei Fernando VII da Espanha.

 Seus retratos deste período mostram, todavia, a sua fascinação pelas mulheres e pelas crianças, não igualada por nenhum outro artista, com a possível exceção de Renoir. Dois retratos de mulheres, executados nessa época, mostram claramente essa qualidade: "Doña Antonia Zarate", orgulhosa, ereta, coquete e algo triste; e a "Condesa de Chinchón", o mais terno de seus retratos de mulheres, no qual o rosto infantil e a postura frágil dos ombros contrastam com o traje elegantemente pintado.

Estes retratos foram como um último adeus às alegrias da vida, porque pouco depois Goya se exilou em sua Quinta del Sordo, em Madrid.

As guerras napoleônicas vieram e se foram, e os horrores sofridos pelos espanhóis deixaram um Goya amargo, transformando a sua arte em um ataque contra a conduta insana dos seres humanos, passando a retratar a falta de sentido do sofrimento humano, tanto injusto como não merecido.

Entre os anos de 1810 e 1814, produziu sua famosa série de pinturas "Los Desastres de la Guerra" e suas duas obras primas "El Segundo de Mayo 1808" e "El Tercero de Mayo 1808" .

Goya foi tão importante na pintura quanto na gravura, onde pôde manifestar de forma extremamente expressiva o espírito do humor espanhol, que tende para a deformação e até para o trágico.

Predominam a sátira social, cheia de sarcasmo, os motivos eróticos e a feitiçaria, como obra oposta à razão, pois Goya era um iluminista e fustigava as crendices do tempo. Emblemática é a que traz a inscrição "O sono da razão produz monstros". O charlatanismo, a avareza, a vaidade, são seus alvos.


Os fuzilamentos de 3 de maio 1808

O quadro mostra um gigante se erguendo sobre uma pequena aldeia, cujos moradores e animais fugem de medo. Estudiosos consideram que a imagem representa a resistência espanhola diante das tropas francesas de Napoleão Bonaparte durante a Guerra Peninsular (1808-1814).


Ficheiro:Goya-Guerra (00).jpg

Em 1821, a Inquisição abriu um processo contra Goya por considerar obscenas as suas "Majas", mas o pintor conseguiu livrar-se, sendo-lhe restituída a função de "Primeiro Pintor da Câmara".

Ficheiro:Goya Maja ubrana2.jpg

A Maja Vestida. Museo del Prado

 

 

Os últimos anos

Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas "pinturas negras", as últimas e mais misteriosas de seu gênio atormentado, como "Saturno devorando a un hijo" (1815) que se encontra atualmente no Museu do Prado.
Esta pintura constitui uma referência aos conflitos internos de Espanha, durante o reinado absolutista de Fernando VII, mas será também um reflexo da degradação da sua saúde física e mental.

Pinturas Negras (1819 - 1823) é o nome que recebe uma série de quatorze quadros de Francisco de Goya pintados com a técnica de óleo al secco (sobre a superfície de reboco da parede) como decoração dos muros da sua casa, chamada a Quinta del Sordo, que o pintor adquiriu em Fevereiro de 1819 e que foram trasladadas para tela em 1873. Atualmente conservam-se no Museu do Prado de Madrid.

Ficheiro:La romería de San Isidro.jpg A romaria de Santo Isidro.



Ficheiro:Francisco de Goya, Saturno devorando a su hijo (1819-1823).jpg Saturno devorando um filho.

Ficheiro:El Aquelarre.jpg

Ficheiro:Cabezas en un paisaje.jpg Cabeças em uma paisagem.

 Duelo a bordoadas.


Ficheiro:Viejos comiendo sopa.jpg Dois velhoa comendo sopa.

No quadro aparecem dois personagens anciãos, quer homens quer mulheres. O da esquerda, com lenço branco, desenha uma careta com a sua boca, possivelmente pela falta de dentes. O outro personagem contrasta vivamente com ele: de rosto de cadáver, os seus olhos são dois ocos pretos, e a sua cabeça tem em geral o aspecto de uma caveira.

As pinceladas estão aplicadas de modo muito livre, decidido e rápido. São broxadas cheias, com muita pasta de pintura, as que definem os dedos artríticos ou a colher. Também há um amplo uso da técnica da aplicação de pigmento com espátula.

Como em todas as Pinturas negras, a gama cromática reduz-se a ocres, terras, grises e pretos. O quadro é um expoente das características que o século XX considerou como precursoras do expressionismo pictórico.
Em 1824, Goya se exilou em Bordeaux, França, vindo a morrer quatro anos depois naquela cidade.

     A sátira está entretanto ausente na coleção mais célebre de Goya, "Os desastres da guerra" (1810-1814), na qual o artista rememora as atrocidades das invasões napoleônicas na Espanha. É também o Goya mais "heróico", que exalta os patrícios -- sobretudo as mulheres -- e mostra a infâmia dos invasores: uma sucessão de mutilações, fuzilamentos, saques, tentativas de estupro e outros males da guerra.

   

La romería de San Isidro.jpg
A romaria de Santo Isidro


Os desastres da guerra é uma série de 82 gravuras do pintor espanhol Francisco de Goya, realizada entre 1810 e 1815. O horror da guerra é amostrado especialmente cru e penetrante nesta série. As estampas detalham as crueldades cometidas na Guerra da Independência Espanhola.

Ficheiro:Goya-Guerra (30).jpg
Os desastres da guerra  nº30

Ficheiro:Goya-Guerra (05).jpg
Os desastres da guerra nº05


Ficheiro:Goya-Guerra (33).jpg
Os desastres da guerra nº 33

Ficheiro:Goya War4.jpg
Os desastres da guerra nº 04

Ficheiro:Goya War3.jpg
Os desastres da guerra nº 03

 
 
"O Colosso" teria sido pintado por Asensio Julia, um discípulo de Goya, na época em que tropas de Napoleão invadiram a Espanha; museu apontou pobreza de técnica, luz e cores em comparação com obras autênticas
"O Colosso" teria sido pintado por Asensio Julia, um discípulo de Goya, na época em que tropas de Napoleão invadiram a Espanha; museu apontou pobreza de técnica, luz e cores em comparação com obras autênticas

"O sono da razão produz monstros"

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