quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Como ser Arte-educador?


 
Certamente não é seguindo receitas nem modelinhos prontos… Parece ser um consenso, que eu não sei dizer de onde se originou, de que pessoas ligadas a arte e ensino de arte têm que ser “malucas”.
Veja se você já não cruzou com um tipo destes:
Geralmente munidos de um cartãozinho de visitas “mudernoso”, em geral coloridéééérrimo, ilustrado com alguma reprodução mais-que-batida de algum trabalho pop-new-vanguardista-fashion de um artista mundialmente-conhecido-entre-os-amigos-do-bairro (isso quando não do próprio), seguido de um nome artístico, naturalmente inventado, para representar sua identidade artística (sic).
Debaixo do braço vem sempre um portfolio feito em papel reciclado, ou em um papel ultra-caro mas envelhecido artesanalmente com colagens e costuras também artesanais (leia-se mal-feitas, mesmo). Não sei de onde vem a idéia grotesca de que artesanato tem que ter aspecto de mal acabado. Reciclagem também está na moda! Mesmo as feitas com técnicas absurdas usando cloro, por exemplo. Mas isso é outro assunto, estamos falando de estilo aqui, não de ideologia!
Dentro do portfolio, uma coleção de aberrações artísticas e/ou estéticas como as fotos — geralmente umas digitais de péééssima qualidade gráfica, impressas na casa d´algum conhecido, em papel sulfitão escolar —, de alguma instalação ou da última performance. Esse povo a-do-ra instalações e performances, pode acreditar! Eles em geral não sabem o que significa nem uma coisa, nem outra, mas adoram.
As benditas performances/instalações foram feitas e/ou apresentadas no bar-espaço-cultural-oficina-ou-qualquer-outra-coisa-semelhante durante a “última vernissagem do livro”. Sim, a últimA, vernissageM, e do livro. Isso porque com raríssimas e honrosas exceções a maioria nem sabe que vernissage é uma palavra masculina, não sabe que esta mesma palavra não é vernissagem, muito menos sabe que não existe vernissage de livro.
O povinho auto-intitulado-mas-sem-saber-bem-o-que-significa-ser-arte-educador também tem um figurino-padrão. Qualquer coisa estapafúrdia. Vale desde peças de brechó (nome chique dado ao casaco puído que descolou no baú da casa da tia-avó), até figurinos pseudo-étnicos. Em tempo: Um figurino peseudo-étnico é uma coisa meio na linha pega-uma-canga-que-comprou-nas-férias-na-praia-com-estampa-semi-africana,-e-faz-uma-saia-envelope-mal-acabada, e usa junto com uma blusinha que descolou num “bacião” na feira oriental de bairro, com uma estampa de qualquer Mangá ou herói de quadrinhos pseudo-intelectual na frente, em purpurina. Complementa tudo com uma bolsa feita de crochê de lacres de refrigerante (Lembra da reciclagem? Pois é…) e calça um coturno velho acompanhado de uma sobreposição de meia-arrastão preta por cima de outra, fio 40 verde-limão (ou qualquer outra cor discreta assim). Se estiver frio, um casado tamanho over sized, de preferência de pelúcia roxa com gola de arminho vermelho.
Por quê dessa roupa? Hora bolas, para “expressar sua individualidade”, só que, na prática acaba é ficando igual a todo mundo: com cara de doido! Ah, e doido pobre, porque se for doido rico, é tudo igual, só que de grife. Algo meio, digamos assim, na linha hippie de butique… Um figurinho entre boneca Emília e Baby Ex-Consuelo, com pitadas de Barbie-vai-ao-camping…
Qual o problema disso? Nenhum, se não fosse quase que obrigatório se vestir dessa forma para ser levado a sério nesse mundinho de pseudo-intelectuais! Como se só doidos-sem-gosto possam ter o supremo privilégio de ensinar arte. Santa ignorância-Batman!
Agora, se você quer ser um arte-educador dos bons mesmo, desencane do traje. Vista o que estiver afim, vá onde tiver vontade e estude. Muito e sempre. Se informe, experimente, aprenda, questione, leia, ouça, veja e, principalmente, tenha abertura para entender que estereótipos não levam a nada, nem na vida, nem na arte.

Jurema Sampaio é Mestre em Artes Visuais, especialista em Ensino e Produção de Arte, licenciada em Arte-Educação, Desenho e Artes Plásticas (PUC-Campinas). Atualmente cursa Doutorado. Professora Universitária.

Um comentário:

  1. Olá.
    Preciso dizem o quanto esse texto me decepcionou. Não conhecia o blog, e cheguei aqui através de " um google que dei", procurando por algo relevante de verdade em "COMO SER UM ARTE EDUCADOR".
    Tenho trinta anos, tenho uma formação acadêmica que não me satisfaz mais, e quero mudar completamente de área.
    E tenho que compreender que a internet é livre, e cada um pode sim postar/publicar/expressar sua opinião da forma que quiser, e quando quiser... Mas esse texto está repleto, aliás somente, de opinião pessoal.
    Está escrito ali do lado, que o "Este blog visa complementar o material de estudo dos alunos do ensino médio...", porém apenas no ÚLTIMO parágrafo, que diz que tem que estudar muito, ouvir, ler, etc... Mas não indica o que, como, onde e quando. Ou seja, texto vazio, sem informações que são realmente relevantes, tanto para mim, quanto para os alunos do ensino médio.. Um texto assim, nem é convidativo para querer ler outros posts.
    Alguém que queira disseminar informações, deve ter o mínimo de responsabilidade social, em disseminar algo coerente e verdadeiro, mesmo que venha acompanhado da sua própria opinião sobre a "moda dos artes educadores"...Mas nem isso o texto tem.
    Tive que escrever tudo isso, pela minha indignação em ver um texto tão vazio.

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