terça-feira, 25 de junho de 2013

A Capela Sistina (e sua saga)




A Capela Sistina deve seu nome ao Papa Sisto IV Della Rovere e foi inaugurada em 15 de agosto de 1483.O interior da capela consiste numa longa e única nave, cujas dimensões, 13,41m x 40,23m, correspondem as dimensões do Templo de Jerusalém. A divisão entre o presbitério e o corpo da capela, além das pinturas originais, são aspectos que atestam o desejo do Papa de criar uma versão renascentista das grandes basílicas romanas, sem entretanto deixar de lado a ligação da Igreja Católica com as tradições paleocristãs e medievais.

Capela Sistina – Visão Interna

Capela Sistina – Vista Externa
 
Em 10 de maio de 1508, Michelangelo começa o gigantesco trabalho de decoração da Capela, que lhe fora imposto pelo Papa Julio II, sobrinho de Sisto IV. A primeira atitude do artista é recusar o andaime construído especialmente para a obra por Bramante.
Determina que se faça outro, segundo suas próprias idéias.
Em segundo lugar, manda embora os pintores que lhe haviam sido dados como ajudantes e instrutores na técnica do afresco.
Terceiro, resolve pintar não só a cúpula da capela, mas também suas paredes.


Capela Sistina – Teto – Detalhe
 
Capela Sistina – Teto
 
O teto da Capela Sistina é um espaço de grande significado simbólico no Vaticano por ser onde se realizam as eleições papais. A Capela já era decorada com uma série de afrescos importantes nas paredes, e a tarefa de Michelangelo foi a de decorar o teto, pintado apenas de um azul pontilhado de estrelas.
Ainda sob o papado de Sisto IV, começaram as decorações das paredes. Pedro Perugino, Cosimo Roselli, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio, professor de Michelangelo, e Luca Signorelli pintaram quadros da vida de Moisés e de Jesus Cristo, além de uma série de Papas entre as janelas, seis no alto de cada parede lateral.
 
Afrescos
Afrescos inspirados em cenas do Velho e do Novo Testamento decoram as paredes laterais, assim como o teto. A Entrega das Chaves a São Pedro – Perugino

Precisamente, na parede esquerda, a partir do altar, estão as cenas do Velho Testamento a representar:
1 – Moisés a caminho do Egito e a circuncisão de seus filhos, obra de Pinturicchio;
2 – Cenas da Vida de Moisés, de Botticelli;
3 – Passagem do Mar Vermelho, de Cosimo Rosselli;
4 – Moisés no Monte Sinai e a Adoração do Bezerro de Ouro, de Rosselli;
5 – A Punição de Korah, Natan e Abiram, de Botticelli;
6 – A Morte de Moisés, de Lucas Signorelli.

Na parte direita, também a partir do altar, as cenas do Novo Testamento:
1 – O Batismo de Jesus, de Pinturicchio;
2 – Tentação de Cristo e a Purificação do Leproso, de Botticelli;
3 – Vocação dos Apóstolos, de Ghirlandaio;
4 – Sermão da Montanha, de Rosselli,
5 – A Entrega das Chaves a São Pedro, de Perugino;
6 – A Última Ceia, de Rosselli.

Entre as janelas, seis de cada lado, figuram 24 retratos de papas, pintados por Botticelli, Ghirlandaio e Fra Diamante. Rafael realizou uma série de tapeçarias que, em ocasiões especiais, vestem as paredes.
Capela Sistina – Parede Lateral
Michelangelo pintou a parte superior da parede onde ficam os janelões
 
A ideia inicial de Júlio II era de apenas doze grandes figuras dos Apóstolos, mas Michelangelo concebeu um conjunto de sete Apóstolos e mais as cinco sibilas da mitologia grecorromana, uma escolha bastante incomum mas não inteiramente inédita para um teto de capela.

Acrescentou ainda quarenta ancestrais de Cristo, uma longa série de cenas do Genesis, vários nus e outras figuras acessórias, compondo um grupo de trezentas figuras dividido em três grupos: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e sua queda e, por fim, a Humanidade representada por Noé.
Capela Sistina – Teto – Criação do Homem – Detalhe
As figuras exibem uma força e majestade sem precedentes na pintura ocidental. Todo o tom da obra é monumental, é grandiloquente sem ser puramente retórico, mas possuindo alta poesia, inaugurando uma forma inteiramente nova de representar o trágico, o heróico e o sublime, e também o movimento e o corpo humano.

 
Capela Sistina – Teto – Deus – Detalhe

Sua interpretação temática tem sido objeto de intenso debate desde o momento de sua apresentação pública, e muitos a tem comparado com um grande panorama da evolução humana dentro de um escopo cósmico, num entendimento do Antigo Testamento como uma preparação para a vinda de Cristo, ou como uma interpretação neoplatônica dos eventos bíblicos sob uma óptica de relacionamento Deus-Homem particularmente dramática.

Michelangelo anos mais tarde disse que a concepção da iconografia se devia a ele, mas para quem não tinha uma grande erudição nem sabia latim, a complexidade simbólica das cenas parece estar além de sua capacidade de conceituação. Hartt disse que tem sido sugerido que ele teve um conselheiro teológico na elaboração do programa temático do teto na pessoa de Marco Vigerio della Rovere, um franciscano parente do papa.

 As cenas são compostas sem relação espacial umas com as outras ou com as figuras laterais, e o painel não pode ser observado a partir de um único ponto de vista. É a fase do Michelangelo herói.
Tal como Prometeu, rouba ao Olimpo o fogo de sua genial inspiração, embora os abutres das vicissitudes humanas não deixem de acossá-lo. O trabalho avança muito lentamente. Por mais de um ano, o papa não lhe paga um centavo sequer. Sua família o atormenta com constantes pedidos de dinheiro. A substância frágil das paredes faz logo derreter as primeiras figuras que esboçara. Impaciente com a demora da obra, o papa constantemente vem perturbar-lhe a concentração para saber se o projeto frutificava.

O diálogo é sempre o mesmo:
- Quando estará pronta a minha capela?
- Quando eu puder!

Irritado, Júlio II faz toda a sorte de ameaças. Chega a agredir o artista a golpes de bengala, que tenta fugir de Roma. O papa pede desculpas e faz com que lhe seja entregue – por fim – a soma de 500 ducados. O artista retoma a tarefa. No dia de finados de 1512, Michelangelo retira os andaimes que encobriam a perspectiva total da obra e admite que o papa entre na capela. A decoração estava pronta.
A data dedicada aos mortos convinha bem a inauguração dessa pintura terrível, plena do Espírito do Deus que cria e que mata.

fonte: http://www.biografia.inf.br/

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