terça-feira, 25 de junho de 2013

O Juízo Final (e infernal) de Michelangelo


Ficheiro:Rome Sistine Chapel 01.jpg
 Nada melhor que suas próprias idéias sobre pintura para definir essa obra e o homem que a criou:

“A boa pintura aproxima-se de Deus e une-se a Ele… Não é mais do que uma cópia das suas perfeições, uma sombra do seu pincel, sua música, sua melodia… Por isso não basta que o pintor seja um grande e hábil mestre de seu oficio. Penso ser mais importante a pureza e a santidade de sua vida, tanto quanto possível, a fim de que o Espírito Santo guie seus pensamentos…” Michelangelo


O Juízo Final é um afresco do pintor renascentista italiano Michelangelo Buonarroti medindo 13,7 m x 12,2 m, pintado na parede do altar da Capela Sistina. É, na visão do artista, uma representação do Juízo Final inspiradas na narrativa bíblica.

Nesta pintura, Michelangelo, que nascera no ano em que a capela foi construída, dedicou todo seu engenho e força de 1535 a 1541. Já havia travado um ardoroso combate com Júlio II durante o período de pintura do monumental Teto da Capela Sistina. Uma confrontação de dois espíritos fortes e audazes, sem dúvida. O trabalho fora encomendado pelo Papa Clemente VII, mas só com a morte deste teve início, já no pontificado de Paulo III, que ratificou o contrato.

O afresco ocupa inteiramente a parede atrás do altar. Para sua execução, duas janelas foram fechadas e algumas pinturas da época de Sisto IV apagadas: os primeiro retratos de Papas; a primeira cena da vida de Cristo e a primeira da vida de Moisés; uma imagem da Virgem da Assunção de Perugino, e as primeiras duas lunettes, onde o próprio Michelangelo havia pintado os ancestrais de Cristo.

A grandiosidade da personalidade do grande mestre se revela aqui, com toda sua potência, devido sobretudo à concepção e a força de realização da obra.


 
Aqui, Michelangelo não expressa vigorosamente o conceito de Justiça Divina, severa e implacável em relação aos condenados. O Cristo, parte central da composição, é o Juiz dos eleitos que sobem ao Céu por sua direita, enquanto os condenados, abaixo de sua esquerda, esperam Caronte e Minos.

A ressurreição dos mortos e os anjos tocando trombetas completam a composição.
 
O Juízo Final é um célebre afresco canônico, criado pelo renomado renascentista italiano Michelangelo, e está na parede do altar da Capela Sistina, no Vaticano. O trabalho precisou de quatro anos para ser concluído, começando em 1536 e sendo concluído em 1541, vinte anos após a conclusão do Teto da Capela Sistina. A obra é majestosa, com 13,7 metros de largura por 12,2 de altura, aproveita toda a parede que fica atrás do altar, e descreve a Segunda Vinda de Cristo e o Juízo Final, como narrado na Bíblia. As almas dos seres humanos ascendem ao Paraíso ou descem ao Inferno, dependendo de como são julgados por um Cristo cercado de santos importantes como Pedro, Catarina de Alexandria, Lourenço, Bartolomeu, Paulo e João Batista.


 
Esse afresco também é conhecido por toda a polêmica que causou, provocando longos debates entre os críticos da Contra-Reforma Católica e os que visualizaram a genialidade de Michelangelo e seu estilo maneirista. O artista foi acusado de ser extremamente insensível ao evento descrito, imprimindo um estilo muito pessoal e “inadequado” ao conteúdo da obra. O Concílio de Trento criou decretos expondo que tais “manipulações” de representações sacras não eram permitidas, e toda arte que tivesse essa característica era passível de censura e até destruição.
 Após o Mestre de Cerimônias do Papa, Biagio de Cesena, dizer que a pintura “era uma completa desgraça, por expor figuras despidas, provocando uma completa vergonha” e que não era uma obra para ficar numa capela, mas em “banheiros públicos e tavernas”, Michelangelo usou Minos, o Juíz do Submundo (no canto inferior direito da pintura) para fazer uma representação de Cesena, dando-lhe orelhas de burro, enquanto sua nudez foi coberta com uma cobra. Cesena reclamou com o Papa, que brincou dizendo que “sua jurisdição não se estendia até o Inferno, e que por isso nada podia fazer, e que a pintura continuaria na capela”.
A maioria das genitálias expostas foram cobertas após a morte de Michelangelo (1564), por Daniele da Volterra, outro artista maneirista, quando o Concílio de Trento condenou a nudez na arte sacra. O decreto dizia: “Toda superstição deverá ser removida. Toda lascividade deve ser evitada; de tal modo que as imagens não devem ser pintadas ou enfeitadas com referências à luxúria”. Além disso, nenhuma imagem sacra poderia ser exibida em público sem a autorização de um bispo.
Muitos teóricos acreditam que Michelangelo se retratou na pele esfolada de São Bartolomeu, demonstrando todo o desprezo que Michelangelo teria sentido ao ser contratado para pintar “O Juízo Final”. Apesar de ser uma teoria popular, a maior parte dos estudiosos da arte histórica refuta fortemente essa teoria.

Michelangelo costumava se desenhar de maneiras em que ele perdesse todo seu poder. Ele sempre foi um forte questionador sobre a morte, e do próprio Juízo Final, que é usado como uma das maiores referências de seu trabalho. Ao terminar o “Juízo Final”, Michelangelo já estava no fim dos seus 60 anos, e a pele descamada de Bartolomeu representaria o um renascimento. Também foi teorizado, que a figura de São Bartolomeu foi usada para descrever o escritor erótico e satírico Pietro Aretino, que tentou extorquir uma valiosa pintura de Michelangelo, mas essa teoria é amplamente refutada, pois esse conflito entre os dois não ocorreu até 1545, sete anos depois da conclusão de o “Juízo Final”.
O afresco foi restaurado junto com a abóbada da Capela Sistina entre os anos de 1980 e 1994, sob a supervisão de Frabrizio Mancinelli, curador do Museu do Vaticano. Durante o curso da restauração, foram removidas muitas censuras, expondo muitos detalhes da arte original de Michelangelo, que antes estavam escondidos sob fumaça por dezenas de anos.
Descobriu-se que a representação de Biagio de Cesena, como Minos e suas orelhas de burro, estava sendo atacada na genitália por uma cobra. Outra descoberta foi um indivíduo condenado ao Inferno, logo abaixo e à direita de São Bartolomeu, esse indivíduo por muito tempo foi tratado como masculino, mas após a remoção da folha de figo, descobriu-se que se tratava de uma figura feminina.
O foco principal da imensa composição é a figura de Cristo, que aparece no alto, no centro da parede, com um amplo espaço aberto abaixo.
Ficheiro:Michelangelo Buonarroti 004.jpg 
Capela Sistina – Juízo Universal – Detalhe – Cristo – Afresco – 1508
Sob o poder biblicamente intimidante de seu gesto, parece levantar-se um turbilhão que envolve por inteiro a cena celestial – santos e virgens, profetas, mártires, apóstolos. Podem ser identificados: São João Batista, na pele de camelo; São Pedro, com as chaves; Santo André, com uma cruz; São Lourenço, com a grelha; São Bartolomeu, segurando sua própria pele flácida na qual o artista pintou seu angustiante auto-retrato; São Simão, com a serra; São Basílio, com o pente para tratar a lã; Santa Catarina, com a roda; São Sebastião, com as flechas. O grande turbilhão poupa apenas a Virgem Maria, pintada em sua tristeza, e se estende para o alto e termina por circundar as cenas nas meias-luas – a “Exaltação da Cruz” e “Os instrumentos da Paixão”. Mais uma vez o gesto de Cristo representa a força gravitacional de um segundo turbilhão que se move violentamente para cima e para baixo criando um mar celestial no qual anjos e almas danadas, demônios e ressuscitados, parecem flutuar e se agitar. Colhidos no movimento estão também os eleitos – que sobem aos céus, do lado esquerdo – e as almas danadas – caindo do lado direito enquanto lutam em vão contra os anjos vingadores.

Capela Sistina – Juízo Final – A Salvação – Detalhe – Afresco – 1508
O “Juízo Universal”, por causa dos nus, quase foi destruído pela Inquisição. Os hipócritas da época decidiram chamar um pintor secundário, Daniel de Volterra, que teve a coragem de profanar uma obra prima. Volterra colocou roupas nos nus da pintura de Michelangelo e merecidamente, foi ridicularizado. Esta triste figura, junto com seus auxiliares, ficou conhecido na história como “Os Tapa Traseiros”.Embaixo, fora do turbilhão, há duas cenas separadas.No lado esquerdo a ressurreição dos mortos, que dolorosa e tortuosamente voltam à vida.




 

Capela Sistina – Juízo Universal – A Barca de Caronte – Detalhe – Afresco – 1508
No lado direito, Caronte e seu barco infernal resumem, no violento gesto do barqueiro e no anônimo amontoado de cadáveres, todo o desespero do inferno.
A Barca de Caronte
Os gregos e romanos da antiguidade acreditavam que essa era uma barca pequena na qual as almas faziam a travessia do Aqueronte, um rio de águas turbilhonantes que delimitava a região infernal. O nome desse rio veio de um dos filhos do Sol e da Terra, que por ter fornecido água aos titãs, inimigos de Zeus (Júpiter), foi por ele transformado em rio infernal. As suas águas negras e salobras corriam sob a terra em grande parte do seu percurso, donde o nome de rio do inferno, que também lhe davam. Caronte era um barqueiro velho e esquálido, mas forte e vigoroso, que tinha como função atravessar as almas dos mortos para o outro lado do rio. Porém, só transportava as dos que tinham tido seus corpos devidamente sepultados e cobrava pela travessia, daí o costume de se colocar uma moeda na boca dos defuntos. Segundo o mitólogo Thomas Bulfinch, ele “recebia em seu barco pessoas de todas as espécies, heróis magnânimos, jovens e virgens, tão numerosos quanto as folhas do outono ou os bandos de ave que voam para o sul quando se aproxima o inverno. Todos se aglomeravam querendo passar, ansiosos por chegarem à margem oposta, mas o severo barqueiro somente levava aqueles que escolhia, empurrando o restante para trás”.
Segundo a lenda, o barqueiro concordava apenas com o embarque das almas para as quais os vivos haviam celebrado as devidas cerimônias fúnebres, enquanto as demais, cujos corpos não haviam sido convenientemente sepultados, não podiam atravessar o rio, pois estavam condenadas a vagar pela margem do Aqueronte durante cem anos, para cima e para baixo, até que depois de decorrido esse tempo elas final-mente pudessem ser levadas.

Fontes:
http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/michelangelo_juizo.htm
http://www.metodista.br/ppc/caminhando/caminhando-16/o-juizo-final-de-michelangelo
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Last_Judgment_(Michelangelo)
http://www.biografia.inf.br/michelangelo-escultor-pintor-arquiteto.html#41

Um comentário:

  1. Qual dia mês e ano exatamente foi feito essa obra de arte o juizo final?

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