domingo, 31 de julho de 2011

Classicismo - A poesia lírica de Camões


Luís Váz de Camões

A obra lírica de Camões é constituída por poemas feitos em medida velha e em medida nova.

A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um tema.

Arcadismo - Sonetos de Bocage

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Bocage é um dos mais expressivos poetas noturnos da literatura portuguesa. Em muitos dos seus sonetos, ressoam atmosferas sombrias, antecipando a imaginação ultra-romântica, que recusa a vida normal e medíocre de um cotidiano sem lugar para a aventura, o sonho, o desejo.

BOCAGE






Saiba morrer o que viver não soube
Bocage

Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.
*Leia: Saiba descer o que subir não soube - paródia de Olavo Bilac

sábado, 30 de julho de 2011

POEMAS DOS LIVROS SAGRADOS

 

A Bíblia, livro sagrado do cristianismo em seu todo, e do judaísmo nas chamadas “Escrituras Antigas”, ou “Velho Testamento”, traz em seu texto religioso os princípios fundamentais da palavra de Deus transmitida aos homens.
Escrita de forma épica, conta a história do homem desde a sua criação, aos pactos que o fez ligado ao Criador. Traz, fundamentalmente, as leis que servem de preceitos morais para que o homem seja digno do amor divino.
Importante fonte histórica, imprescindível na formação da moral ocidental, nos princípios que ligam o homem a Deus, o livro sagrado também é uma fonte de beleza poética, com textos de rara estética visual e metáforas líricas, que nos seduz pelas palavras, transcendendo o princípio da fé, pousando como uma suave e definitiva sensação de regozijo literário.
Na força das palavras reveladoras, a beleza verbal da palavra sagrada, que nos afasta dos precipícios da solidão universal, conduzindo-nos pela certeza do amor como adjetivo supremo para a ligação dos mortais a Deus.
“No amor não há temor, mas o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor exerce uma restrição. Deveras, quem está em temor não tem sido aperfeiçoado no amor.” (1 João 4:18)
Três trechos são mostrados neste artigo, que se limita apenas a apresentar a poesia sonora e estética, sem se aprofundar na mensagem profética, sapiencial ou religiosa; atendo-se na beleza poética da descrição mais sublime do amor (1 Coríntios), na condição do homem diante de Deus, do tempo estabelecido à humanidade (Eclesiastes), e, na beleza etérea do leito nupcial (Cântico de Salomão). Três momentos do sagrado em uma visão unicamente literária. Três textos de envolvente beleza entre o erudito e o lúdico, o sagrado e o poético, o finito do homem com o infinito de Deus.

O Cântico dos Cânticos

Um dos livros mais poéticos da Bíblia é o “Cântico de Salomão”, também conhecido como “Cantares”, “Cântico dos Cânticos” ou “Cântico Superlativo”. Faz parte do que é chamado pelos cristãos de “Antigo Testamento”. A sua autoria é atribuída ao rei Salomão, filho de Davi. É um livro curto, constituído apenas de oito capítulos, formado por uma estrutura complexa, onde diferentes personagens adquirem voz, numa construção lírica. Três personagens constituem o poema: o noivo, o rei Salomão e a noiva identificada como Sulamita. Construindo um hino nupcial, coros sopram o doce ecoar dos sentimentos, dividindo-o no momento do início do amor e no do seu amadurecimento. Escrito de maneira sensual, com imagens telúricas a tocar no limiar entre o sagrado e o profano, o Cântico de Salomão vem, ao longo dos séculos, suscitando algumas interpretações agnósticas e sendo questionado como texto sagrado. O belo poema nupcial permanece, entretanto, como parte do maior livro religioso do mundo ocidental, sendo interpretado por alguns como alegórico, em que os noivos seriam Deus e Israel na visão judaica, e Cristo e a igreja, na concepção cristã. Seja como for, é um dos mais belos poemas líricos de todos os tempos.

1 Ah, se fosses meu irmão, amamentando ao seio de minha mãe! Então, encontrando-te fora, poderia beijar-te sem que ninguém me desprezasse.
2 Eu te levaria, far-te-ia entrar na casa de minha mãe; dar-te-ia a beber vinho perfumado, licor de minhas romãs.
3 Sua mão esquerda está sob a minha cabeça; e sua direita abraça-me.
4 Conjuro-vos, oh filhas de Jerusalém, não desperteis nem perturbeis o amor, antes que ele queira.
5 Quem é esta mulher que sobe do deserto apoiada em seu bem-amado?
Debaixo da macieira eu te despertei, onde em dores te deu à luz tua mãe. Onde em dores te pôs no mundo tua mãe.
6 Põe-me como um selo sobre o teu coração, como um selo sobre os teus braços, porque o amor é forte como a morte, a paixão é violenta como o Seol. Suas centelhas são centelhas de fogo, uma chama de Jah.
7 As torrentes não poderiam extinguir o amor, nem os rios poderiam submergi-lo. Se um homem desse toda a riqueza de sua casa em troca do amor, só obteria desprezo.
8 Temos uma irmã pequenina que não tem ainda os seus seios formados. Que faremos nós de nossa irmã no dia que for pedida?
9 Se ela for uma muralha, construiremos sobre ela ameias de prata; mas se ela for uma porta, fechá-la-emos com batentes de cedro.
10 Sou uma muralha, e meus seios são como torres. Neste caso me tornei aos seus olhos uma fonte de alegria.
11 Salomão tinha uma videira em Baal-Hamon. Confiou-a aos guardas, cada um dos quais devia dar mil moedas de prata pelos frutos colhidos.
12 Eu disponho de minha videira. Mil moedas para ti, ó Salomão! Duzentas para aqueles que velam a colheita.
13 Ó tu que moras nos jardins, os amigos estão atentos. Faze-me ouvir a tua voz.
14 Foge, meu bem-amado, como a gazela ou à cria dos veados sobre os montes perfumados!
(Cântico de Salomão 8: 1-14)

O Tempo de Todas as Coisas

Outro livro poético e sapiencial do “Antigo Testamento” é “Eclesiastes”, ou Kohelet na versão hebraica. Sua autoria é atribuída ao mítico e sábio rei Salomão. No trecho descrito abaixo, o poema afirma a tranqüilidade de saber esperar o tempo certo de todas as coisas da vida. A descoberta de cada momento, do amor divino, das tribulações, dos segredos do trabalho árduo, do labutar secular, da procura única pelo repouso das armas, da guerra e da paz, como se a paisagem humana fosse o resultado de cada tempestade ou bonança, contida ou expandida nos ventos da existência. É a beleza pura da palavra divina na sua concepção poética.

1 Para tudo há um tempo determinado, sim, há um tempo para todo assunto debaixo dos céus;
2 Tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para desarraigar o que se plantou;
3 Tempo para matar e tempo para curar; tempo para derrocar e tempo para construir;
4 Tempo para chorar e tempo para rir, tempo para lamentar e tempo saltitar;
5 Tempo para lançar fora pedras e tempo para reunir pedras, tempo para abraçar e tempo para manter-se longe dos abraços;
6 Tempo para procurar e tempo para dar por perdido; tempo para guardar e tempo para lançar fora;
7 Tempo para rasgar e tempo para costurar; tempo para ficar quieto e tempo para falar;
8 Tempo para amar e tempo para odiar, tempo para guerra e tempo para paz;
9 Que vantagem tem o realizador naquilo em que trabalha arduamente?
10 Vi a ocupação que Deus deu aos filhos da humanidade para se ocuparem nela.
11 Tudo ele fez bonito no seu tempo. Pôs até mesmo tempo indefinido no seu coração, para que a humanidade nunca descobrisse o trabalho que Deus tem feito do começo ao fim.
(Eclesiastes 3: 1-11)

O Amor na Inspiração Apostólica

Uma das mais belas descrições do amor, no sentido mais latente e extensivo da palavra, do abranger do significado universal das coisas, está na primeira epístola que Paulo de Tarso enviou à congregação de Corinto, no livro “1 Coríntios”, parte do Novo Testamento cristão. É o amor como sentido verdadeiro, construtivo e supremo. Nada o faz mais real se não a verdade, nada o dizima no todo como a mentira. Só no âmago do genuíno amor é feita a luz que conduz o fio tênue entre o homem e a magnificência de Deus. O amor aqui é soprado como o mais lírico de todos os cantos. Nunca a inspiração divina foi tão sensivelmente tão poética.

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que retine.
2 E ainda que tivesse o dom de profetizar, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse o amor, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é longânime e benigno. O amor não é invejoso, o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se comporta indecentemente, não busca os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano.
6 Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade.
7 Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas.
8 O amor nunca falha. Mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas; cessarão; havendo ciência, desaparecerá.
9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora, porém, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.
(1 Coríntios 13: 1-13)

ATENA, A DEUSA DA SABEDORIA E DA GUERRA

 

Atena (Minerva), deusa da sabedoria, da idéia civilizadora, da vitória nas guerras e da inteligência das estratégias, era uma das divindades mais importantes e cultuadas na Grécia antiga.
Na tradição mais aceita da lenda, Atena teria nascido do crânio de Zeus (Júpiter), herdando do pai a sabedoria roubada a Métis (Prudência). O mito de Atena interliga a sabedoria à castidade, o sexo escraviza o homem, atrai-lhe a paixão, desequilibra-o emocionalmente. A castidade constrói, alia-se à pureza do corpo e da alma, assim, entre os gregos, sabedoria e sexo opõem-se, prudência e bom senso aliam-se. Atena escolhe a virgindade como símbolo da sua sabedoria. Sendo uma das mais belas deusas do Olimpo, ela não cede aos assédios impetuosos e constantes dos outros deuses, mantendo-se casta.
Entidade guerreira, é justa nos campos de batalhas. Enquanto Ares (Marte), faz verter o sangue dos dois lados da guerra, Atena protege os justos, fazendo tombar os insensatos. Na concepção grega, os seus soldados são o mais próximos da filosofia da razão estratégica, os mais justos contra os outros povos beligerantes que os cerceiam, Atena é a protetora universal dos exércitos helenos. Na guerra de Tróia, manteve-se corajosamente ao lado dos gregos, enquanto que outras divindades olímpicas dividiram-se entre gregos e troianos.
Atena é a maior protetora da civilização grega, a mais nacionalista, a que mais contribui para o seu avanço, oferecendo àquele povo a oliveira, o leme, o tear e a flauta, simbolizando respectivamente o alimento (azeite), o progresso (como conduzir os barcos), o trabalho têxtil, e a arte, neste caso a música, essência da sabedoria daquele povo do extremo oriente do mar Mediterrâneo.
Deusa da sabedoria e da arte da guerra, Atena foi uma das entidades com mais representações na arte, deixando um legado de obras com temas envolvidos no seu mito, que vão desde o Partenon, em Atenas, até as famosas esculturas de Fídias. Em Roma, o seu mito foi assimilado ao de Minerva, não encontrando a mesma importância que adquiriu na Grécia. Deusa guerreira, traz sempre a lança em punho, às vezes o escudo, e, elmo divino na cabeça, transbordando o seu garbo sábio e justo.

As Várias Lendas Sobre o Nascimento da Deusa

O nascimento de Atena possuí várias versões, dependendo da lenda. Uma versão pouco difundida atribui a paternidade da deusa a Poseidon (Netuno), o senhor dos mares. A associação aos dois mitos explica-se por Atena ter nascido à margem de um lago, precedendo ao relâmpago e ao raio que trazem a chuva. É a deusa da luz antes da tempestade, que ilumina o céu antes de transbordar as suas nuvens, assim com Poseidon domina os mares e os seus maremotos. É a deusa do orvalho, elemento úmido que protege a agricultura contra o frio seco da noite. Os elementos úmidos da deusa dão a aproximação ao deus dos mares.
Noutra vertente da lenda, seria filha do gigante Palas, filho de Gaia (Terra). O mito de Atena e de Palas fundem-se não só como filha e pai, mas em um confronto entre a força e a manutenção da pureza casta. Palas teria tentado violar a deusa, que obstinada em manter o corpo intacto, matou-o e, ao esfolar a sua pele, fez dela o aigis, ou manto da virgindade. Além do manto, a deusa passa a demarcar a sua vitória sobre o gigante, usando o nome de Palas Atenas. Era através deste nome que seria invocada por todos os gregos quando lhe pediam a proteção para as suas cidades.
A tradição mais corrente do mito é a do seu nascimento através da cabeça de Zeus, o senhor dos deuses. Após vencer a guerra contra os Titãs e os Gigantes, Zeus tornou-se o senhor dos deuses e dos homens, tomando como primeira esposa Métis, a Prudência. Quando a deusa esperava o primeiro filho, Zeus soube através do oráculo de Gaia que nasceria uma filha. O oráculo profetizou ainda, que da segunda gestação nasceria um filho, que destronaria o pai. Preocupado, Zeus decidiu engolir a esposa. A seguir tomou a sua irmã Hera (Juno) como esposa. Pouco depois, ao encerrar o tempo de gestação da mulher engolida, Zeus, ao passear às margens do lago Tritônis, foi surpreendido por uma dor insuportável na cabeça, como se fosse espetado por uma lança. As pontadas tornavam-se cada vez mais fortes dentro da cabeça do imortal, fazendo o poderoso deus dos trovões emitir um grito que ecoou pelos céus e pela terra. Outros gritos de dor saltaram da boca desesperada do senhor dos deuses. Ao ouvir os gritos de Zeus, todos os deuses do Olimpo correram em seu socorro. Hermes (Mercúrio), o mensageiro dos deuses, ao ver a aflição de Zeus, saiu em busca de Hefestos (Vulcano), o ferreiro divino. O deus dos vulcões e do ferro, ao ver a cabeça do pai vibrando, como se dela quisesse sair algo muito grande, golpeou-a com um machado de ouro. Da ferida aberta por Hefestos surgiu uma mulher belíssima, empunhando o escudo e a lança, nos quais materializava o raio que iluminava a altura etérea e divina; vestia uma reluzente armadura, representando os meteoros e os fenômenos luminosos da natureza; e, ainda, o elmo de ouro na cabeça, reluzindo-lhe a proteção da inteligência diante das batalhas nas guerras. Naquele momento, o céu relampejou, o lago explodiu em ondas. Zeus ficou radiante com a beleza da filha surgida do seu crânio. Nascia a deusa da sabedoria e da guerra estratégica.
Em outra versão da lenda, Métis não seria a primeira esposa de Zeus, sendo Hera, a única, jamais a segunda. Seria uma das várias amantes do deus. Não teria sido o medo de um segundo filho e uma possível usurpação do trono divino que o afligia, que o teria motivado a engolir a amante; mas a condição da mulher na sociedade grega, visto que Métis era a deusa da prudência. Na civilização grega, a sabedoria não era uma das características atribuída às mulheres. Ao engolir Métis, Zeus, divindade masculina, tornou-se o mais sábio dos deuses, passando através dele, a sabedoria a Atena, divindade feminina. A deusa da sabedoria herdara do pai, jamais da mãe, o seu principal atributo.

A Criação da Oliveira

Ao ser associado à sabedoria, o mito de Atena contrasta com a sua função guerreira. Na visão grega, havia duas vertentes em uma guerra: a batalha, que representava a luta corporal, o sangue vertido, a utilização da força; e, a estratégia ou arte bélica, que define a vitória. Ares é o responsável pela batalha, pela força nela empregada, pelo massacre sem propósito. Atena é a deusa da arte bélica, da inteligência das estratégias, dos ideais elevados da luta, da vitória justa e racional diante do inimigo. É a deusa defensora perpétua dos gregos.
Além dos atributos bélicos, a deusa também era invocada como entidade agrícola. Não tem para si a responsabilidade de proteger a terra contra as calamidades da natureza, mas a de orientar, trazer da natureza benefícios para que se civilize o homem. Sua identificação com a natureza está no orvalho, pelo qual é a deusa responsável, elemento que protege a planta dentro do sereno noturno.
Também foi a deusa que ofereceu aos gregos a oliveira, ensinando-os a extrair da planta o fruto para o alimento e o óleo, utilizado na cozinha, na higiene corporal e na iluminação das casas e dos templos. Atena ensinou o homem a estocar o azeite e a azeitona durante o inverno, e a arte de vendê-lo aos outros povos. É atribuída a ela a confecção dos potes de barro, para o armazenamento dos alimentos. É a deusa dos oleiros, ensinando-os a guardar o óleo.
A associação de Atena com a oliveira remete à fundação da cidade que levaria o seu nome. Segundo a lenda, Cécrope ao fundar uma cidade na região da Ática, convocou os imortais do Olimpo para uma disputa, na qual o vencedor seria o protetor da cidade. Toda cidade grega tinha uma entidade como protetora, sendo a ela atribuída as funções de protegê-la nas guerras, nos temporais, nas colheitas dos alimentos e nos momentos de tribulações públicas. Poseidon e Atena foram os deuses que aceitaram o desafio proposto por Cécrope. Fizeram uma disputa acirrada, levando o povo da nova terra a ficar dividido em escolher um dos dois.
Na prova final, Cécrope pediu aos deuses que criassem alguma coisa útil para a cidade. Poseidon bateu o tridente no chão, fazendo jorrar na Acrópole uma fonte de água salgada, além de um esplêndido cavalo. Atena feriu a terra com a sua lança, fazendo dela brotar uma árvore repleta de pequenos frutos. A deusa ofereceu um ramo com os frutos a Cécrope, comovendo o soberano. Diante do povo, chamou a árvore de oliveira, ensinou como extrair o seu óleo e preparar o fruto como alimento. A cidade entendeu que a oliveira era mais importante para a cidade. Atena foi aclamada a protetora do lugar, que passou a ser chamado de Atenas, em homenagem a deusa e ao presente que se lhe oferecera aos seus habitantes. Desde então, tornar-se-ia a principal divindade da cidade de Atenas, influenciando o seu culto por toda a Grécia.

As Invenções Civilizadoras de Atena

Várias foram as atribuições civilizadoras legadas a Atena. Teria sido a deusa quem ensinara às mulheres gregas as técnicas de fiar, tecer e bordar. Atena era uma exímia tecelã, tecendo os mais belos bordados do Olimpo. A lenda que conta a história de Aracne reflete os dons da deusa. A mortal Aracne era filha de um modesto tintureiro de Cólofon. Tinha o dom de tecer os mais belos bordados de todos os mortais. Seu talento atraia todos os olhos, homens de toda a Grécia vinham ver e comprar os seus trabalhos. As Ninfas deixavam os bosques para admirar a beleza mágica dos mantos bordados pela mortal.
Sabedora do seu talento, Aracne proclamou-se a maior tecelã e bordadeira do mundo, dizendo-se superior à própria deusa Atena. A falta de modéstia da mortal irritou a deusa, que desafiada, aceitou tecer uma magnífica tapeçaria. Atena bordou os doze imortais do Olimpo, trazendo nas bordas do tecido, cenas em que os deuses puniam a irreverência dos mortais. Aracne bordou em sua tapeçaria os amores proibidos dos mortais pelos humanos, as traições e as vinganças. Ao fim da composição, não se sabia dizer qual a mais bela tecelagem. Aracne olhava para a sua obra, deslumbrada com a sua perfeição de mortal. Irritada com a falta de modéstia, Atena pegou a obra feita pela jovem, amarrotando-a e a rasgando. Ainda furiosa, feriu a jovem mortal com a agulha. Sentindo-se humilhada, a fiandeira tentou suicidar-se. Atena não permitiu que morresse, transformando-a em um pequeno animal que recebeu o seu nome, a aranha (aracne, em grego). Condenou-a tecer para sempre nas alturas, uma delicada teia que os ventos rasgam facilmente.
A lenda de Aracne, segundo historiadores, traduzia a rivalidade existente entre os atenienses e um povo originário da ilha de Creta, onde florescia uma crescente indústria têxtil primitiva.
Atena presenteara aos seus devotos outro significativo invento, o leme, para evitar que os barcos fossem à deriva das ondas e das correntes, não se perdendo pelas águas.
Para embelezar a vida dos humanos, Atena inventou a flauta, de onde a beleza da música era extraída. Uma lenda conta que ao apresentar o seu invento às deusas Hera e Afrodite (Vênus), foi motivo de riso, porque ao soprar o instrumento, as suas bochechas inchavam, deformando a sua beleza. Irritada, Atena arremessou a flauta do alto do Olimpo, amaldiçoando-a. O sátiro Mársias encontrou o instrumento musical, arrebatando para si a maldição. Mársias desafiou o deus Apolo com o seu instrumento. Ao ser vencido, foi esfolado vivo pelo deus da luz.

As Festas em Homenagem à Atena

Sendo amplamente cultuada em toda a Grécia, várias eram as festas oferecidas à deusa. Seu culto espalhou-se de Atenas, passando pela ilha de Rodes, chegando a Saís, no Egito. Possuía três grandes templos que lhe eram consagrados, sendo o mais suntuoso o Partenon, na Acrópole.
Na cidade de Atenas, da qual era protetora, a população celebrava em sua homenagem as Panatenéias, festas tradicionais, onde eram realizados torneios de música e poesia, lutas e corridas. Durante as festas, as mulheres iam em procissão até a Acrópole, levando um grande manto tecido pelas melhores tecelãs e fiandeiras da cidade; os jovens montavam fogosos cavalos; e, os mais velhos, traziam ramos de oliveiras para ofertar à deusa.
Nas festas Cálceas, Atena era homenageada juntamente com Hefestos. Ela como artesã e fiandeira dos mais belos bordados, ele como o artesão dos deuses, para quem confeccionava objetos de bronze e belas jóias. Na lenda que envolve os deuses, Hefestos deixara-se abater por uma grande paixão por Atena, mas foi repudiado pela deusa, que insistia em manter a sua castidade. Sedento de desejo, o deus a perseguiu, tentando violá-la. Ao encostar-se à pele macia de Atena, Hefestos não resistiu, ejaculando precocemente sobre a coxa da deusa. Satisfeito, ele partiu. Sentindo grande repugnância, a deusa limpou o sêmen com um pedaço de lã, atirando o pano ao chão. O fruto da violência de Hefestos fecundou Gaia, a Terra, que gerou um ser monstruoso, metade homem, metade serpente, sendo chamado de Erictônio. A deusa encerrou a criança monstro em um cofre, deixando-o aos cuidados da princesa Aglauro, filha de Cécrope, o rei fundador de Atenas. Aglauro teria sido transformada em pedra pelo deus Ares, deixando o cofre sozinho, sendo este encontrado pelas irmãs da princesa petrificada. Quando abriram o cofre, as princesas enlouqueceram ao ver o monstro recém-nascido, atirando-se do alto da Acrópole. Uma gralha branca assisitiu ao infortúnio das filhas de Cécrope, indo relatar a tragédia a Atena, que se encontrava no meio de uma batalha. No calor da luta, Atena revoltou-se, tingindo de negro as penas da ave, proibindo que as gralhas voltassem às proximidades de Atenas. A lenda evidencia a importância que o mito de Atena dá ao culto da castidade, preservada mesmo diante do assédio dos deuses.
Atena e Afrodite eram homenageadas simultaneamente durante as Arreforias, pelas jovens mulheres de Atenas. Durante a festa, as virgens prestavam homenagens à deusa casta, seguindo depois com oferendas à deusa do amor. Traduzida como festa do orvalho, unia o elemento feminino que revelava a vida da jovem mulher, ainda casta como Atena, mas pronta para ser iniciada nas malhas da proteção de Afrodite, a deusa do amor.
As Asquiforias, ao contrário das Arreforias, eram celebradas pelos rapazes, homenageando Atena e Dioniso (Baco). Eram realizadas quando as uvas começavam a amadurecer. Os rapazes levavam do templo do deus do vinho, ramos de videira ao santuário de Atena.
Havia ainda outras duas festas em homenagem à deusa da sabedoria, as Plintarias, que davam início às colheitas da primavera; e, as Esquiroforias, onde os participantes usavam guarda-sóis, simbolizando a proteção, assim como o orvalho, que protegia a lavoura contra a seca.

Representações de Atena nas Artes

Nas artes, Atena teve grandes representações, sendo mais significativas as esculturas atribuídas a Fídias (500? a.C. – 432? a.C.). Nenhuma escultura original chegaria aos tempos atuais, tendo apenas cópias. No maior templo consagrado à deusa, o Partenon, em Atenas, encontrava-se a Atena Partenos, escultura de Fídias, toda feita em ouro e marfim. A deusa é representada vestida com uma túnica, aberta em um dos lados, apertada na cintura. No peito tem a égide guarnecida de escamas, ladeada por serpentes, trazendo a cabeça da Górgona no centro. Na cabeça traz um capacete com a esfinge e dois grifos, animais metade leão, metade águia. Na mão esquerda porta a lança e o escudo, onde está representado o combate dos gregos contra as Amazonas; atrás do escudo a figura do monstro Erictônio. O braço direito está estendido para frente, sustentando uma pequena Nique (Vitória) alada, posta obliquamente, parecendo voar à frente da deusa. Uma versão moderna da estátua foi erigida na frente do parlamento austríaco.
Fídias representou a deusa sem armas, com expressão doce e graciosa, na estátua Atena Lemnia. Outra estátua atribuída ao famoso artista grego era a enorme Atena Promachos, que trazia a expressão bélica e altiva da deusa.
Outra representação famosa do mito, já com o seu nome na mitologia romana, é a renascentista têmpera sobre tela, “Minerva e o Centauro”, de Sandro Botticelli. A lenda de Aracne produziu grandes pinturas, como a de René Houasse.
As primeiras estátuas de Atena eram chamadas de paládios, onde se dizia, eram feitas com pedras caídas do céu. Outras representações do mito podem ser encontradas em objetos de cerâmica e potes de barro.

Minerva, a Deusa da Vitória Romana

Em Roma, o mito de Atena foi identificado com o de Minerva. Os romanos veneravam a deusa como protetora da oliveira, médica, divindade da vitória, inspiradora dos políticos e dos poetas.
Minerva recebia o culto de diversos poetas romanos, que se reuniam alegando receber inspiração da deusa. Grandes políticos prestavam cultos à deusa, como o imperador Augusto (63 a.C. – 14 d.C.), que lhe erigiu um templo na entrada da Cúria Júlia, onde era reunido o senado. Para os políticos romanos, a deusa inspirava sabedoria e bons conselhos aos senadores.
As festas mais famosas em honra a deusa eram chamadas de Minervais, ou Quinquatria. Durante as comemorações da festa, os estudantes ofereciam prendas aos professores, chamando os presentes de minerválias. Ainda na ocasião comemorativa, os principais lugares intelectuais da cidade eterna, como as escolas, os tribunais e as academias, permaneciam fechados, indo os seus membros homenagear a deusa.
Com o tempo, Minerva foi uma das deusas que mais perdeu as características romanas, assimilando por completo os traços helenísticos da deusa Atena. Nas artes, os artistas latinos limitaram-se a buscar inspiração nas lendas da deusa grega. Em Roma, Minerva jamais conseguiu a importância de Marte, outro deus bélico, que foi assimilado ao Ares grego. Ao contrário da civilização grega, que contrapunha a sabedoria e a estratégia bélica de Atena à destruição sanguinária e sem sentido do cruel Ares.

HERA - A CIUMENTA E VINGATIVA RAINHA DO OLIMPO

 


Hera (Juno), é dentro da mitologia greco-romana, a personificação humana que mais se aflora dentro de um deus. Suas características essenciais refletem o ciúme, o desejo da fidelidade elevado ao seu mais extremado zelo. Hera, casada com Zeus (Júpiter), o senhor de todos os deuses, reina soberana ao seu lado. Tem todos os poderes atribuídos ao marido, mas se destaca pela preservação da família, pelos princípios da monogamia, e pela perpetuação do amor único e exclusivo entre os casais.
O mito de Hera consolidou-se numa época em que a Grécia passava a defender os princípios da monogamia e a adotá-la como regra, tornando-se necessária a personificação de uma divindade que defendesse tais princípios, sendo eles atribuídos à deusa-rainha, deusa-mãe, aqui elevada à companheira de Zeus.
As lendas que envolvem Hera são rebuscadas pelo seu ciúme excessivo, o desejo de vingança em punir as traições de Zeus, perseguir as amantes do marido infiel e, conseqüentemente, os filhos que resultaram de tais atos de infidelidade. A deusa protege a família. No casamento, é por vezes, uma oponente fervorosa aos pensamentos do poderoso marido, pondo-se de lado avesso, como no caso da guerra de Tróia, onde protegeu os gregos enquanto Zeus favorecia os troianos! Seu senso de justiça limita-se ao lar, ao casamento, à família, tudo que possa corromper esse universo é rigidamente castigado por ela.
Hera é o mais irritante de todos os mitos, fazendo-o o mais humano deles. O ciúme é a sua maior característica. A fidelidade a sua obsessão. O casamento o seu ideal, embora seja uma mãe ausente e muitas vezes cruel, capaz de abandonar Hefestos (Vulcano), o filho que nasceu defeituoso. Hera é a personificação da mais pura essência da alma humana na forma de amar outrem, dentro de uma relação consolidada pela sociedade, opondo-se ao ato livre e espontâneo dos amores clandestinos, dos amantes da madrugada. Hera é a essência do matrimônio e suas prisões psicológicas, menores do que o solar da visão de uma sociedade talhada pelos princípios da monogamia.

Hera, a Rainha do Olimpo
A origem do mito de Hera é incerta, sendo descartada a idéia de ser uma divindade indo-européia, podendo ter sido trazida para a Grécia antes da invasão dos aqueus. Originalmente era mais uma das várias deusas-mães das antigas civilizações, sendo elevada à condição de esposa de Zeus, o todo poderoso senhor do Olimpo, tornando-se assim, uma entidade de consagrada importância dentro dos cultos pagãos gregos. Nas venerações mais primitivas à divindade, era-lhe atribuída a responsabilidade do nascimento, do bom parto, conforme o mito era desenvolvido, tornava-se protetora do matrimônio.
Hera era a filha mais nova de Cronos (Saturno) e Réia (Cibele). Assim como o irmão Zeus, foi poupada de ser devorada pelo pai, através de um ardil da mãe, que a entregaria recém nascida aos cuidados de Tétis e das Horas.
Quando Zeus derrotou Cronos, após uma guerra sangrenta de dez anos, tornando-se o senhor dos deuses, procurou pela irmã. Fascinado por sua beleza, encantou-se por ela, declarando-lhe uma paixão arrebatadora. Mas Hera declinou diante da paixão do irmão, preferindo manter-se casta. Inconsolável, Zeus transformou-se em um cuco, surgindo na frente da amada como um pássaro triste e quase morto pelo frio. Compadecida, Hera, pegou a ave, aquecendo-a no calor do seio. Tão logo se viu junto ao corpo da deusa, Zeus, entorpecido pelo desejo, tomou-a para si, violando-a.
Diante da vergonha e humilhação sofrida, Hera exigiu que o irmão reparasse o ultraje. Apaixonado e decidido a encontrar uma companheira, o senhor dos deuses tomou a irmã como esposa, em uma pomposa cerimônia no Olimpo, assistida por todos os deuses. Hera tornava-se, ao lado do marido, a rainha de todos os deuses do Olimpo.
Reza a lenda, que após a grandiosa festa de matrimônio, Hera e Zeus partiram para um longo período de núpcias que duraria trezentos anos. Após regressar das núpcias, a deusa foi até Náuplia, banhando-se na fonte de Cánatos, sendo ali, restituída a sua virgindade. É interessante a necessidade das lendas em preservar o princípio virginal à deusa, que mesmo quando violado, é reparado pelo matrimônio e, depois dele, restabelecido para que ela pudesse, finalmente, sentar-se no trono de ouro, reinando absoluta ao lado do marido no alto do Olimpo. Talvez por isto, Hera fosse a divindade que tinha elevada importância para as mulheres gregas, sendo sensivelmente cultuada por elas.

Esposa Fiel, Mãe Não Afetuosa
Hera assumia, diante do mito, a personificação da esposa ideal grega, que exigia de forma explícita a fidelidade do marido, fator fundamental para o equilíbrio do casamento. Se Hera reflete o lado tranqüilo e fiel do matrimônio, Zeus, por sua vez era o pai dos deuses e dos heróis gregos. Senhor absoluto do universo, cabendo a ele dar vida a uma prole sagrada e numerosa. Ao lado da esposa, o sentido procriador de Zeus é anulado, restrito à madre limitada da deusa. Diante das limitações, Zeus é um deus vulnerável às paixões, nascendo delas uma prole de grandes mitos, acendendo a ira e os ciúmes da esposa.
Hera é o princípio do lar, da esposa perfeita, mantendo o equilíbrio do casamento através da fidelidade exigida, mas jamais alcançada. Mas a deusa não se mostra como uma entidade procriadora, uma mãe exemplar! Sua prole é pobre de grandes mitos. Ao lado de Zeus, gera quatro filhos: Ares (Marte), o sanguinário e brutal deus da guerra, a entidade mais odiada no Olimpo; Ilítia, deusa menor da maternidade, protetora das mães na hora do parto; Hebe, representante divina da juventude eterna, que tinha como função servir aos deuses o néctar e a ambrosia; e, Hefestos (Vulcano), deus da metalurgia, do fogo, ferreiro oficial dos deuses e dos heróis. Hera teria, segundo vertentes da lenda, gerado sozinha, um quinto filho, Tifão, um monstro terrível, que trazia o corpo coberto por escamas, cabeças de dragão entre os dedos, lançando fogo dos olhos.
Para manter a estabilidade conjugal do matrimônio, Hera é a esposa universal, descolada da personificação de mãe afetuosa. Para não acender a ira do marido ao gerar um filho deficiente, Hefestos, que nasceu coxo, ela atira o recém nascido do alto do olimpo, rejeitando-o. Enciumada por Zeus ter gerado sozinho a bela Atena (Minerva), deusa da sabedoria, ela pede para que Gaia (Terra), conceda-lhe o poder de gerar sozinha um ser. Nasce Tifão, o monstro. As duas lendas personificam a preocupação dos gregos com as imperfeições genéticas. Tifão alimenta o princípio grego de que uma mulher sozinha é incapaz de gerar um ser perfeito. Hefestos resulta na preocupação dos gregos diante das deficiências genéticas dos filhos de casamentos entre parentes, Hera e Zeus são irmãos, daí a necessidade de demonstrar os perigos dessas uniões. É a forma mística, através dos deuses, de explicar à civilização antiga as falhas da genética.

Perseguidora Implacável dos Cônjuges Infiéis
O mito de Hera não ressalta a boa mãe, tão pouco a esposa ideal. É vingativa com Zeus, quando por ele é traída. Por várias vezes abandona o marido e o posto de rainha do Olimpo, como forma de punição às traições constantes que sofre. Mas, como exemplo do matrimônio perfeito, sabe ceder ao marido, e, para ele voltar quando aplacada a sua ira. Por seu lado, também Zeus volta arrependido aos braços da mulher, tão logo passa o torpor passional e, cumpre o papel de deus fecundador e pai de todos os mitos.
Se Zeus, após punição imediata, é perdoado pela esposa, as suas amantes e os seus filhos não têm igual sorte. Hera mostra-se implacável e agressiva com as rivais, perseguindo-as sem compaixão.
A bela Calisto, quando despertou a paixão de Zeus, foi transformada em uma ursa. Para evitar que Calisto fosse morta pelo próprio filho, um exímio caçador, Zeus transformou-os nas constelações Ursa Maior e Ursa Menor.
Io, outra ninfa que despertou o amor de Zeus, foi transformada em novilha e posta aos cuidados dos cem olhos vigilantes de Argo.
Sêmele, princesa tebana, foi vítima do ardil de Hera, que disfarçada, procurou a rival, convencendo-a a fazer Zeus mostrar diante da sua face o seu verdadeiro aspecto, sabendo que mortal algum sobreviveria à visão divina do deus. Tão logo arrancou a palavra do amante, Zeus mostrou-se como era, fazendo o palácio incendiar e, a infeliz Sêmele, morrer entre as chamas. A malograda princesa trazia no ventre Dioniso (Baco), o deus do vinho, salvo pelo pai, com a ajuda de Hefestos. Dioniso seria perseguido por Hera, assim como Héracles (Hércules), filho do amor roubado entre Zeus e Alcmena.
Ciumenta, vingativa, Hera perpetua através das suas lendas, as questões familiares, a necessidade de preservar o princípio da monogamia que era adotada pela civilização grega. Hera trazia princípios rígidos e moralistas, não admitindo nenhum desejo nefasto ou perverso a perturbar a legitimidade do matrimônio, a desconstrução da ordem familiar através dos amores ilícitos, dos idílios dos amantes. Hera era o exemplo que precisava a civilização grega em um momento que a monogamia tornava-se uma realidade moral a ser adotada.

Veneração à Deusa na Grécia Antiga
Senhora absoluta do matrimônio, defensora perpétua da fidelidade conjugal e dos seus valores morais dentro da sociedade grega, Hera era venerada no alto das montanhas, concentrando-se essencialmente no Peloponeso e regiões adjacentes. Em Argos encontrava-se o principal centro de seu culto. O fato deve-se à lenda em que tinha dado a Argo, ser mitológico que possuía cem olhos, de vigiar a rival, Io, metamorfoseada em novilha. Para livrar a amante de tal martírio, Zeus pediu a Hermes (Mercúrio), que a libertasse. Com uma faca, Hermes cortou a cabeça do vigilante. Ao ver a cabeça de Argo inerte no campo, Hera esbravejou contra os deuses, soltando grandes gritos de dor. No meio da dor, a deusa transformou os cem olhos do guardião nas penas de uma bela ave, que chamou de pavão. O pavão foi representado em várias obras de arte ao lado da deusa, tornando-se a sua ave predileta.
O maior templo de devoção dedicado à deusa era o Heraion, edificado no século V a.C., entre Argos e Micenas. Neste templo estava a mais célebre estátua de Hera, esculpida por Policleto (século V a.C.). Considerada a obra-prima do seu autor, a estátua apresentava a deusa como uma bela e jovem mulher, trazendo um olhar severo, diadema na cabeça, trajando uma túnica discreta, portando na mão o cetro, cuja extremidade estavam a granada (sua pedra preciosa) e o cuco, símbolos que representavam a fidelidade e o amor conjugal. Hera, para os gregos, personificava a esposa fiel, responsável absoluta pela boa relação entre os casais.

Juno, a Personificação do Mito de Hera em Roma
Em Roma o mito de Hera foi assimilado ao da já existente Juno, esposa fiel do poderoso Júpiter. Os romanos deram à deusa diversos atributos, ampliando as suas funções divinas e protetoras. As várias faces de Juno, suas funções extensas, fizeram os romanos atribuir-lhe vários epítetos, sendo eles:
Juno Pronuba, responsável pela realização dos casamentos. Juno Lucina, a poderosa deusa dos partos, que auxiliava as crianças na hora do nascimento e, protegia, também, as mulheres grávidas. Juno Lucetia, representava a luz celeste do princípio feminino, sendo a protetora de tais princípios. Juno Domiduca, condutora da virgem para a casa do esposo. Juno Ossipagina, fortificadora do feto durante a gravidez. Juno Populonia, deusa responsável pela multiplicação dos povos. Juno Rumina, que durante a gestação, conduzia a futura mãe para que ela tivesse leite forte e fosse boa nutriz. Juno Sospita, responsável pelo alívio da mãe diante do peso da criança na hora do parto.
O templo mais famoso erguido à deusa pelos romanos, foi o do Sanuvium, onde eram atribuídas honras a Juno Sospita.
A importância de Juno para os romanos foi adquirindo, através do tempo, funções não só como protetora dos partos e libertadora das mães, mas também libertadora do povo, sendo tomada como entidade protetora dos romanos nas diversas batalhas vitoriosas quando lutaram contra os seus inimigos. Na representação do mito nas artes, a imagem mais famosa é a da Juno Ludovisi, escultura que traz o rosto da deusa ovalado, com boca séria e olhos grandes, assumindo para o mundo, a imagem ideal da deusa.
Na Roma antiga, a principal festa em honra à deusa era a Matronalia, celebrada em fevereiro, realizada nas matas do Palatino, local de veneração à divindade. Após as homenagens, as atenções voltavam-se para as matriarcas, que recebiam dos maridos e filhos, presentes especiais. A Matronalia, é considerada por muitos, como a festança que originou o dia das mães. Também o mês de Junho do calendário atual, tem o seu nome derivado da deusa Juno.

DÉDALO E ÍCARO - O SONHO HUMANO DE VOAR

 

Os mitos de Dédalo e Ícaro, pai e filho respectivamente, representam a evolução da arte e da arquitetura na Grécia antiga. O desejo do homem em superar as limitações físicas, através da genialidade criativa do homem, gerando os alicerces da tecnologia evolutiva, emprestando ao mortal o poder de ir e de vir com ajudas inventadas por ele, desafiando os deuses através da sua mente inventiva.

CRONOS E OS TITÃS

 

Filhos de Gaia (Terra) e de Urano (Céu), os Titãs representam as forças tempestuosas da natureza, constituindo a primeira geração olímpica a governar o universo. São doze irmãos impetuosos e trágicos, sendo seis deuses e seis deusas, chamadas de Titânias. Sua importância na Grécia antiga foi mais mitológica do que religiosa, não tendo sido cultuados como elementos protetores, mas como divindades cosmogônicas. Às Titânias coube um destino mais favorecido, vistas como divindades alegóricas, aos Titãs foi reservado o destino trágico. De todos eles, Cronos (Saturno) e Prometeu foram os mais importantes e famosos, sendo o último uma segunda geração de Titãs.

RÔMULO E REMO - A FUNDAÇÃO DE ROMA

 

Quando Roma tornou-se a cidade mais importante do mundo, era preciso que se lhe desse uma origem mítica e esplendorosa, que deixasse aquém a verdade de ter sido fundada por simples pastores. Desprovidos da tradição escrita na época da fundação, a Roma emergente, poderosa e dona do mundo antigo, utilizou-se da tradição oral para explicar poeticamente, através de várias lendas existentes, o seu nascimento.

ARTE: O BRASIL DE DEBRET E RUGENDAS


A fotografia jornalística, as imagens que documentam o homem e o seu cotidiano, a cidade e o campo, a paisagem e os fatos gerados por ela, é hoje uma realidade corriqueira, que pode ser exercida por qualquer um, desde que se tenha uma objetiva na mão e observe o mundo ao seu redor. Nem sempre dispositivos como uma câmera digital, estiveram à disposição. Cabia no passado, aos desenhistas e pintores retratarem o cotidiano do mundo em que viviam, através de litografias que registravam o seu tempo e a sua época.

APOLO, O DEUS DA LUZ

De todas as divindades do Olimpo, nenhuma recebeu tantas honras na Grécia antiga quanto o deus Apolo. Filho de Zeus (Júpiter) e Leto (Latona), o deus passou a ser, através dos tempos, a principal divindade cultuada pela civilização helênica. Aos poucos, várias funções foram atribuídas a ele, fazendo com que adquirisse várias faces.

VÊNUS

RETRATOS DE VÊNUS, POR SANDRO BOTTICELLI

O mito grego de Afrodite, ou Vênus para os romanos, por ter sido eleita a mais bela das deusas, a deusa do amor e da paixão humana, teve diversas representações nas artes através dos séculos. Das esculturas clássicas às pinturas renascentistas, passando pelo expressionismo, Vênus adquiriu vários rostos, vários corpos, mas nenhum foi mais famoso do que a Vênus de Sandro Botticelli, retratada na sua obra mais famosa, “O Nascimento de Vênus”. A imagem nua da sua Vênus de cabelos dourados, emergindo do mar sobre uma concha, correu o mundo e o imaginário das pessoas.

OS SETE PECADOS CAPITAIS

O conceito do pecado é usado na tradição judaico-cristã para descrever a transgressão do homem diante da Lei de Deus, à desobediência deliberada diante de um mandamento divino.

ARTE PELA ARTE: BELEZA E HARMONIA

A civilização grega evoluiu no domínio da filosofia, da arte e na percepção de encontrar a personificação da beleza suprema e da harmonia. No contexto da inspiração humana, os gregos consideravam a arte e a beleza dons divinos, provenientes dos deuses, que em determinado momento de generosidade transmitia-os aos mortais, através de entidades específicas.

Parnasianismo na literatura brasileira




Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac
a tríade brasileira do Parnasianismo.





O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período. Diz respeito, especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma do Romantismo.

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO: Complementos Verbais

 

§          O OBJETO DIRETO

A Transitividade Verbal – Os verbos transitivos, não têm sentido completo e precisam de um complemento para que a oração tenha sentido completo. Nesses verbos, a ação verbal "transita" (= passa) pelo verbo e se dirige ou termina no complemento (objeto); por isso, os chamamos de verbos transitivos:

Distinção entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal


É comum confundir o adjunto adnominal na forma de locução adjetiva com complemento nominal. Para evitar que isso ocorra, considere o seguinte:

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Escher e toda a sua genialidade!!!

O artista holandês Mauritis Cornelis Escher (1898-1972) tem uma obra única. Suas representações de construções impossíveis e metamorfoses – padrões que se transformam gradualmente em formas completamente diferentes – se tornaram clássicos e reproduções delas estão espalhadas pelo mundo. O desenhos e fac-símiles na mostra “O Mundo Mágico de Escher”. O acervo é da coleção do Haags Gemeentemuseum, que mantém o Museu Escher, na cidade de Den Haag, na Holanda.

EXERCÍCIOS DE ACENTUAÇÄO GRÁFICA


1. Assinale o item em que todas as palavras são acentuadas pela mesma regra de: também, incrível e caráter.
a) alguém, inverossímil, tórax
b) hífen, ninguém, possível
c) têm, anéis, éter
d) há, impossível, crítico
e) pólen, magnólias, nós

domingo, 17 de julho de 2011

EXERCÍCIOS: USO DO PORQUE / POR QUE




Preencha as lacunas, usando o seguinte código:
a) por que
b) por quê
c) porquê
d) porque

EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA


MARQUE A ALTERNATTIVA COM O CORRETO EMPREGO DE:

01) X ou CH:
a) xingar, xisto, enxaqueca
b) mochila, flexa, mexilhão
c) cachumba, mecha, enchurrada
d) encharcado, echertado, enxotado

EMPREGO DO HÍFEN


01) Assinale a alternativa contendo todos os
vocábulos grafados corretamente:
a) amor-perfeito, porto-alegrense, cupu-açu
b) ultra-leve, infra-estrutura, anti-ácido
c) inter-social, pan-americano, ad-renal
d) sub-raça, sub-base, pára-raios
e) bem-vindo, inter-regno, retro-atividade

sábado, 16 de julho de 2011

Partícula “se”

A partícula “se” exerce diversas funções na Língua Portuguesa. Por isso devemos ter alguns cuidados ao analisar a partícula SE.


a) Indeterminação do sujeito – verbo transitivo indireto, quando o verbo está na 3ª pessoa do singular + partícula SE:

- Precisa-se de empregada.
- Necessita-se de companhia.

Orações Reduzidas

Como identificar as orações reduzidas:


a) As orações reduzidas são caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerúndio, particípio ou infinitivo, ou seja, nas suas formas nominais.

b) Ao contrário das demais orações subordinadas, as orações reduzidas não são ligadas através de conectivo.

c) Para cada oração reduzida, tem-se uma desenvolvida correspondente. Para melhor identificarmos que tipo de oração reduzida temos, podemos desenvolvê-la.

d) Possuem as mesmas características sintáticas das orações subordinadas desenvolvidas.

e) Há três tipos de orações reduzidas:

Orações Subordinadas Adverbiais


Orações Subordinadas Adverbiais

Existem nove tipos de orações subordinadas adverbiais. Esse tipo de oração age na frase como um advérbio, modificando o sentido de outras orações e ocupando a função de um adjunto adverbial.
As orações adverbiais são sempre iniciadas por uma conjunção subordinativa.
São elas:

Orações Subordinadas Adjetivas

Orações Subordinadas Adjetivas
Orações adjetivas são aquelas orações que exercem a função de um adjetivo dentro da estrutura da oração principal. Elas são sempre iniciadas por um pronome relativo e servem para caracterizar algum nome que aparece na estrutura da frase. Há dois tipos de orações adjetivas: as restritivas e as explicativas.

Orações Subordinadas Substantivas



Um período pode ser composto por coordenação ou por subordinação.
Quando é composto por coordenação, as orações possuem uma independência estrutural, podendo vir separadamente sem prejuízo.

Hífen


     As regras de emprego do hífen são numerosíssimas e das mais complicadas da Língua Portuguesa. E com várias exceções, incoerências e omissões. Indispensável, por isso, o recurso constante a um dicionário, a um manual de redação ou a um guia ortográfico. Observe: