
Luís Váz de Camões
A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um tema.
"Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as abaixam para a terra, sua mãe." Leonardo da Vinci



A Bíblia, livro sagrado do cristianismo em seu todo, e do judaísmo nas chamadas “Escrituras Antigas”, ou “Velho Testamento”, traz em seu texto religioso os princípios fundamentais da palavra de Deus transmitida aos homens.
Um dos livros mais poéticos da Bíblia é o “Cântico de Salomão”, também conhecido como “Cantares”, “Cântico dos Cânticos” ou “Cântico Superlativo”. Faz parte do que é chamado pelos cristãos de “Antigo Testamento”. A sua autoria é atribuída ao rei Salomão, filho de Davi. É um livro curto, constituído apenas de oito capítulos, formado por uma estrutura complexa, onde diferentes personagens adquirem voz, numa construção lírica. Três personagens constituem o poema: o noivo, o rei Salomão e a noiva identificada como Sulamita. Construindo um hino nupcial, coros sopram o doce ecoar dos sentimentos, dividindo-o no momento do início do amor e no do seu amadurecimento. Escrito de maneira sensual, com imagens telúricas a tocar no limiar entre o sagrado e o profano, o Cântico de Salomão vem, ao longo dos séculos, suscitando algumas interpretações agnósticas e sendo questionado como texto sagrado. O belo poema nupcial permanece, entretanto, como parte do maior livro religioso do mundo ocidental, sendo interpretado por alguns como alegórico, em que os noivos seriam Deus e Israel na visão judaica, e Cristo e a igreja, na concepção cristã. Seja como for, é um dos mais belos poemas líricos de todos os tempos.
Outro livro poético e sapiencial do “Antigo Testamento” é “Eclesiastes”, ou Kohelet na versão hebraica. Sua autoria é atribuída ao mítico e sábio rei Salomão. No trecho descrito abaixo, o poema afirma a tranqüilidade de saber esperar o tempo certo de todas as coisas da vida. A descoberta de cada momento, do amor divino, das tribulações, dos segredos do trabalho árduo, do labutar secular, da procura única pelo repouso das armas, da guerra e da paz, como se a paisagem humana fosse o resultado de cada tempestade ou bonança, contida ou expandida nos ventos da existência. É a beleza pura da palavra divina na sua concepção poética.
Uma das mais belas descrições do amor, no sentido mais latente e extensivo da palavra, do abranger do significado universal das coisas, está na primeira epístola que Paulo de Tarso enviou à congregação de Corinto, no livro “1 Coríntios”, parte do Novo Testamento cristão. É o amor como sentido verdadeiro, construtivo e supremo. Nada o faz mais real se não a verdade, nada o dizima no todo como a mentira. Só no âmago do genuíno amor é feita a luz que conduz o fio tênue entre o homem e a magnificência de Deus. O amor aqui é soprado como o mais lírico de todos os cantos. Nunca a inspiração divina foi tão sensivelmente tão poética..jpg)
Atena (Minerva), deusa da sabedoria, da idéia civilizadora, da vitória nas guerras e da inteligência das estratégias, era uma das divindades mais importantes e cultuadas na Grécia antiga.
O nascimento de Atena possuí várias versões, dependendo da lenda. Uma versão pouco difundida atribui a paternidade da deusa a Poseidon (Netuno), o senhor dos mares. A associação aos dois mitos explica-se por Atena ter nascido à margem de um lago, precedendo ao relâmpago e ao raio que trazem a chuva. É a deusa da luz antes da tempestade, que ilumina o céu antes de transbordar as suas nuvens, assim com Poseidon domina os mares e os seus maremotos. É a deusa do orvalho, elemento úmido que protege a agricultura contra o frio seco da noite. Os elementos úmidos da deusa dão a aproximação ao deus dos mares.
Gigantes, Zeus tornou-se o senhor dos deuses e dos homens, tomando como primeira esposa Métis, a Prudência. Quando a deusa esperava o primeiro filho, Zeus soube através do oráculo de Gaia que nasceria uma filha. O oráculo profetizou ainda, que da segunda gestação nasceria um filho, que destronaria o pai. Preocupado, Zeus decidiu engolir a esposa. A seguir tomou a sua irmã Hera (Juno) como esposa. Pouco depois, ao encerrar o tempo de gestação da mulher engolida, Zeus, ao passear às margens do lago Tritônis, foi surpreendido por uma dor insuportável na cabeça, como se fosse espetado por uma lança. As pontadas tornavam-se cada vez mais fortes dentro da cabeça do imortal, fazendo o poderoso deus dos trovões emitir um grito que ecoou pelos céus e pela terra. Outros gritos de dor saltaram da boca desesperada do senhor dos deuses. Ao ouvir os gritos de Zeus, todos os deuses do Olimpo correram em seu socorro. Hermes (Mercúrio), o mensageiro dos deuses, ao ver a aflição de Zeus, saiu em busca de Hefestos (Vulcano), o ferreiro divino. O deus dos vulcões e do ferro, ao ver a cabeça do pai vibrando, como se dela quisesse sair algo muito grande, golpeou-a com um machado de ouro. Da
ferida aberta por Hefestos surgiu uma mulher belíssima, empunhando o escudo e a lança, nos quais materializava o raio que iluminava a altura etérea e divina; vestia uma reluzente armadura, representando os meteoros e os fenômenos luminosos da natureza; e, ainda, o elmo de ouro na cabeça, reluzindo-lhe a proteção da inteligência diante das batalhas nas guerras. Naquele momento, o céu relampejou, o lago explodiu em ondas. Zeus ficou radiante com a beleza da filha surgida do seu crânio. Nascia a deusa da sabedoria e da guerra estratégica.
Ao ser associado à sabedoria, o mito de Atena contrasta com a sua função guerreira. Na visão grega, havia duas vertentes em uma guerra: a batalha, que representava a luta corporal, o sangue vertido, a utilização da força; e, a estratégia ou arte bélica, que define a vitória. Ares é o responsável pela batalha, pela força nela empregada, pelo massacre sem propósito. Atena é a deusa da arte bélica, da inteligência das estratégias, dos ideais elevados da luta, da vitória justa e racional diante do inimigo. É a deusa defensora perpétua dos gregos.
a o armazenamento dos alimentos. É a deusa dos oleiros, ensinando-os a guardar o óleo.
Várias foram as atribuições civilizadoras legadas a Atena. Teria sido a deusa quem ensinara às mulheres gregas as técnicas de fiar, tecer e bordar. Atena era uma exímia tecelã, tecendo os mais belos bordados do Olimpo. A lenda que conta a história de Aracne reflete os dons da deusa. A mortal Aracne era filha de um modesto tintureiro de Cólofon. Tinha o dom de tecer os mais belos bordados de todos os mortais. Seu talento atraia todos os olhos, homens de toda a Grécia vinham ver e comprar os seus trabalhos. As Ninfas deixavam os bosques para admirar a beleza mágica dos mantos bordados pela mortal.
uzia a rivalidade existente entre os atenienses e um povo originário da ilha de Creta, onde florescia uma crescente indústria têxtil primitiva.
Sendo amplamente cultuada em toda a Grécia, várias eram as festas oferecidas à deusa. Seu culto espalhou-se de Atenas, passando pela ilha de Rodes, chegando a Saís, no Egito. Possuía três grandes templos que lhe eram consagrados, sendo o mais suntuoso o Partenon, na Acrópole.
rei fundador de Atenas. Aglauro teria sido transformada em pedra pelo deus Ares, deixando o cofre sozinho, sendo este encontrado pelas irmãs da princesa petrificada. Quando abriram o cofre, as princesas enlouqueceram ao ver o monstro recém-nascido, atirando-se do alto da Acrópole. Uma gralha branca assisitiu ao infortúnio das filhas de Cécrope, indo relatar a tragédia a Atena, que se encontrava no meio de uma batalha. No calor da luta, Atena revoltou-se, tingindo de negro as penas da ave, proibindo que as gralhas voltassem às proximidades de Atenas. A lenda evidencia a importância que o mito de Atena dá ao culto da castidade, preservada mesmo diante do assédio dos deuses.
Nas artes, Atena teve grandes representações, sendo mais significativas as esculturas atribuídas a Fídias (500? a.C. – 432? a.C.). Nenhuma escultura original chegaria aos tempos atuais, tendo apenas cópias. No maior templo consagrado à deusa, o Partenon, em Atenas, encontrava-se a Atena Partenos, escultura de Fídias, toda feita em ouro e marfim. A deusa é representada vestida com uma túnica, aberta em um dos lados, apertada na cintura. No peito tem a égide guarnecida de escamas, ladeada por serpentes, trazendo a cabeça da Górgona no centro. Na cabeça traz um capacete com a esfinge e dois grifos, animais metade leão, metade águia. Na mão esquerda porta a lança e o escudo, onde está representado o combate dos gregos contra as Amazonas; atrás do escudo a figura do monstro Erictônio. O braço direito está estendido para frente, sustentando uma pequena Nique (Vitória) alada, posta obliquamente, parecendo voar à frente da deusa. Uma versão moderna da estátua foi erigida na frente do parlamento austríaco.
Em Roma, o mito de Atena foi identificado com o de Minerva. Os romanos veneravam a deusa como protetora da oliveira, médica, divindade da vitória, inspiradora dos políticos e dos poetas.

A origem do mito de Hera é incerta, sendo descartada a idéia de ser uma divindade indo-européia, podendo ter sido trazida para a Grécia antes da invasão dos aqueus. Originalmente era mais uma das várias deusas-mães das antigas civilizações, sendo elevada à condição de esposa de Zeus, o todo poderoso senhor do Olimpo, tornando-se assim, uma entidade de consagrada importância dentro dos cultos pagãos gregos. Nas venerações mais primitivas à divindade, era-lhe atribuída a responsabilidade do nascimento, do bom parto, conforme o mito era desenvolvido, tornava-se protetora do matrimônio.
marido, a rainha de todos os deuses do Olimpo.
Hera assumia, diante do mito, a personificação da esposa ideal grega, que exigia de forma explícita a fidelidade do marido, fator fundamental para o equilíbrio do casamento. Se Hera reflete o lado tranqüilo e fiel do matrimônio, Zeus, por sua vez era o pai dos deuses e dos heróis gregos. Senhor absoluto do universo, cabendo a ele dar vida a uma prole sagrada e numerosa. Ao lado da esposa, o sentido procriador de Zeus é anulado, restrito à madre limitada da deusa. Diante das limitações, Zeus é um deus vulnerável às paixões, nascendo delas uma prole de grandes mitos, acendendo a ira e os ciúmes da esposa.
não acender a ira do marido ao gerar um filho deficiente, Hefestos, que nasceu coxo, ela atira o recém nascido do alto do olimpo, rejeitando-o. Enciumada por Zeus ter gerado sozinho a bela Atena (Minerva), deusa da sabedoria, ela pede para que Gaia (Terra), conceda-lhe o poder de gerar sozinha um ser. Nasce Tifão, o monstro. As duas lendas personificam a preocupação dos gregos com as imperfeições genéticas. Tifão alimenta o princípio grego de que uma mulher sozinha é incapaz de gerar um ser perfeito. Hefestos resulta na preocupação dos gregos diante das deficiências genéticas dos filhos de casamentos entre parentes, Hera e Zeus são irmãos, daí a necessidade de demonstrar os perigos dessas uniões. É a forma mística, através dos deuses, de explicar à civilização antiga as falhas da genética.
O mito de Hera não ressalta a boa mãe, tão pouco a esposa ideal. É vingativa com Zeus, quando por ele é traída. Por várias vezes abandona o marido e o posto de rainha do Olimpo, como forma de punição às traições constantes que sofre. Mas, como exemplo do matrimônio perfeito, sabe ceder ao marido, e, para ele voltar quando aplacada a sua ira. Por seu lado, também Zeus volta arrependido aos braços da mulher, tão logo passa o torpor passional e, cumpre o papel de deus fecundador e pai de todos os mitos.
por Hera, assim como Héracles (Hércules), filho do amor roubado entre Zeus e Alcmena.
Senhora absoluta do matrimônio, defensora perpétua da fidelidade conjugal e dos seus valores morais dentro da sociedade grega, Hera era venerada no alto das montanhas, concentrando-se essencialmente no Peloponeso e regiões adjacentes. Em Argos encontrava-se o principal centro de seu culto. O fato deve-se à lenda em que tinha dado a Argo, ser mitológico que possuía cem olhos, de vigiar a rival, Io, metamorfoseada em novilha. Para livrar a amante de tal martírio, Zeus pediu a Hermes (Mercúrio), que a libertasse. Com uma faca, Hermes cortou a cabeça do vigilante. Ao ver a cabeça de Argo inerte no campo, Hera esbravejou contra os deuses, soltando grandes gritos de dor. No meio da dor, a deusa transformou os cem olhos do guardião nas penas de uma bela ave, que chamou de pavão. O pavão foi representado em várias obras de arte ao lado da deusa, tornando-se a sua ave predileta.
Em Roma o mito de Hera foi assimilado ao da já existente Juno, esposa fiel do poderoso Júpiter. Os romanos deram à deusa diversos atributos, ampliando as suas funções divinas e protetoras. As várias faces de Juno, suas funções extensas, fizeram os romanos atribuir-lhe vários epítetos, sendo eles:
Os mitos de Dédalo e Ícaro, pai e filho respectivamente, representam a evolução da arte e da arquitetura na Grécia antiga. O desejo do homem em superar as limitações físicas, através da genialidade criativa do homem, gerando os alicerces da tecnologia evolutiva, emprestando ao mortal o poder de ir e de vir com ajudas inventadas por ele, desafiando os deuses através da sua mente inventiva.
Filhos de Gaia (Terra) e de Urano (Céu), os Titãs representam as forças tempestuosas da natureza, constituindo a primeira geração olímpica a governar o universo. São doze irmãos impetuosos e trágicos, sendo seis deuses e seis deusas, chamadas de Titânias. Sua importância na Grécia antiga foi mais mitológica do que religiosa, não tendo sido cultuados como elementos protetores, mas como divindades cosmogônicas. Às Titânias coube um destino mais favorecido, vistas como divindades alegóricas, aos Titãs foi reservado o destino trágico. De todos eles, Cronos (Saturno) e Prometeu foram os mais importantes e famosos, sendo o último uma segunda geração de Titãs.
Quando Roma tornou-se a cidade mais importante do mundo, era preciso que se lhe desse uma origem mítica e esplendorosa, que deixasse aquém a verdade de ter sido fundada por simples pastores. Desprovidos da tradição escrita na época da fundação, a Roma emergente, poderosa e dona do mundo antigo, utilizou-se da tradição oral para explicar poeticamente, através de várias lendas existentes, o seu nascimento.
De todas as divindades do Olimpo, nenhuma recebeu tantas honras na Grécia antiga quanto o deus Apolo. Filho de Zeus (Júpiter) e Leto (Latona), o deus passou a ser, através dos tempos, a principal divindade cultuada pela civilização helênica. Aos poucos, várias funções foram atribuídas a ele, fazendo com que adquirisse várias faces.
A civilização grega evoluiu no domínio da filosofia, da arte e na percepção de encontrar a personificação da beleza suprema e da harmonia. No contexto da inspiração humana, os gregos consideravam a arte e a beleza dons divinos, provenientes dos deuses, que em determinado momento de generosidade transmitia-os aos mortais, através de entidades específicas.








